[CRÍTICA] IT: A Coisa – O melhor terror do ano!

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[CRÍTICA] IT: A Coisa – O melhor terror do ano!

Por Gus Fiaux

Um dos lançamentos mais aguardados do ano, IT: A Coisa é a mais nova adaptação cinematográfica da obra literária de Stephen King. A história – que já foi adaptada em uma minissérie na década de 90 – traz um grupo de crianças se voltando contra o maldito Pennywise, o Palhaço Dançarino, uma entidade demoníaca que aterroriza a cidade de Derry a cada 27 anos.

E apesar dos olhares desconfiados de alguns, podem ficar tranquilos. É, sem dúvidas, o melhor horror do ano, assustando de uma forma inacreditável e fazendo jus ao personagem tão cultuado na cultura pop.

Créditos: Warner Bros.
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Ficha Técnica

Título: IT: A Coisa (IT)

Ano: 2017

Lançamento: 7 de setembro (Brasil)

Direção: Andrés Muschietti

Classificação: 16 anos

Duração: 135 minutos

Sinopse: Um grupo de crianças excluídas se junta quando um monstro – que toma a forma de um palhaço – passa a sequestrar e devorar pessoas na cidade de Derry, no Maine.

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Para muitos fãs, a obra de Stephen King é irretocável. Mesmo as adaptações mais brilhantes, como O Iluminado de Stanley Kubrick, dividem opiniões e são controversas no gosto do autor. Felizmente, com IT: A Coisa, temos um filme que deve agradar não apenas os críticos e o público, como também já agradou o próprio King.

Desde a primeira imagem oficial, o Pennywise de Bill Skarsgård vem sendo bastante comentado e os trailers apenas ajudaram a aumentar sua popularidade. Agora, com o lançamento do filme, vemos que ele é tão assustador - se não até mais - que Tim Curry, na popular minissérie exibida em 1990.

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IT: A Coisa não perde tempo com o desnecessário. O filme faz um excelente trabalho desenvolvendo seus muitos protagonistas em cenas atreladas aos seus medos mais profundos. Ao mesmo tempo, essa construção é entrecortada com a presença de Pennywise, que assume diversas formas diferentes para se alimentar do medo das crianças de Derry.

E o filme já ganha seu público na primeira cena, que mostra o palhaço atraindo e devorando Georgie Denbrough, de uma forma brutal e extremamente violenta. A cena define bem o tom de todo o filme, que apesar de ser iluminado por momentos brilhantes de humor, jamais perde a essência que o torna um grande pesadelo cinematográfico - no melhor sentido da expressão.

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Aliás, falando de humor, o filme é surpreendentemente engraçado. Boa parte disso se deve à relação fantástica entre o elenco, que possui uma química muito boa. Finn Wolfhard - de Stranger Things - se destaca no papel de Richie Tozzie, um menino extremamente boca-suja, mas cheio de camadas que o tornam um personagem muito complexo.

Outro destaque brilhante é Sophia Lillis como Berverly Marsh. A jovem é, provavelmente, a melhor atriz do filme - ao lado de Skarsgård como Pennywise -, trazendo uma emoção real para seu papel, que possui origens sombrias e uma tristeza interior muito carregadas de nuances narrativas.

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Por outro lado, há alguns personagens que apresentam pequenos defeitos. Stanley, de Wyatt Oleff é o principal dentre eles. Ele não possui uma subtrama relevante e acaba sendo carregado no filme. Outro que, apesar de ter uma história muito instigante, acaba aparecendo pouco é Mike, interpretado por Chosen Jacobs.

Ainda assim, nada estraga a experiência do filme, especialmente quando o restante do elenco está muito bom. Jaeden Lieberher está brilhante no papel do gago Bill Denbrough, assim como Jack Grazer arrebenta como o hipocondríaco Eddie. O esperto Ben de Jeremy Taylor é outro ponto positivo, ainda que seu arco no filme seja um tanto quanto decepcionante.

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O roteiro, por sua vez, é econômico e eficiente. A história evita criar subtramas desnecessárias e elementos que "sobram" em meio à trama principal. Em vez disso, tudo diz respeito à narrativa de Pennywise e como isso afeta as crianças. Por conta disso, o ritmo do filme é bem rápido, apesar de suas duas horas e quinze minutos de duração.

E se por um lado, o roteiro é um espetáculo à parte, o diretor Andy Muschietti torna ele digno dos mais sinceros aplausos graças ao seu trabalho. O filme é esteticamente perfeito, não apenas em termos de fotografia e enquadramentos, mas também em sua perfeita direção de arte, cenografia e uso de efeitos visuais.

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No que diz respeito ao horror mais profundo, o filme faz um trabalho que está cada vez mais escasso na indústria de filmes de terror comerciais atual. Ele não apenas lota a tela com os mais variados e criativos jump scares - aliás, vale lembrar: há muitos deles -, como também desenvolve um horror psicológico atrelado a um suspense que cresce gradativamente, criando medo verdadeiro.

Um recurso do livro que foi brilhantemente adaptado para as telas foi a capacidade do palhaço de se transformar no que quiser. Dessa forma, por mais que Pennywise seja a forma mais assustadora do filme, temos zumbis e criaturas deformadas o suficiente para compor uma história cheia de monstros assustadores e memoráveis.

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Por conta disso, diversas cenas de IT: A Coisa são recheadas com sustos cada vez maiores. Destaque para a primeira aparição da mulher-torta, a cena - parcialmente vista no trailer - de Pennywise aparecendo no projetor, e toda a sequência final do filme, que traz um confronto divertido e amedrontador.

Aliás, um fato interessante a ser comentado é que, diferente de outros filmes do ano, como Annabelle 2: A Criação do Mal, o filme consegue fazer cada jump scare ser marcante e distinto, de forma que o público provavelmente não irá se cansar de pular na cadeira. Ponto positivo também pela ausência de sustos falsos.

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Dessa forma, mesmo que apresente alguns erros em relação à sua narrativa e ao desenvolvimento e arco de alguns personagens, IT: A Coisa se mantém um filme muito recompensador. Cada minuto gasto envolvido na história vale a pena, além de trazer elementos evocativos da obra original de King, com os cortes necessários para fazer a trama fluir.

Para os que gostavam tanto da minissérie da década de 90, terão aqui um trabalho mais enxuto, sem a presença do núcleo adulto dos personagens. Mas ainda assim, por focar-se apenas em um período temporal, o filme não encontra apenas consistência, como também se torna mais intrigante e nostálgico.

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Em resumo, IT: A Coisa é um filme assombroso. Permeado por um suspense macabro e um humor bem dosado, graças às fenomenais atuações de seu elenco infantil, é certamente um dos grandes destaques de 2017, e - arrisco a dizer - é o melhor filme de horror do ano.

Fãs do livro de Stephen King devem gostar da adaptação, bem como os fãs da minissérie da década de 90 estrelada por Tim Curry. Mas mais do que isso, é um filme que impacta e sedimenta sua reputação, o que pode nos trazer bons frutos no futuro caso os planos para a adaptação da segunda parte sejam executados!

NOTA: 4,5/5.