[CRÍTICA] Agentes da S.H.I.E.L.D.: 5ª Temporada – Guerra Infinita!

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[CRÍTICA] Agentes da S.H.I.E.L.D.: 5ª Temporada – Guerra Infinita!

Por Gus Fiaux

Após uma quarta temporada espetacular, mas uma severa preocupação pela audiência em queda livre, Agentes da S.H.I.E.L.D. se preparou para o pior, apresentando um quinto ano que serve de conclusão para sua história, enquanto também tenta introduzir uma “Fase 2” da série.

Agora que sabemos que voltaremos a ver os agentes no ano que vem, e que eles conseguiram explorar tramas jamais vistas no Universo Cinematográfico da Marvel, temos aqui uma mistura de sentimentos referentes à quinta temporada… e você logo descobrirá o porquê!

Créditos: ABC

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Agentes da S.H.I.E.L.D. - Guerra Infinita!

Não é fácil se manter relevante e, principalmente, ótima mesmo após cinco temporadas, e temos várias séries atuais comprovando esse ponto. Agentes da S.H.I.E.L.D., por outro lado, sempre gostou de desafios. E esse é mais um que ela cumpriu bem, já que, após finalizada, a quinta temporada da série se prova como mais um ano competente, inspirado e original... mas nem tudo são flores.

Seguindo a excelente quarta temporada, o quinto ano da série tinha uma série de metas a cumprir: desenvolver uma trama espacial, além de preparar a celebração do centésimo episódio, e até mesmo traçar ligações com Vingadores: Guerra Infinita. No fim, algumas foram cumpridas, e outras poderiam ter tido um desempenho melhor.

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Enquanto a equipe de produtores composta por Jed Whedon, Maurissa Tancharoen e Jeffrey Bell estava interessada em criar uma nova abordagem para a trama, pairava no ar a ameaça de cancelamento pelas mãos da ABC, que parece cada dia menos receptiva à própria série. E aqui começa o melhor e o pior elemento da temporada.

Verdade seja dita, o quinto ano de Agentes da S.H.I.E.L.D. é o final da série. Mesmo já tendo sido renovada para o futuro, a trama se encerrou aqui, e qualquer coisa que vier posteriormente será um recomeço para os personagens que sobraram - do contrário, estaremos em sérios apuros. Por conta disso, a temporada sofre uma mudança brusca de direção entre seus dois arcos centrais.

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Enquanto percebe-se que o arco espacial era algo que deveria ser mais trabalhado - mas, que acaba sendo arrastado e sem nada marcante -, a segunda metade é mais corrida, frenética e até mesmo esquece um pouco sobre a trama inicial - ainda que, no final das contas, todas as ações dos agentes sejam para impedir o futuro distópico que eles já conheceram.

Dessa forma, muito do senso de urgência e de coesão que a série conseguiu criar no terceiro e no quarto ano se perde aqui. Também há problemas na criação de um inimigo, já que a única vilã "forte" da temporada - a magnífica General Hale - é justamente a menos explorada, em um ano onde nomes como Kasius, Ruby e Graviton se provaram grandes ameaças, mas antagonistas medíocres.

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Por outro lado, a série fez um excelente trabalho ao apresentar aquilo que ela sempre teve de melhor: personagens. Em um novo nível de amadurecimento, heróis como Tremor, Yo-Yo e Coulson se provaram grandes nomes do Universo Cinematográfico da Marvel, enquanto os outros membros da equipe ainda tinham uma importância crucial.

Além deles, Fitz e Simmons, melhores do que nunca nas mãos de Iain de Caestecker e Elizabeth Henstridge, tiveram um ano mais "tranquilo", apesar de um final agridoce. E embora esse elemento funcione no contexto da temporada e de seu último episódio, já está cansando os fãs essa necessidade sádica de fazer o casal sofrer em todas as temporadas.

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Não há como negar, no entanto, que o destaque da temporada é Coulson. Gosto de pensar que cada temporada dá foco a um personagem em especial, e agora, é a primeira vez (desde a primeira temporada), em que o líder e diretor da S.H.I.E.L.D. é o centro das atenções, ainda que nem toda decisão tomada em sua trama seja lá muito acertada.

Mesmo assim, só esse cuidado e dedicação com qual os personagens são trabalhados é o suficiente para mostrar que a série não está interessada em tramas mirabolantes apenas para adaptar quadrinhos. E é o motivo pelo qual o centésimo episódio, ainda que não cumpra todas as expectativas, aposta sabiamente em uma jornada mais intimista.

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Em quesitos técnicos, a série conseguiu fazer, ainda que com seu menor orçamento, seu ano mais grandioso. Enquanto fotografia, trabalho de som e direção permanecem os grandes pontos altos, conferindo um aspecto quase cinematográfico a uma produção televisiva, foi justamente com os efeitos visuais que a temporada conseguiu criar destaque.

Um exemplo claro disso está no último episódio, que apresenta a batalha mais estupenda vista em Agentes da S.H.I.E.L.D., mostrando que a série não tem medo de aumentar a sua escala, enquanto não deixa de lado o aspecto emocional que torna tudo tão urgente. Nesse quesito, é uma vitória dupla, especialmente em sua segunda metade.

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Infelizmente, o maior pecado da série está justamente em... fazer parte do Universo Cinematográfico da Marvel. Enquanto história individual, a trama da temporada é excelente e muito bem construída. Porém, como subproduto de uma franquia maior, não há como deixar de notar vários furos que comprometem a construção desse grande universo.

O pior de tudo é que os produtores ainda se esforçam em trazê-la para próximo dos Vingadores... mas não muito. O final é um exemplo sintomático disso, com toda uma preparação de terreno para conexões com Vingadores: Guerra Infinita, para chegar ao último episódio e a série ignorar completamente a existência do filme. É propositalmente irônico que esse seja o título da crítica.

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Isso, de certa forma, mostra o quanto a cisão entre a Marvel TV e a Marvel Studios está grave, e que precisa de uma remediação imediata. Ou os próximos anos trazem conexões mais firmes, ainda que não tão diretas, ou esse universo vai desmoronar sobre seu próprio peso, sem fazer sentido. O lado bom, ao menos, é que S.H.I.E.L.D. consegue manter-se relevante, mesmo à parte dos filmes.

Por essas e outras, a quinta temporada ainda é uma ótima temporada, mas que é enormemente afetada por esses elementos estrangeiros, o que impede os fãs do MCU, de forma geral, de apreciá-la por completo. Além disso, falta algum elemento tão marcante quanto o que as duas temporadas anteriores nos proporcionaram.

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Em linhas gerais, a quinta temporada da série não é ruim, de forma alguma, mas está longe de ter a perfeição dos anos anteriores - o que é compreensível, ainda mais com a crescente pressão do possível cancelamento por parte da ABC. Felizmente, com mais um ano já confirmado, poderemos ter mais tramas à altura do que esses personagens merecem.

E apesar dos sentimentos conflitantes, sobretudo a respeito da localização da série no Universo Cinematográfico da Marvel, precisamos entender que isso, dentro do caráter exclusivo de Agentes da S.H.I.E.L.D., não é algo ruim, ainda que não seja uma contribuição muito positiva quando analisamos a franquia, de forma mais global.

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Mesmo com um início aos trancos e barrancos, os produtores, a Marvel TV e a ABC conseguiram conceber uma boa temporada, levando seus protagonistas em novas direções e explorando elementos inovadores dentro do contexto da série, como viagem no tempo e space opera. Além disso, se conclui de forma fenomenal, dando o fim que todos precisavam para a série.

Por outro lado, não dá para não nos sentirmos traídos, seja pela falta de referências aos filmes ou pela ausência de vilões e tramas tão cativantes quanto nas temporadas anteriores. Ao mesmo, uma coisa ela faz certo: prepara o caminho para o que pode ser um novo começo para Agentes da S.H.I.E.L.D., ou então sua conclusão definitiva.

NOTA: 3,5/5