[CRÍTICA] Batman Ninja – A Bizarra Aventura de Batman

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[CRÍTICA] Batman Ninja – A Bizarra Aventura de Batman

Por Felipe Vinha

Quando Batman Ninja foi anunciado, ele veio acompanhado de diversos questionamentos.

Afinal, teríamos um anime 3D do Batman lançado no Japão e no ocidente? Como seria essa história? De onde saiu essa ideia? Não é algo muito doido, não? Dirigido por japoneses e com toda a estética de animações do lado de lá do mundo, teríamos uma nova interpretação do Homem-Morcego.

Após alguma expectativa, depois de um ou dois trailers lançados, o filme chegou ao mercado e trouxe momentos surpreendentes em sua história e produção.

Leia nossa crítica completa, sem spoilers, e saiba o que esperar!

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Ficha Técnica

Título: Batman Ninja

Ano: 2018

Lançamento: 8 de maio de 2018 (Brasil)

Direção: Junpei Mizusaki

Duração: 85 Minutos

Sinopse: O Cavaleiro das Trevas é transportado para o Japão feudal junto com os seus piores inimigos, graças à máquina do tempo do vilão Gorilla Grodd. Seus arqui-inimigos são senhores feudais que reinam terras divididas e o Coringa está liderando a guerra entre as facções. Sem acesso às suas armas e utensílios, Batman vai depender de suas habilidades e de seus amigos para salvar o local e voltar a Gotham dos dias atuais.

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Uma jornada inesperada

Batman Ninja é um produto inesperado em quase todos os seus aspectos. A DC Comics e a Warner têm se concentrado em lançar animações do Homem-Morcego, mas seguindo uma determinada “linha do tempo”, com exceção de um especial ou outro.

Aqui tudo isso se perde e somos levados a uma história 100% original, deslocada de qualquer linha do tempo e ainda por cima no estilo “anime”, com traços japoneses e narrativa digna das melhores animações disponíveis neste gênero.

E, acredite, o resultado é inusitadamente satisfatório.

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Como ele foi parar lá?

Não pense que se trata de uma história onde o Batman é contado como herói japonês, pois ela começa em Gotham, a cidade do herói. Após lutar contra Gorilla Grodd, o Homem-Morcego é surpreendido com uma máquina que o desloca pelo tempo e espaço, levando-o diretamente para o Japão feudal.

Lá ele descobre que se passaram dois anos desde sua chegada e a chegada de seus aliados e inimigos. Mulher-Gato, Robin, Asa Noturna e, claro, o Coringa, estão todos lá, há bastante tempo, já acostumados com o ritmo japonês de suas vidas e a cultura local.

Logo, Bruce Wayne descobre um plano para alterar a linha do tempo e também nota que sua presença ali não é um mero acaso.

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Que narrativa doida!

Batman Ninja é completamente absurdo. E no bom sentido!

O filme não se leva a sério em momento algum e o espectador também precisa levar isso em conta. Tudo bem que é sempre ruim quando uma produção cinematográfica tem que se justificar perante sua narrativa um pouco menos convencional e este é um ponto fraco do anime. Mas, ainda assim, o resultado final é incrível.

Mas, reforçando: tenha em mente que a história tem várias cenas absurdas e que foram feitas de propósito.

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Nada é o que parece

Ao longo de seus pouco mais de 80 minutos, Batman Ninja te leva em uma jornada sem precedentes, fazendo com que você não saiba o que esperar.

A narrativa quebra vários paradigmas e estruturas clássicas de filme deste tipo, transformando o papel de herói em lenda desde os primeiros minutos da animação e nos levando a uma série de reviravoltas no roteiro, ao longo de sua projeção.

E, vale lembrar, este anime é totalmente diferente daquele lançado pela DC, há algum tempo.

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Mantendo-se fiel às origens

Mesmo que ele tome diversas liberdades narrativas e te coloque em um turbilhão de momentos bem exagerados, Batman Ninja também pode ser apreciado por quem curte os quadrinhos originais do Homem-Morcego.

Talvez a única exceção seja a personalidade de Robin (Damian). Ele está muito amigável, muito feliz e bastante infantil. De resto, contudo, todos os personagens se saem muito bem e de acordo com o que você, eu, nós conhecemos dos quadrinhos da DC Comics, sejam eles heróis ou vilões.

O mais interessante é que todos os conceitos clássicos estão muito bem misturados à cultura japonesa, incluindo elementos que você só vê em seriados da Terra do Sol Nascente – mas que não vamos abordar aqui, para não estragar suas surpresas.

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Diferenças de elenco

Esta crítica se refere à versão ocidental de Batman Ninja que, declaradamente, é diferente da edição oriental – que sai apenas em junho. Contudo, vale notar que a versão japonesa do filme conta com uma série de dubladores famosos nas vozes dos personagens, entre eles Daisuke Ono, Takehito Koyasu, Rie Kugimiya, Wataru Takagi e Koichi Yamadera. Se você é conhecedor de anime, sabe que todos estes nomes estão envolvidos no seriado JoJo’s Bizarre Adventure – segura essa informação!

Na edição norte-americana, e brasileira, os nomes são outros, obviamente. Mas eles também são conhecidos de quem já assistiu qualquer desenho da DC Comics lançados nos últimos anos. A única coisa ruim é que temos muitos atores em mais de um papel. Tara Strong, Fred Tatasciore e Yuri Lowenthal dublam mais de um personagem ao longo do filme, e isso soa como “pressa” por parte da produção.

Não que tenha ficado ruim, mas era algo que poderia receber uma atenção melhor da produção ocidental.

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Diferenças de roteiro

Também foi confirmado que a versão ocidental tem pequenos elementos diferentes da edição japonesa, como informamos anteriormente, mas quase tudo está intacto! Inclusive a direção de Junpei Mizusaki e boa parte do roteiro original de Kazuki Nakashima.

Mizusaki trabalhou como produtor em JoJo’s Bizarre Adventure (olha aí de novo!), enquanto Nakashima foi o roteirista do anime Kill la Kill e do seriado Kamen Rider Fourze. Quem conhece as obras citadas, sabe mais ou menos o que esperar de Batman Ninja, em termos narrativos ou de audácia nas ideias.

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Influências bizarras

A citação no título não foi ao acaso. Batman Ninja tem, sim, muito de JoJo’s Bizarre Adventure, um dos animes e mangás mais influentes das décadas passadas, tendo inspirado séries e personagens em marcas famosas, como Pokémon e Street Fighter.

Além dos nomes envolvidos na produção que já citamos – entre elenco, roteiro e direção –, o filme conta ainda com trilha sonora de Yugo Kanno (responsável por JoJo's Bizarre Adventure Part 4: Diamond is Unbreakable).

O design dos personagens mantém um bom estilo e tem sintonia com a proposta do filme, de ser realmente inusitado e “fora da caixa”. Mérito disso vai para Takashi Okazaki, responsável pelo visual e também criador de Afro Samurai.

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Conclusão

Batman Ninja é incrível. É irreverente, ousado, insano e diferente de muita coisa feita com o Homem-Morcego nos últimos anos.

O filme passa muito rápido de tão frenético que é seu ritmo e as claras influências de anime que segue, até por ter sido produzido no Japão, só somam muito para a experiência.

Como citado ao longo da crítica, tem alguns pequenos problemas, como caracterização de um ou outro personagem, além de depender demais da descrença do espectador. Mesmo assim, é um produto que merece destaque entre as animações recentes do personagem da DC Comics.

Nota: 4 de 5