O Carnificina foi criado nas HQs por David Micheline, Mark Bagley e Erik Larsen, nas páginas de The Amazing Spider-Man #344, de fevereiro de 1991. Originalmente, o personagem era apenas Cletus Kasady, que é um psicopata e serial killer perigoso preso na Ilha Ryker. Cletus já era bem apavorante antes mesmo de colocar as mãos em seu simbionte.

Quando criança, o maníaco chegou a assassinar sua própria avó, que o criava. Enviado para morar em um orfanato, Cletus se mostra cada vez mais violento e visceral e inclusive queima a instituição em um ato de rebeldia. A partir dali, o grande assassino nascia, fazendo várias vítimas ao longo de sua vida para aplacar o vazio interminável de sua existência.

Certa vez, trancafiado na prisão, Cletus Kasady descobriu que teria um ilustre companheiro de cela: Eddie Brock, que havia sido derrotado há pouco tempo pelo Homem-Aranha e tinha sido separado do Venom. Ainda assim, o simbionte preto retornou para salvar seu hospedeiro e livrá-lo da prisão, deixando para trás um pequeno pedaço de sua própria gosma.

Foi assim que Cletus se transformou no Carnificina: ao entrar em contato com o minúsculo "pedaço" deixado por Venom, o simbionte alienígena se transformou no corpo de Kasady - ganhando um gosto maior por sangue e por violência, além de ter recebido uma coloração escarlate. E assim, Cletus consegue fugir da prisão e começar seu reinado de terror.

Quando Venom começou a se tornar um anti-herói nos quadrinhos, vimos o Carnificina se tornando seu principal inimigo. O novo simbionte nutria um ódio especial por seu "pai", sempre o perseguindo e trazendo problemas bem pesados. Um belo exemplo disso é o arco Carnificina Máxima, que foi publicado originalmente em 1993, em várias HQs do Homem-Aranha.

Na trama, o Carnificina (que havia sido preso no Instituto Ravencroft) se liberta junto com outros vilões - como Shriek, Carniça e o Duende Demoníaco - para atacar a população de Nova York. Isso força o Venom e o Homem-Aranha a se unir para atacá-lo e derrotá-lo. É bem possível que a saga seja a principal base para Venom: Tempo de Carnificina.

O assassino passou anos atormentando outros heróis e criando simbiontes originais que funcionavam como seus "filhos". Mas seu grande destaque veio em 2019, com o lançamento da saga Carnificina Absoluta. Tudo isso se deve a Donny Cates, roteirista que assumiu as HQs do Venom e criou uma rica mitologia cósmica para o simbionte.

O Carnificina desempenha um grande papel nisso tudo por se tornar o "sacerdote" de Knull, o Deus dos Simbiontes que estava vindo para a Terra (e finalmente chegou em King in Black, atual saga da Marvel). Durante o evento, vemos Cletus caçando e matando vários hospedeiros humanos de simbiontes, espalhando o caos e a palavra de Knull no nosso planeta.

Carnificina não apenas matava hospedeiros de outros simbiontes, como também absorvia esses simbiontes para ficar ainda mais poderoso. É assim que ele acaba ganhando novas formas, cada vez mais poderosas. Ao absorver o próprio Venom, ele recebe uma mudança completa de visual, ficando mais esquelético e ganhando asas e chifres.

Nesse período, era como se o vilão fosse um "avatar" de Knull na Terra, o emissário perfeito para espalhar a mensagem do Deus dos Simbiontes. Porém é aqui que o próprio vilão encontra seu fim, sendo morto por Eddie Brock que estava desesperado para salvar seu próprio filho. Apesar da "morte" de seu corpo, a consciência de Cletus ficou "salva" na mente-coletiva de Klyntar.

Como "herdeiro" de Venom, o Carnificina compartilha de quase todos os poderes que seu "pai". Seu simbionte é maleável e é capaz de transformar-se em qualquer coisa à escolha do hospedeiro (seja ele Cletus Kasady ou qualquer outro). Ele também se regenera bem rápido e pode se conectar com outros simbiontes através de comunicação telepática.

O personagem, no entanto, possui algumas particularidades que não derivam de Venom - por exemplo, ele é capaz de controlar mentalmente qualquer pessoa que esteja infectada com seu simbionte. Além disso, como já citamos, ele também é capaz de absorver outros simbiontes na saga Carnificina Absoluta.

Nas HQs dos Venom, é bem comum vermos um simbionte "dando luz" a novos simbiontes, fazendo processos de "autofecundação" para criar proles e permitir a continuidade da espécie Klyntar. Com o Carnificina não foi diferente, e ele deu origem a outros simbiontes que acabaram ficando bem conhecidos entre os fãs desse núcleo da Casa das Ideias.

Entre seus "filhos", nós temos o simbionte Escárnio (que se ligou a Tanis Nieves) e Raze (ligado a Jubulile van Scotter). O mais famoso dos filhos de Carnificina é Toxina, que é uma fusão do simbionte escarlate com Venom. Esse simbionte é mais poderoso que seus "pais", mas acabou se ligando ao policial Patrick Mulligan, que virou um herói valoroso.

O Carnificina acabou se tornando uma presença bem frequente nas séries e desenhos animados do Homem-Aranha. Ainda que não tenha tanto destaque como outros vilões, que nem o Duende Verde ou o Doutor Octopus - ou até mesmo o próprio Venom -, ele sempre aparece para causar algum problema (ainda que nunca seja tão violento quanto é nos quadrinhos).

O personagem já apareceu em Spider-Man: The Animated Series, a série animada clássica dos anos 90, onde se tornou um inimigo imponente para o Amigão da Vizinhança. Ele também já esteve na recente Ultimate Homem-Aranha, além de ter feito uma participação especial quase imperceptível em O Espetacular Homem-Aranha, série que foi ao ar de 2008 a 2009.

No mundo dos games, o Carnificina é um vilão bem recorrente, seja nos jogos do Homem-Aranha ou em grandes aventuras com várias equipes da Marvel. Ele já apareceu como chefe em vários jogos, mas também se tornou um personagem jogável em Spider-Man: Friend or Foe, Marvel Ultimate Alliance 2, LEGO Marvel Super Heroes e Super Hero Squad Online.

Nos jogos mobile, ele se tornou uma sensação. O personagem está incluso em títulos como Spider-Man Unlimited, Puzzle Quest, Marvel: Contest of Champions e até mesmo o popular RPG Marvel: Future Fight, onde inclusive tem uma skin inspirada pelos eventos de Carnificina Absoluta e os arcos mais recentes do personagem.

Após muita espera, o personagem finalmente fará sua estreia nos cinemas em Venom: Tempo de Carnificina. Esse é o segundo filme do Protetor Letal e está previsto para chegar aos cinemas ainda em 2021. Apesar disso, nós já tínhamos visto Cletus Kasady antes no final de Venom, onde o vilão é vivido por Woody Harrelson.

No primeiro filme, Cletus é entrevistado por Eddie Brock. Na sequência, ele deve receber seu próprio simbionte e começar uma onda de devastação e morte, auxiliado por Shriek. Ainda não sabemos muita coisa da trama ou dos personagens envolvidos, mas parece que o filme vai se inspirar bastante no arco Carnificina Máxima.