[CRÍTICA] Esquadrão Suicida – Os heróis são os piores, o filme nem tanto!

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[CRÍTICA] Esquadrão Suicida – Os heróis são os piores, o filme nem tanto!

Por Márcio Jangarélli

Atenção: Alerta de Spoilers!

E aí, Esquadrão Suicida é bom? É ruim? É tão ruim que chega ser bom? Confira na nossa crítica sobre o filme!

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Ficha Técnica

Título: Esquadrão Suicida (Suicide Squad)

Lançamento: 4 de Agosto de 2016

Elenco: Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie, Viola Davis, Cara Delevingne, Joel Kinnaman, Jai Courtney, Jay Hernandez, Karen Fukuhara, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Adam Beach, Ben Affleck

Direção e Roteiro: David Ayer

Gêneros: Ação, Fantasia, Aventura

Classificação: PG13

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Dois?!

A primeira coisa que precisa ser estabelecida sobre Esquadrão Suicida antes de se começar a falar sobre a produção é: são dois filmes em um e, mais uma vez, a DC precisa mudar sua agência de marketing urgentemente. Assim como qualquer outra crítica/review vai colocar, o início com “Amanda Waller e seus amiguinhos” é extremamente frenético, não de uma forma ruim, mas passa por um desenvolvimento entediante em seu segundo ato falho e, na fatia final, voltamos à loucura que deu o ponta pé inicial no longa (e explodiu sua divulgação).

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Problemas

Se o filme seguisse seu começo, frenético, fazendo uma mistura de explosão de cores, trilha-sonora bem casada e clássica, com o clima pesado da história, essa seria uma produção 4 estrelas ou mais. O grande problema de Esquadrão Suicida, David Ayer e da Warner não são atuações ruins, furos em roteiro ou trama fraca - pelo menos não totalmente. O que mina a Força Tarefa X é não se encontrar, não ser corajoso o suficiente para manter um clima surtado do começo ao fim, ou de se manter na premissa - que parece ser a original - de construir uma trama muito mais pesada e gore, também podada pela classificação PG13. São dois filmes bem delineados dentro de mais de duas horas de duração quando precisávamos apenas de um.

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Simpatia pela diaba

Colocando esse problema de lado, o filme tem seus grandes acertos. Seu início frenético, com a apresentação dos criminosos aliada à discussão de Amanda Waller com os oficiais no restaurante, é muito divertido e realmente gostoso de se assistir.

Vale nota para as trilhas sonoras, principalmente no caso da Arlequina, com a versão original de “You Don’t Own Me”, que ganhou uma releitura modernizada no álbum oficial do film. Também vale destaque a chegada da Waller, da Viola Davis, com “Sympathy For The Devil”, dos Rolling Stones, mostrando a personagem exatamente como ela é.

O Pistoleiro, do Will Smith, e a Dra. June Moon/Magia, da Cara Delevingne, também se destacam no começo (no caso da Magia, apenas no começo), dando esperanças falsas para o que está por vir. Com vários grafismos remetendo à divulgação colorida do longa, o começo parece um grande, elaborado e maluco vídeo musical, da melhor forma possível.

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Corpo a corpo

Nos pontos altos do filme, ainda podemos apontar as batalhas corpo a corpo, muito bem executadas. Ainda que, em alguns momentos, a direção tenha usado truques bem clichês para disfarçar problemas, como câmera lenta, pouca luz e fumaça.

O final da trama também é uma injeção de positividade no longa, depois de seu meio arrastado, quando a última batalha é bem feita, emocionante e abre as portas para o final com "Bohemian Rhapsody" ao fundo..

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E o Amarra?

Precisamos falar sobre alguns personagens específicos. Primeiramente, os dispensáveis. Todo mundo sabia que o Slipknot, ou Amarra, iria morrer depois de duas cenas, mas também não precisava esculachar. O personagem nem é apresentado, não cria empatia nenhuma e, quando sua cabeça vira pó, ninguém liga.

E qual foi a relevância do Capitão Bumerangue na trama, a não ser mostrar uma cameo com um CGI bem suspeito do Flash no começo do filme? Crocodilo, que alguns apostavam como alívio cômico, se ganhou duas cenas boas, foi muito. Isso sem contar a caracterização desproporcional do personagem, com sua cabeça cheia de próteses, enorme, para um corpo bem menor.

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HAHAHAHAHAHAHA

E o momento que todos esperavam, Jared Leto nos mostrou seu Coringa e, bom, ao contrário do que os trailers mostravam, ele não teve tempo o suficiente para nos dizer se a sua versão do Palhaço é extremamente boa ou não.

Em certo ponto, Leto foi muito bem acertado no filme, servindo apenas para a construção da Arlequina. Porém, não foi isso que nos foi vendido, certo? Todos esperavam muito Coringa, depois da divulgação pesada em cima do nome do ator e do vilão e, no fim, se ele ganhou 15 minutos de tela já é um chute alto.

Analisando o que temos, Leto entregou um Coringa muito diferente, sentimental, quase um pierrô. E isso não é ruim, só precisávamos ver um pouco mais. De certa forma, os papéis foram invertidos aqui, quando o Palhaço teve seu dia de Arlequina, correndo para resgatar seu pudinzinho.

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Harleen

Falando sobre a Arlequina, por mais que alguns tenham achado a Harley de Margot Robbie afetada demais, a moça deu um show no papel, lembrando muito a personagem da animação do Batman dos anos 90. E uma das cenas mais lindas do filme veio dela com seu pudim, com seu visual original, fazendo a melhor referência possível para a arte clássica do Alex Ross.

Além da Arlequina, o Pistoleiro do Will Smith foi bem vendido e teve algumas das melhores cenas do filme, dando um ar até mais atrativo para o personagem que sua versão dos quadrinhos. E a Katana? Bom, a samurai tem potencial, apareceu mais do que muitos esperavam, mas teve algumas pontinhas de estereótipo e foi bem desperdiçada. Pobre Katana.

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Não é Magia, é tecnologia

Sobre negativas, dá para ser bem direto aqui: os vilões foram fracos, muitas piadas foram forçadas e as mortes foram completamente covardes. Quem aí não apostava em Amarra e El Diablo para morrer desde o anúncio do elenco? Ainda, não fizeram nem esforço para tentar minimizar a discrepância entre os atos do filme, uma atitude muito preguiçosa.

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Voz de Deus

Para fechar, não podemos deixar de falar sobre a voz de Deus, Amanda Waller, interpretada por Viola Davis. Como já se era esperado, a atriz deu um show no papel, encarnando uma Waller fria, calculista, sádica e poderosa. Não poderia existir uma adição melhor ao Universo DC.

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Foi bom ser mau

Esquadrão Suicida é divertido. Ponto. Não é o melhor filme de super-heróis que você vai ver e também não será o pior. Poderia ter sido mais. Muito mais. Gigantesco. Foi mediano e, ainda assim, é um passo enorme para a DC nos cinemas, que está aprendendo com erros berrantes como construir seu Universo Cinematográfico.

Sem entrar no mérito de brigas internas, da direção de David Ayer e das partes que foram claramente regravadas e reeditadas, vale a pena gastar alguns minutinhos com a Força Tarefa X. Realmente é bom ser mal, pelo menos por 2 horas.

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O meu é maior que o seu

PS: Sobre a cena pós-créditos, por mais que tenha sido uma redundância, afinal foi um resumo do que Batman vs Superman tentou fazer com quase três horas de filme, ver Amanda Waller confrontando o Batman é sempre uma coisa magnífica. O dela sempre será maior que o do Bruce.