10 vezes que histórias em quadrinhos se envolveram com política!

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10 vezes que histórias em quadrinhos se envolveram com política!

Por Gus Fiaux

Para muitas pessoas, quadrinhos política são dois assuntos que não deviam se misturar. Todos os dias, vemos muitos comentários a respeito disso, pedindo para que as editoras (e os leitores) tomem uma postura apolítica em relação à nona arte. Porém, como qualquer outra manifestação artística, os quadrinhos se misturam com política desde sempre.

Nesta lista, reunimos apenas dez entre milhões de vezes em que quadrinhos se envolveram com política, direta ou indiretamente. A intenção é mostrar como as HQs, assim como toda outra forma de arte, sempre estiveram atrelados diretamente às políticas do mundo real, desde sua criação aos dias atuais!

Créditos: Divulgação

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... Quando o Superman veio para representar a verdade, a justiça e o sonho americano

O maior ícone dos quadrinhos foi criado em 1938, e desde sempre retratado como o grande salvador da pátria. O Superman é um exemplo de como as HQs sempre lidaram com políticas do mundo real. O herói veio para representar a "verdade, a justiça e o american way", e é uma figura que foi utilizada pela DC Comics em várias tramas políticas ao longo dos anos.

Nos anos 40, o herói tinha várias revistas associadas à Segunda Guerra Mundial, sendo envolvido em diversas propagandas anti-nazistas. Além disso, o personagem foi envolvido em outras campanhas ao longo dos anos, e mais recentemente, é um ícone utilizado para debater questões referentes aos imigrantes - e vale lembrar que o próprio Kal-El também é um.

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... Quando o Capitão América (literalmente) socou nazistas

Já que falamos da Segunda Guerra Mundial, não podemos nos esquecer do Capitão América, criado como um herói propagandista durante o conflito mais sanguinário da humanidade. A primeira edição da revista do herói é simbólica, já que mostra Steve Rogers dando um murro bem dado na cara de Adolf Hitler.

E não para por aí, mesmo após ter sido trazido de volta na década de 60, o herói continuou envolvido em diversas questões políticas, seja a favor ou contra o governo dos Estados Unidos. A recente saga Império Secreto, apesar de ter causado controvérsias, é focada em uma versão "maligna" do herói e denuncia os perigos de uma sociedade fascista.

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... Quando a Mulher-Maravilha foi criada e se tornou um símbolo da luta feminista

Diana Prince é uma das heroínas mais populares da atualidade, e uma das figuras principais do Universo Estendido da DC Comics. No entanto, a personagem já está inserida nos quadrinhos há quase oitenta anos, e seu papel foi fundamental para o movimento feminista, já que ela é uma das primeiras super-heroínas independentes que levantou a bandeira da causa.

Criada pelo professor William Moulton Marston em 1949, a heroína veio com a ideia de mostrar como o papel feminino era importante na sociedade, e como uma personagem poderia deter o crime sem depender de qualidades associadas à masculinidade. Desde então, esse lado da personagem já foi muito bem explorado, e o feminismo continua sendo amplamente debatido em suas revistas.

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... Quando o Batman surgiu para enfrentar a corrupção em Gotham

Mesmo um dos personagens mais "apolíticos" dos quadrinhos tem bastante política em suas histórias. O Batman foi criado como um detetive genial, que precisa lidar com os problemas de uma cidade caótica governada pelo crime organizado. O herói sempre foi um símbolo de luta não apenas contra bandidos fantasiados, mas também contra a corrupção.

Embora seu vilão mais famoso seja o Coringa, ele também possui políticos e magnatas em seu rol de inimigos, como o Duas-Caras e o Pinguim. Em sua renascença nos anos 80, o autor Frank Miller inclusive inseriu alguns elementos de sua ideologia de direita em histórias como O Cavaleiro das Trevas.

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... Quando os X-Men se tornaram uma alegoria para preconceito e intolerância contra minorias

Esse aqui é o caso mais óbvio da lista, e ainda assim algumas pessoas parecem não saber (ou apenas não se importar) com isso. Os X-Men foram criados por Stan Lee e Jack Kirby nos anos 60, quando os Estados Unidos estavam imersos na luta pelos direitos civis de pessoas negras. Não é à toa que o Professor X e o Magneto foram inspirados, respectivamente, por Martin Luther King e Malcolm X.

Desde então, suas histórias giram em torno do preconceito, da intolerância e do ódio às minorias. A segunda geração dos mutantes inclusive inseriu mais um elemento nas histórias: a presença de imigrantes do mundo todo. Com o tempo, as HQs saíram apenas da alegoria, já que muitos personagens negros, estrangeiros e LGBTQ+ passaram a integrar os Filhos do Átomo.

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... Quando o Aquaman veio para defender os oceanos

A questão ambientalista está em voga, com a polêmica do aquecimento global e a degradação do meio-ambiente. Mas essa não é uma questão que surgiu apenas na última década, já que há muitos anos o ser humano tem voltado sua atenção para o planeta e os danos que temos causado nele. Heróis como Namor e Aquaman vieram justamente para trazer reflexões sobre o tema.

Embora os dois sejam apenas restritos ao oceano e aos mares, eles sempre trouxeram conscientização a respeito da poluição e da degradação do meio-ambiente - uma pauta amplamente política. E eles não são os únicos - basta olhar para personagens como a Hera Venenosa, o Monstro do Pântano e até mesmo a Tempestade.

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... Quando o Pantera Negra passou a representar a luta racial

A luta racial é outra extremamente presente nos quadrinhos - e vários personagens ao longo dos anos já lidaram com isso, do Luke Cage ao Raio Negro. No entanto, quem deu início a isso foi o Pantera Negra, um dos primeiros personagens negros dos quadrinhos. O herói é líder da nação afrofuturista de Wakanda, o que quebrou bastante a noção da época de que os negros eram um povo "selvagem".

Ao longo dos anos, o personagem se tornou um símbolo da luta civil, e isso continua sendo lembrado, principalmente após o lançamento de seu filme solo, em 2018. Aliás, seu nome também não é nenhuma coincidência, uma vez que a identidade heroica de T'Challa faz alusão ao Partido dos Panteras Negras, um grupo de resistência negra dos Estados Unidos.

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... Quando Lex Luthor se tornou presidente dos Estados Unidos

A DC Comics sempre tentou aproximar seus personagens do mundo real, mesmo que eles vivessem em cidades fictícias. Um exemplo claro de quando as HQs se envolveram com política se deu quando Lex Luthor, um dos maiores vilões de todos os tempos, se tornou presidente dos Estados Unidos da América, através de uma rede de intrigas e manipulação.

E essa não foi a única vez que um personagem das HQs ascendeu a cargos altos na política. Norman Osborn já se tornou o Secretário de Defesa dos EUA, na fase do Reinado Sombrio, e o Capitão América da HIDRA também conquistou seu assento na Casa Branca, na já mencionada saga Império Secreto.

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... Quando os heróis da Marvel precisaram lutar por suas liberdades civis

Em 2006, a Marvel Comics deu início a uma de suas sagas mais memoráveis e respeitadas nas HQs. A Guerra Civil é, em essência, uma história sobre conflitos ideológicos e sobre luta política. Na trama, os heróis se dividem entre os que são à favor da Lei do Registro e os que são contra, que por sua vez querem defender suas próprias liberdades civis.

Embora toda essa trama tenha sido gravemente diminuído na adaptação cinematográfica da saga, é um elemento importante da trama - e que convidou muitos leitores a fazerem uma reflexão sobre o papel dos super-heróis e vigilantes em um mundo real. Independente da sua posição na Guerra Civil, ambos os lados possuem motivações reais.

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... Quando Alan Moore escreveu qualquer coisa

E já que estamos falando do papel dos vigilantes e super-heróis, não podemos nos esquecer de Alan Moore, um dos maiores e mais cultuados escritores dos quadrinhos. Suas obras geraram um impacto que é sentido até hoje - e cada uma de suas histórias possui fortes interpretações políticas.

Por exemplo, V de Vingança foi escrito na era em que o autor estava preocupado com o avanço político de Margaret Thatcher na Inglaterra. Watchmen lida diretamente com um mundo dividido pela Guerra Fria. Até mesmo seu Monstro do Pântano lida com questões ambientalistas e o perigo de grandes corporações.