Avatar: O Último Mestre do Ar: 6 coisas que não funcionaram tão bem na série da Netflix
Avatar: O Último Mestre do Ar: 6 coisas que não funcionaram tão bem na série da Netflix
Nem tudo é maravilha na nova adaptação live-action de A Lenda de Aang…
A primeira temporada de Avatar: O Último Mestre do Ar acaba de chegar à Netflix, e já está fazendo um tremendo sucesso mundialmente – um indício forte de que a segunda temporada não é um sonho tão distante, contrariando o medo do cancelamento. Porém, a adaptação live-action acaba tropeçando (várias vezes) ao adaptar o material original, que por si só, é bem complexo.
Enquanto vemos boa parte da jornada de A Lenda de Aang transcrita para as telas com muita fidelidade e perfeccionismo, vários pequenos detalhes soam incongruentes para os fãs da animação, e é sobre eles que iremos falar hoje. Aqui, você vai conferir 6 coisas que não funcionaram muito bem no Avatar da Netflix!
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Atuações engessadas
Desde que o elenco de Avatar: O Último Mestre do Ar foi escolhido, fãs do mundo todo ficaram aliviados em perceber como houve um cuidado para retratar fielmente as etnias e culturas de cada personagem, diferente do filme de 2010 dirigido por M. Night Shyamalan. Porém, nota-se que nem todos os atores parecem totalmente confortáveis em seus papéis.
Talvez, o maior incômodo nisso tudo seja Ian Ousley e sua atuação como Sokka, o irmão mais velho de Katara. O ator não consegue recapturar o espírito cativante de Sokka em A Lenda de Aang, e deixa a peteca cair sempre que temos momentos de maior aprofundamento emocional de seu personagem.
Porém, ele está longe de ser o único. Embora Gordon Cormier, Kiawentiio e Dallas Liu deem o melhor de si, fica nítido que outros personagens mais secundários não tiveram tanta sorte. Esse é o caso do Rei Bumi (vivido por Utkarsh Ambudkar), da Princesa Yue (Amber Midthunder) e Pakku (A. Martinez). Isso não quer dizer que os atores sejam ruins - longe disso -, mas há um nítido desconforto em certas performances e caracterizações.
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Introduções prematuras
Diferente da animação, em que Azula e o Senhor do Fogo Ozai são só apresentados na segunda e na terceira temporada da série, respectivamente, no live-action da Netflix, ambos os personagens já possuem uma grande presença desde o começo, e temos vislumbres da "origem" de Azula, e como ela se torna a grande vilã que conhecemos em A Lenda de Aang.
Embora seja ótimo ver Elizabeth Yu e Daniel Dae Kim nesses papéis - os dois combinam muito bem com Azula e Ozai -, toda a introdução e seus arcos nessa temporada acabam tirando um pouco o peso da jornada e da aventura de Zuko, tornando-o um personagem muito mais "gostável" desde o começo.
O problema é que isso acaba sacrificando um pouco o arco de redenção do personagem. Em A Lenda de Aang, Zuko é o primeiro grande inimigo de Aang, e sua transformação é lenta e gradual, quando descobrimos um pouco mais de sua história e seu passado. Ao já inserir Azula e Ozai com esse destaque, o live-action priva as próximas temporadas de surpresas.
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O Estado Avatar
Desde antes da série sair, os produtores de Avatar: O Último Mestre do Ar já haviam confirmado mudanças grandes no Estado Avatar - que é o nome dado a quando Aang é capaz de entrar em contato com Avatares passados, usando todo o poder dos quatro elementos. Em vez disso, o Estado Avatar se torna uma espécie de "superpoder" quase inacessível e inalcançável.
Para começar, devo dizer: o problema definitivamente não é a Kyoshi de Yvonne Chapman. Pelo contrário, ela consegue passar toda a rigidez e a elegância da guerreira, e é ameaçadora o bastante para fazer jus às lendas a seu respeito. O problema está na forma como Aang acessa esse estado, bem como isso é utilizado quase como um ex machina narrativo.
No live-action, antigos Avatares podem "tomar conta do corpo" de Aang quando ele está presente em seus templos. Além disso, o efeito é mais visto como um poder hiper-mega-ultra especial que como um "mecanismo de defesa" do próprio Avatar. Pelo menos, a série não se escora nisso a todo instante, mas essas mudanças tornam o Estado Avatar algo simplório, sem a mesma complexidade da animação.
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O Mundo Espiritual
Outro detalhe crucial da animação que retorna no live-action é o Mundo Espiritual, uma espécie de "dimensão paralela" onde os espíritos vivem em paz e harmonia. Na animação clássica, apenas o Avatar pode acessá-lo, e deve manter o equilíbrio entre o mundo espiritual e o mundo dos humanos - até A Lenda de Korra, pelo menos.
Isso porque, na franquia animada, só durante a segunda temporada de A Lenda de Korra que temos uma "ruptura completa" do Mundo Espiritual, o que possibilita o acesso de humanos e dobradores àquela realidade. Porém, o live-action ignora esse pequeno detalhe, e faz com que Aang seja capaz de "trazer" Katara e Sokka junto com ele.
Embora essa seja uma mudança relativamente pequena, é o tipo de coisa que contradiz toda a mitologia da animação. E por mais que tudo isso possa ser trabalhado de formas interessantes no futuro, é um tanto decepcionante ver que os produtores não se atentaram para detalhes da mitologia da saga, de modo que isso nos deixa preocupados com as próximas temporadas.
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Violência pela violência
Desde sua primeira cena, Avatar: O Último Mestre do Ar tenta, a todo custo, mostrar que não é apenas uma simples série infantil. E como faz isso? Através da violência, é óbvio! Não apenas vemos o Senhor do Fogo Sozin aniquilando um espião do Reino da Terra, mas logo somos saudados com uma cena mostrando o genocídio dos Nômades do Ar.
Vivemos em uma época onde a violência choca menos que o sexo, e por mais que a série tente alinhar seu discurso com a animação original, criticando a Nação do Fogo por seus métodos fascistas e tirânicos, a violência está lá mais como um atrativo do que como um demonstrativo de como a guerra pode desolar nações e povos.
Isso vem da mentalidade de que qualquer coisa violenta é, por definição, para adultos - e nesse processo, a própria série vai contra o pacifismo de Aang e seu desejo por um mundo melhor. A violência é usada constantemente como mero recurso narrativo para chamar atenção e aumentar sua visibilidade, mas a série nunca aborda essa violência como algo negativo.
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Arcos mal compreendidos pelos roteiristas e produtores
Desde antes da série sair, ficamos com pé atrás graças a algumas declarações de Albert Kim, produtor e showrunner da série. Em uma delas, Kim disse que o "machismo de Sokka foi removido", já que isso não é aceitável em uma série contemporânea - no entanto, vale lembrar que, no desenho, essa é uma temática aprofundada como parte do arco de Sokka.
Apesar de começar acreditando que mulheres não deveriam ser guerreiras, o garoto logo muda de opinião ao conhecer as Guerreiras Kyoshi (e tomar um pau de Suki, obviamente). A partir daí, o personagem passa por uma construção gradativa, valorizando e respeitando outras mulheres, seja Suki ou até mesmo Toph e sua própria irmã, Katara.
No live-action, isso é trocado e o grande arco de Sokka gira em torno de como ele quer ser um guerreiro para honrar seu pai - e por isso, toda a trama das Guerreiras Kyoshi acaba soando quase como uma "escadinha" para a sua evolução. Ou seja, ao eliminar o comportamento tóxico de Sokka, a série não dá espaço para que ele possa crescer e se redimir através de suas ações.
Isso não seria um problema se ficasse restrito apenas à figura de Sokka, mas os criadores da série parecem não compreender vários arcos cruciais da animação, e como isso estabelece as relações entre os personagens e os seus respectivos crescimentos. Para cada cena bonita de Aang maravilhado e inspirado pelo mundo ao seu redor na animação, agora temos mais cenas de genocídio e flashbacks desnecessários. E quem sai ganhando é a Netflix...