10 Coisas que queremos na série do Constantine no HBO Max

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10 Coisas que queremos na série do Constantine no HBO Max

Por Gus Fiaux

Após meses de especulação e teorias, finalmente tivemos a confirmação de que o HBO Max, o serviço digital da Warner, está produzindo uma série de John Constantine, o mago, demonologista, ocultista e canalha da Vertigo/DC. Classificada como uma “nova interpretação” do personagem, a série deve explorar um lado mais sombrio do anti-herói, com a possibilidade de pistas para a Liga da Justiça Sombria. 

A série tem muito caminho a trilhar para oferecer aos fãs uma adaptação satisfatória das HQs de Hellblazer, mas estamos curiosos para ver o que vai sair daí. Por isso, listamos aqui 10 coisas que gostaríamos de ver na série de Constantine do HBO Max, desde adaptações de arcos clássicos a elementos característicos do herói que não podem ficar de fora!

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Mais fidelidade

Ao longo dos anos, tivemos duas adaptações memoráveis do personagem. Em 2005, foi lançado Constantine, filme protagonizado por Keanu Reeves que subverte as raízes do personagem e faz homenagens a vários arcos clássicos das HQs de Hellblazer. Apesar de muito bom, o filme leva toda a essência britânica de John ao transformá-lo em americano.

Uma década depois, Matt Ryan assumia o papel em Constantine, uma série da NBC que acabou sendo cancelada após uma única temporada. A série não era das melhores, mas Matt Ryan ficou bem marcado no papel do anti-herói, a ponto de retornar para interpretá-lo no Arrowverse, onde faz parte do elenco fixo de Legends of Tomorrow.

Esperamos que, com a nova adaptação, sigam um pouco mais o exemplo de Ryan, com uma interpretação mais fiel que abarca todos os pontos do mago nas HQs, ainda que com espaço para novos elementos. Queremos ver um John Constantine britânico, que fuma igual uma chaminé e que possui um lado bem mais sombrio e sério.

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Um ator marcante para o papel

Quando o projeto foi anunciado, no entanto, muitos fãs se apegaram a um detalhe específico, já que fontes internas afirmam que a Warner está de olho em atores que tenham "o biotipo de Riz Ahmed" para viver o papel. Ou seja, não teremos um John Constantine caucasiano na série. Em vez disso, ele deve ser interpretado por alguém com ascendência árabe.

E antes que venham com pedras e paus xingar nos comentários, é bem importante lembrar que o traço característico mais importante de John Constantine não é a cor de sua pele, mas sua nacionalidade. Nascido e crescido em Liverpool, ele é a figura exata do inglês boêmio e punk, algo que ficou bem popular nas décadas de 80 e 90.

Se será um ator de traços não-caucasianos, isso não faz a menor diferença. Por isso, esperamos que a Warner Bros. e o HBO Max escolham o melhor ator possível para o papel, alguém que seja tão marcante quanto Matt Ryan em níveis de carisma e compreensão pelo personagem. Somente dessa forma teremos um novo Constantine definitivo.

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Uma série mais "suja" e sombria

Não me levem a mal, eu adoro o filme do Constantine de 2005. É um filme sombrio e bem interessante, que sabe abordar as camadas infernais mesmo que seu protagonista não seja tão fiel aos quadrinhos. O mesmo já não posso dizer da série de 2014. Ainda que Matt Ryan roube a cena, há algo que falta na produção para torná-la memorável.

Quando Ryan passou para o CW, ele foi protagonizar justo Legends of Tomorrow, a série mais divertida e descompromissada desse universo. E isso não é problema algum, mas gostaríamos de ver uma "volta às origens" nessa nova série do HBO Max, com uma pegada um pouco mais madura, sombria e suja.

Há certos elementos que precisam ser explorados para que isso funcione bem - seja a sexualidade de John Constantine ou seu vício em cigarros, que o leva a momentos bem sombrios da vida. Além disso, seria interessante ver uma produção imersa completamente no terror, sem ter o aspecto de procedural policial da série de 2014.

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Arcos clássicos dos quadrinhos...

Criado por Alan Moore na Saga do Monstro do Pântano, o mago e ocultista logo ganhou muito reconhecimento dos fãs e passou a estrelar suas próprias histórias. Não tardou para ele se tornar um dos carros-chefes do selo Vertigo, ganhando uma popularidade absurda entre leitores mais velhos que já estavam cansados dos super-heróis tradicionais.

Constantine passou pelas mãos de vários escritores sensacionais. Só para citar alguns, temos Jamie Delano, Garth Ennis, Mike Carrey e até mesmo Neil Gaiman. Cada escritor trouxe elementos especiais para Hellblazer, o que gerou arcos de histórias extremamente memoráveis que poderiam muito bem ser adaptados em uma série de TV.

Por exemplo, o arco Hábitos Perigosos influenciou diretamente o filme de 2005 e poderia ser revisitado com uma nova abordagem. O Homem de Família fornece um estudo de personagem vigoroso, enquanto Pecados Originais é uma introdução bem competente ao universo do personagem. Muitas possibilidades do que adaptar, mas também uma do que não fazer...

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...Menos esse!

Existe um arco muito lembrado e querido de Constantine, que se chama Newcastle. Nele, somos apresentados a um pouco mais do passado de John, especialmente quando ele ainda era um babaca arrogante e totalmente irresponsável que pertencia a uma banda de punk rock, o Membrana Mucosa.

A HQ então conta como ele se envolveu com um caso assustador envolvendo uma garota chamada Astra e como, ao tentar salvá-la, ele condenou sua alma ao inferno em um momento que o assombraria para o resto de sua vida. É uma história sensacional que nos ajuda a compreender um pouco do peso do passado na vida de Constantine.

O problema é que Newcastle se tornou a única fonte de histórias do anti-herói, pelo visto. Nos últimos anos, seja a série de 2014, Legends of Tomorrow ou as animações dubladas por Matt Ryan, todas as histórias de Constantine giram em torno de Astra e o que aconteceu em Newcastle. É hora de trocar o disco um pouco.

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Sexualidade

John Constantine é um dos personagens LGBTQIA+ mais influentes dos quadrinhos, e sua sexualidade durante muitos anos foi pouco representada. Embora seja bissexual, a maioria esmagadora de suas histórias traz ele com relacionamentos com mulheres, muito raramente ao lado de homens como interesse amoroso.

Por outro lado, as mídias recentes - tanto os quadrinhos quanto a própria versão de Matt Ryan do personagem - ousaram ao mostrar Constantine nas mais diversas situações românticas e sexuais. Pode parecer algo menos importante, mas o teor sexual é muito importante nas histórias do anti-herói e ajuda a definir o tom mais maduro de seus arcos.

Em vez de focar em um John Constantine apaixonado e galanteador, nós queremos ver a versão mais fiel do personagem - cafajeste e sempre mudando de par romântico. Porém, seria interessante ver sua bissexualidade sendo abordada na série, justamente para que essa parte de sua história não seja apagada.

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Formato "antológico"

Por se tratar de um serviço de streaming como o HBO Max, podemos ter uma quase-certeza de que a série terá um alto grau de liberdade criativa para seus criadores e produtores. Dá para fazer muita coisa nisso, desde histórias mais surtadas a algo um pouco mais intimista. Porém, gostaríamos que a série do Constantine puxasse inspirações de outra produção recente.

Lovecraft Country foi lançada pela HBO no ano passado, adaptando o livro homônimo de Matt Ruff. A série segue vários personagens em suas vidas durante os anos 50, no ápice de várias crises de tensão racial. E o mais interessante sobre essa produção é justamente seu modelo antológico, com cada episódio trazendo um arco de começo, meio e fim.

Caso a série do Constantine decida começar pelo início e adaptar Pecados Originais, o primeiro arco de Hellblazer, seria uma ótima ideia atrelar vários pequenos arcos em uma trama maior, que abarque o primeiro ano da série. Outras produções seguiram esse modelo e foram bem sucedidas, como é o caso de The Witcher e até mesmo The Mandalorian.

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Construção da Liga Sombria

Há algum tempo, a Warner chamou J.J. Abrams e sua produtora, a Bad Robot, para que pudessem trabalhar o mundo da Liga da Justiça Sombria no HBO Max, após algumas tentativas malsucedidas para o cinema. Dessa forma, muitos fãs especulam que a série de Constantine será o primeiro passo na construção desse universo.

Se esse for o caso, seria ótimo termos já algumas pistas e indícios de uma trama maior que pode resultar na reunião desses heróis de cunho mais místico e obscuro. Por exemplo, seria incrível ver já uma "ascensão" de alguma entidade ou ser sobrenatural que só poderá ser derrotado quando a equipe inteira já estiver formada.

Além disso, há espaço para a participação de vários personagens desse lado "místico" da DC. John Constantine surgiu em uma HQ do Monstro do Pântano, e poderia muito bem retribuir o favor apresentando uma nova versão do personagem em sua série. Além disso, Zatanna Zatara também poderia ter um papel de destaque em um ou outro episódio.

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Participações místicas

Falando nas participações de personagens da Liga da Justiça Sombria, também seria ótimo vermos outras ligações com propriedades mais obscuras da DC Comics, mesmo que isso não vá necessariamente se relacionar à equipe composta por John Constantine, Zatanna, Monstro do Pântano e outros heróis.

Seria ótimo se tivéssemos a participação de Tim Hunter, o protagonista dos Livros da Magia, dado sua relação especial com o próprio John Constantine em sua HQ de estreia. Além dele, Etrigan, o Demônio é outra figura sensacional que abre as portas para um lado ainda mais interessante do Universo DC.

É apenas uma pena que a série não deve ter conexão nenhuma com a adaptação de Sandman que virá pela Netflix, já que ambas são de produtoras bem diferentes. Ainda assim, nada impede que a série do Constantine mencione ou até mesmo faça referências a Morpheus e os Perpétuos, mesmo que não realize um crossover.

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Sem relação com o Universo Estendido da DC Comics

Aqui vai uma verdade que muitos não querem engolir: o Universo Estendido da DC Comics é uma bagunça. Isso não quer dizer necessariamente que seus filmes são ruins, mas que não há uma construção lógica em um universo que não se preocupa muito com uma cronologia. Além disso, é uma franquia que está sendo repensada diariamente pela Warner Bros.

Por conta disso, a melhor coisa para a série do Constantine e a própria franquia da Liga da Justiça Sombria, se é que veremos uma, é evitar todo o Universo Estendido e construir sua própria franquia compartilhada, sem se preocupar com uma cronologia bizarra e cheia de pontas soltas. Isso pode até mesmo livrar esses personagens de uma roubada.

Afinal de contas, a DC tem um costume bem sacana de enfiar o Batman em tudo, mesmo onde nem sequer faz sentido ele estar. Até mesmo o filme animado da Liga da Justiça Sombria contava com o Cavaleiro das Trevas (mesmo ele nunca tendo feito parte da equipe nas HQs). Caso essa série seja ambientada no universo onde existe um Batman, nem mesmo o diabo está a salvo do poder do roteirismo.