[CRÍTICA] Bayonetta – Vai malandra!

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[CRÍTICA] Bayonetta – Vai malandra!

Por Felipe Vinha

Quando Bayonetta surgiu, causou certa estranheza. A personagem era inédita e aceitação não parecia ser imediata. Apesar de vir da mente de Hideki Kamiya, que já havia criado grandes jogos no passado, o jogo ainda precisava se provar entre os maiores títulos de ação na época – vale lembrar que, quando saiu, em 2009, já existiam produtos como Devil May Cry (do próprio Kamiya!) e God of War.

Mas não é que a história foi feita?

Bayonetta se provou um game extremamente divertido e bem trabalhado. Provando que há espaço para novas protagonistas nos games, principalmente mulheres, e também mostrando que o mercado japonês ainda pode criar novas marcas, criativas e interessantes.

Alguns anos depois, Bayonetta está de volta, agora no Switch, com uma versão “remasterizada”…? Talvez este não seja o termo correto. Mas o relançamento não deixa de ser uma boa pedida para os fãs.

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Ficha Técnica

Nome: Bayonetta

Plataformas: Switch

Gênero: Ação

Quantidade de jogadores: 1

Estúdio: Platinum

Publicadora: Nintendo

Data de lançamento: 16 de fevereiro de 2018

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Quem é essa mulher?

Bayonetta é uma bruxa que pertence a uma ordem milenar e, aparentemente, tem um passado sombrio que prefere esquecer… Ou será que não tem opção? A história do game começa de forma indireta, nos apresentando a personagem como uma figura quase invencível, mas alguns detalhes de sua história estão bastante encobertos.

Além de ser uma bruxa, ela é uma espécie de metamorfa, com o poder de assumir formas para partes de seu corpo, como seu cabelo. Ela é capaz de invocar um ser que consome seus inimigos, além de ser extremamente flexível. Após 500 anos de sono forçado, ela despertar e começa a receber tarefas de uma figura que alega saber um pouco mais de quem ela é, com promessas de recompensas e verdades.

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Mas Bayonetta por quê?

Bayonetta é uma figura que pode causar certa estranheza. Ela nem mesmo tem proporções de um ser humano natural. Isto, claro, por ela não ser exatamente humana. Ainda assim, é uma figura feminina. Da mesma forma que Dante, em Devil May Cry, a heroína foi criada para ser uma personagem familiar, mas com atributos extremamente exagerados.

Você percebe isso logo nos primeiros minutos de jogo, onde vemos a “heroína” eliminar seus inimigos, que são anjos, com pistolas que ficam anexadas em seus pés e em suas mãos, ao som de Fly Me To the Moon – sim, esta música. Tudo nesse jogo é excêntrico, a começar pela sua protagonista, da exata forma que um game de Hideki Kamiya deve ser. Se você jogou Devil May Cry ou Viewtful Joe, sabe mais ou menos como é o clima.

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Jogabilidade em combos

A jogabilidade em Bayonetta segue bem o estilo clássico de “hack’n slash”, ou seja, o bom e velho: anda e bata no inimigo mais próximo. No caso aqui, inúmeros inimigos que ficam espalhados pelo cenário. Os comandos básicos fazem com que a personagem ataque com golpes físicos e também com suas pistolas, mas é possível realizar combos, que ficam mais elaborados com o tempo.

E com o tempo também que vem o costume. Os combos começam fáceis, mas gravar cada um pode ser um pouco penoso. O jogo, porém, tem uma certa progressão natural nesse sentido. Além disso, a versão Switch tira proveito da tela sensível ao toque do aparelho – alguns golpes podem ser ativados com o arrastar dos dedos, dependendo da direção.

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Variações

As variações da jogabilidade em Bayonetta vão um pouco além dos combos básicos. O game é de pancadaria, mas não só isso. Há exploração, quebra-cabeças simples, batalhas contra chefões que vão exigir de você um esforço além de apenas apertar botões sem parar. Enfim, um game que verdadeiramente testa suas habilidades gerais.

Bayonetta evolui também de forma calculada. Coletando itens que caem dos inimigos derrotados te permitem comprar melhorias para os golpes, novos combos, mais armas para a personagem, entre outros elementos que vão te deixar mais forte e facilitar sua vida. É claro que o jogo se equilibra conforme sua evolução, mas você vai adquirindo experiência.

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Tudo no toque

Jogar na tela sensível ao toque do Switch vai além de fazer combos, porém. Há também movimentos para avançar nos cenários ou opções de itens que são ativados pelo toque na tela. Mas antes, vale lembrar o seguinte: essa adição só funciona quando o game está rodando no modo tablet. Com o console “dockado”, ou seja, ligado na TV, não é possível utilizar as funções.

Ainda assim, estas foram adições muito interessantes e dão todo um novo ritmo para quem gosta de jogar em qualquer lugar – o que é, claro, uma das grandes vantagens do aparelho. Não só deixa o jogo mais prático, já que nem sempre você vai lembrar dos combos. Uma boa forma de facilitar sem deixar muito bobo.

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Mas…

Mas seja no toque ou nos comandos normais, é de se admitir que Bayonetta não é um jogo tão acessível. Apesar de estar em um console como o Switch, que é conhecido por ser uma plataforma de maior abrangência, que possivelmente agrade um público mais casual. Desde que foi concebido – em aparelhos como PS3 e Xbox 360 – o jogo não prezou pela simplicidade.

A “reclamação” aqui, que nem chega a ser exatamente uma reclamação: é que o primeiro Bayonetta pertence a outra época. Já existe toda uma nova geração de jogadores e o game deve causar um certo conflito com este tipo de jogador mais novo. E, por mais que discordemos, os títulos devem sempre ser acessíveis, algo que não acontece por aqui.

Reforçando: não é um defeito, fica mais para um tipo de “alerta”.

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Mesmo assim!

O restante de Bayonetta é uma maravilha. Além da jogabilidade ser extremamente caprichada e o jogo ter envelhecido bem em quase todos os aspectos, ele tem qualidades técnicas impressionantes, mesmo comparando a games mais atuais. O legal também é que essa edição tem alguns extras, como roupinhas temáticas para a personagem de Zelda, Metroid e Peach (de Mario), que já existiam na versão Wii U, mas é bom rever por aqui.

Sua trilha sonora está um nível acima de qualquer outro do gênero e a narrativa, ao mesmo tempo que é cinematográfica, tem uma divisão de capítulos que te deixa respirar, bem situada e bem direcionada – que não te deixa perdido em nenhum momento. O sistema de “savegame” poderia ser melhor, porém, mas nem tudo é perfeito.

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E esse visual de 2009?

Já o visual poderia ter sido um pouquinho melhorado. O jogo saiu primeiro em 2009. Já faz algum tempo. Algumas texturas estão muito fracas, com pouca definição. Mesmo o Switch pode fazer melhor do que isso.

A própria Bayonetta, em alguns momentos, aparece com um visual um pouco “lavado” demais. Mas o bom é que o game não deixa a peteca cair em termos de suavidade. Os quadros por segundo rodam bem, mas a partir daqui é muita “baboseira técnica”, que talvez não interesse a você.

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Conclusão

Bayonetta no Switch é uma ótima conversão e uma grande chance de quem nunca jogou passar a conhecer uma boa obra japonesa. Criação da mente de Hideki Kamiya, este título vai te fazer ficar algumas horas no sofá, sempre tentando avançar para o próximo capítulo ou sofrer na mão do chefão seguinte.

O game tem alguns problemas que vêm com a idade, mas nada grave. De resto, é uma ótima pedida, principalmente por sair mais barato na versão digital ou vir incluso com o segundo título, caso compre a edição física.

Nota: 4 de 5