[CRÍTICA] Annabelle 3: De Volta Para Casa – Crossover de assombrações!

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[CRÍTICA] Annabelle 3: De Volta Para Casa – Crossover de assombrações!

Por Gus Fiaux

Após o sucesso do primeiro Invocação do Mal, a Warner Bros. tomou uma decisão muito bem-sucedida ao transformar a franquia criada por James Wan em um universo cinematográfico, cheia de tramas que se entrelaçam e assombrações cada vez mais amedrontadoras. E o mais recente lançamento é Annabelle 3: De Volta Para Casa. 

Mais uma vez contando com a boneca maldita que apavorou os cinemas nos longas anteriores, o novo filme se justifica pelo seu nome: vemos Annabelle indo parar na casa de Ed e Lorraine Warren. Quando os dois saem para um evento urgente, a filha do casal de demonologistas e mais duas garotas sofrem com os efeitos demoníacos das entidades que residem nesse brinquedo aparentemente inocente.

Créditos: Warner Bros.

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Ficha Técnica

Título: Annabelle 3: De Volta Para Casa (Annabelle Comes Home)

Direção: Gary Dauberman

Roteiro: James Wan e Gary Dauberman

Ano: 2019

Data de lançamento: 27 de junho (Brasil)

Duração: 106 minutos

Sinopse: Enquanto fica de babá para a filha de Ed e Lorraine Warren, uma adolescente e sua melhor amiga despertam, sem saber, um espírito maligno aprisionado em uma boneca.

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Annabelle 3: De Volta Para Casa - Crossover de assombrações!

O horror não é uma das franquias mais rentáveis do cinema à toa. Com baixos orçamentos, cineastas podem jogar suas ideias e assustar o público com diversos arquétipos clássicos do gênero - desde fantasmas vingativos a demônios amaldiçoados. E é claro, o público continuará enchendo as salas de cinema para ver o que há de novo nesse mundo das trevas.

A franquia Invocação do Mal, felizmente, foi uma das que mais se aproveitou disso. Após um aterrorizante filme em 2013, a saga cresceu, tornando-se um universo compartilhado com espaço para os spin-offs focados nas assombrações apresentadas. Quase seis anos depois, colhemos esses frutos com Annabelle 3: De Volta Para Casa.

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O filme, ambientado entre Invocação do Mal e sua continuação, nos traz de volta à casa de Ed e Lorraine Warren, e ao seu museu de artefatos sobrenaturais. A proposta, como já havia sido dita pelos responsáveis, era fazer um "Uma Noite no Museu" de terror, explorando os diversos demônios que residem nos objetos amaldiçoados.

O resultado, como não poderia deixar de ser, é um verdadeiro crossover de assombrações e figuras demoníacas. E por mais que o filme divirta ao trazer essas criaturas - além de abrir portas para mais derivados focados em outros demônios -, acaba pecando pelo excesso de jumpscares, que faz com que o público não tenha tempo para respirar e conhecer as protagonistas.

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A trama é focada em Judy Warren, a filha de Ed e Lorraine, interpretada por Mckenna Grace (Capitã Marvel, A Maldição da Residência Hill). A atriz manda muito bem, conforme sua personagem, uma figura isolada e atormentada pelos dons paranormais herdados da mãe, é deixada em casa com uma babá, enquanto o casal de demonologistas sai por uma noite.

Tal babá, Mary Ellen, é vivida por Madison Iseman (Jumanji: Bem-Vindo à Selva). A personagem é cativante e encontra força em sua amizade com Daniela, interpretada por Katie Sarife (Supernatural), que por sua vez é uma garota curiosa e até mesmo irresponsável, que se "infiltra" na casa dos Warren com uma motivação bem sólida.

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A primeira metade do filme vai muito bem. Aqui, somos apresentados aos personagens e aos seus interesses. Aos poucos, os elementos sombrios também entram em cena, trazendo alguns momentos de tensão e dando pistas para o apocalipse prestes a acontecer, desencadeado pela "fuga" de Annabelle - que continua visualmente tenebrosa.

No entanto, no meio do segundo ato, toda a construção de personagens e arco dramático é deixado de lado em prol de sustos. Para quem gosta desse tipo de filme, Annabelle 3 é um prato cheio. No entanto, para quem se irrita com um longa que extrai sua tensão apenas dos famigerados jumpscares, talvez seja melhor evitar esse filme.

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A trama acaba servindo como uma faca de dois gumes. Por mais que seja divertido e interessante ver esses demônios - alguns muito criativos, como o macabro Barqueiro - aterrorizando o trio de meninas, chega uma hora em que ficamos cansados de nos preparar para um susto óbvio e previsível. O ato final é cheio desses momentos, o que acaba enfraquecendo o longa.

Ainda assim, há motivos para celebrar. O filme possui um visual belíssimo - e o design de suas criaturas são realmente inventivos e aterrorizantes. Mas talvez, o ponto alto do filme seja situar toda a trama principal em um único lugar: a casa dos Warren - o que, convenhamos, não deve ter sido muito difícil, já que o cenário estava pronto desde Invocação do Mal.

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O resultado acaba saindo como um filme de mansão mal-assombrada, mas com uma densidade um pouco maior e muitos vilões. Quando aposta nisso, na tensão dos corredores e cantos escuros, o filme acerta em cheio, provocando uma curiosidade igualada apenas pela tensão do público. O mesmo vale para a "sala de troféus" dos Warren, que é composta de maneira macabra.

Nesse sentido, a direção de arte é um primor, assim como a fotografia. Elas ressaltam o aspecto amedrontador da casa, que subitamente passa de um lugar aconchegante e seguro para uma verdadeira mansão do horror. Além disso, a trilha sonora também se sai bem, apesar de ser constantemente interrompida pelos barulhos ensurdecedores que acompanham os sustos.

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A direção de Gary Dauberman, aliás, é outro ponto positivo. Por mais que essa seja sua estreia na cadeira de diretor, ele já é familiarizado com esse universo por ter escrito o roteiro de A Freira e dos filmes anteriores da boneca possessa. Discípulo evidente de James Wan, ele conduz o filme com uma inquietação constante.

Infelizmente, o mesmo não pode ser dito sobre o roteiro - também escrito por Dauberman. Se enxugarmos a trama de todos os jump scares, resta apenas uma história diminuta. A impressão que fica é que o texto-base contém só a sinopse da história, e o resto foi sendo improvisado ao longo das filmagens, para acompanhar os momentos tensos.

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Quanto à sua inserção na franquia Invocação do Mal, o filme até se sai bem, principalmente por não se levar à sério como A Freira ou o primeiro Annabelle. Ele é definitivamente mais "amigável", por mais que as entidades que o assombrem não sejam - e isso até nos faz esquecer um pouco da enxurrada de sustos baratos.

Aliás, Vera Farmiga e Patrick Wilson também estão no filme, reprisando o papel dos Warren. Mesmo aparecendo pouco, eles roubam a cena e conseguem trabalhar seus personagens com algumas nuances, nos deixando com gosto para ver Invocação do Mal 3, que chega aos cinemas no ano que vem e adapta um dos casos mais famosos dos demonologistas no mundo real.

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Annabelle 3: De Volta Para Casa é um filme divertido, que infelizmente se alonga demais em cenas assustadoras, ao ponto de esquecer do desenvolvimento de seus personagens. Ainda assim, é um bom filme na trilogia da boneca - e um que a traz novamente para o lugar onde a vimos pela primeira vez, sob a guarda de Ed e Lorraine Warren.

Apesar de arcos pouco explorados e uma história enxuta, o filme se sai bem no contexto do universo de Invocação do Mal, estando atrás apenas de seu antecessor e dos dois filmes da franquia principal. Com esse crossover de demônios e entidades malignas nas telas, De Volta Para Casa é um terror que não se leva a sério e abre as portas do inferno para que mais demônios aterrorizem em possíveis derivados.

NOTA: 3/5