[Crítica] Far Cry: New Dawn – Mais do mesmo em grande estilo!

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[Crítica] Far Cry: New Dawn – Mais do mesmo em grande estilo!

Por Lucas Rafael

Pouco menos de um ano após o lançamento de Far Cry 5, a Ubisoft lança a sequência/derivado New Dawn, que se ambienta no mesmo mapa do game anterior, uma bomba nuclear e 17 anos depois.

Trazendo novos inimigos, armas e criaturas, será que a Hope County pós-apocalíptica de Far Cry merece uma visitinha sua?

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Ficha Técnica

Nome: Far Cry: New Dawn

Plataformas: Microsoft Windows, Xbox One, PlayStation 4

Gênero: Jogo eletrônico de ação e aventura, Tiro em primeira pessoa

Publicadora: Ubisoft

Data de lançamento: 15 de fevereiro de 2019

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Far Cry: New Dawn não é nenhuma novidade.

Se você jogou qualquer título da franquia a partir do 3, é difícil afirmar que o conteúdo oferecido neste novo pacote guarda qualquer tipo de surpresa. Não quer dizer que seja, no entanto, um jogo mal-feito ou tosco. Mas sim que ele se encontra em um terreno seguro. Seguro demais para o seu próprio bem.

O game se ambienta após a bomba nuclear de Far Cry 5, reciclando o mapa do título anterior e alterando elementos familiares para casar com a decrepitude do recém-chegado apocalipse.

A Ubisoft sabe que tais mudanças não são o suficiente para se cobrar por um jogo inteiro, e o preço reduzido de New Dawn denuncia o status do produto como uma “DLC de luxo”.

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Têm alguns anos que Far Cry é Far Cry da mesma maneira que Assassin's Creed é Assassin's Creed.

Uma fórmula de mundo-aberto e jogabilidade já pronta se desenha na sua cabeça ao ouvir falar destes títulos. São franquias que predam no sucesso enorme de seus antecessores para se fazerem valer. São jogos que dependem de uma receita de bolo que os desenvolvedores e consumidores já decoraram. Por sorte o bolo final é geralmente gostoso e muito bonito. Mas tem um problema: açúcar demais é meio enjoativo.

Esse enjoo se mostra na forma do sentimento de saturação, entornado ainda mais pelo fato de que poucas coisas nesses jogos são alteradas para respirar uma lufada de ar fresco à franquia.

Far Cry: New Dawn até traz sua parcela de novidades para o DNA da marca, mas nada efetivamente radical que vá converter os não devotos.

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Se você gosta de Far Cry e tem a franquia no seu panteão de jogos favoritos; se Far Cry é o tipo de jogo que melhor conversa com suas sensibilidades gamers, New Dawn é o seu jogo do ano. Ele faz exatamente o que você espera de um Far Cry.

Ele traz o vilão imponente. Desta vez vilãs, Mickey e Lou, que se apresentam de maneira cruel logo no início do game. Elas lideram uma milícia, os Salteadores, que oprime a Hope County pós-apocalíptica.

Você é acolhido por uma espécie de resistência. Tal resistência deve alistar profissionais e coletar recursos para se tornar forte a ponto de bater de frente com os Salteadores.

Troque Mickey e Lou por Pagan-Min ou Vaaz Montenegro e a Hope County por montanhas frias ou selvas tropicais e você tem, no fundo e no raso, jogos extremamente parecidos. Afinal, é isso que a marca Far Cry vende. Tiroteios em locações exóticas e líderes extremistas versão video-game.

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A jogabilidade. Você corre, desliza, mira e atira. Circula entre suas armas, existem explosivos e é tudo muito responsivo, amarradinho.

Dá pra construir armas com uma pegada mais artesanal em New Dawn. Elas são divertidas. É difícil não se divertir desferindo serras voadoras contra uma base de inimigos.

Para tomar os postos avançados, ainda é possível fazer as coisas do seu jeito. Seja se esgueirando ou descendo o pipoco no melhor estilo Rambo.

Far Cry sempre foi uma franquia flexível em lidar com o estilo dos jogadores, dos mais discretos aos mais explosivos.

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Existe um senso de continuidade legal entre Far Cry 5 e New Dawn. Você revisita velhos conhecidos, vê em que pé eles andam depois da bomba-atômica. Até Joseph Seed dá às caras. Ainda assim, a história não faz lá nada de muito memorável ou brilhante. É um feijão com arroz que dá pra engolir.

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A graça aqui está em como sua criatividade afeta a jogabilidade.

Existem alguns companheiros que você desbloqueia para te acompanharem pós-apocalipse adentro. Meu favorito sendo o cachorrinho Timber. Ele é muito bom em detectar e derrubar inimigos, sendo um excelente e leal amigo canino que encontra itens e eventualmente luta contra ursos e demais criaturas selvagens em minha defesa. Timber. Bom garoto.

Existem alguns elementos de RPG agora também. Nada muito complicado, e a falta de profundidade faz com que essas novas funções pertinentes à armas e seus níveis sejam... sem gosto. Tá ali, sabe?

Existem micro-transações também. Dá pra aproveitar o suprassumo de New Dawn sem recorrer à elas, no entanto.

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Novamente, é possível pilotar diversos veículos, estes que você pode melhorar em sua base. Existe bastante coisa para se fazer em New Dawn, tudo passando numa nota de corte. É tudo aceitável, agradável. Dificilmente surpreendente.

Existe um modo multiplayer cooperativo que tende a ampliar o fator diversão do jogo. Afinal, qualquer coisa é mais divertida com amigos.

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O gráfico é bonito, nada revolucionário. A direção de arte no entanto, merece reconhecimento. Sai a paleta cinzenta e melancólica que normalmente dá o tom da falta de esperança pós-apocalíptica e entra uma pletora de colorações vibrantes, um carnaval de cores que se estende dos personagens às criaturas e folhagens. O caráter lisérgico e alucinante desta ambientação pontualmente surpreende. Trata-se definitivamente de um pós-apocalipse diferenciado.

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New Dawn é um produto aceitável que rende boas horas de diversão. O jogo não reinventa Far Cry ou o gênero de tiro em primeira pessoa. O jogo não parece nem preocupado com isso. Por isso o adjetivo “produto”.

New Dawn foi feito com competência para passar numa nota de corte, para ser algo prestativo que cumpre o que promete sem necessariamente surpreender.

Embora sua direção de arte seja estilosa e vibrante, o jogo em si é mais um Far Cry, para o bem ou para o mal. Se você curte a franquia, vai curtir mais esta oferenda. Se você se sente saturado, não é aqui que você vai encontrar a lufada de ar fresco que procura.

A nota de Far Cry: New Dawn é três estrelas de cinco. É um jogo prestativo e eficiente. Mas dificilmente surpreendente. Um produto que cumpre o seu propósito.