Max Payne é um dos protagonistas mais melancólicos dos games, sendo que o evento que catalisa sua jornada de vingança é nada menos que a morte de sua esposa e filha pelas mãos de viciados.

Isso é apenas o pretexto do primeiro jogo, sendo que no segundo, mais uma mulher entra em sua vida, para acabar morrendo também - como se o personagem fosse fadado a perder todos aqueles que ama.

O terceiro jogo da franquia vê um Max mais velho e gasto, lutando pelos seus dias de sol e tranquilidade, para que finalmente possa descansar.

Não podíamos deixar o trágico protagonista de The Last of Us fora da lista. Quem jogou os primeiros momentos do game mais do que entende sua presença aqui: o mundo acabou, vítima de um vírus parasítico que transforma as pessoas em uma espécie de zumbi. No meio do caos, Joel perdeu a única coisa que importava na sua vida: a própria filha.

A perda trágica cria uma casca visível ao redor do personagem, que passa a focar na sua sobrevivência em mundo cada vez mais consumido pela ruína. Ao encontrar a garotinha Ellie, Joel se depara com as memórias pesarosas de sua filha mais latentes do que nunca.

No primeiro e incrível jogo da TellTale que aborda o apocalipse zumbi de The Walking Dead, somos apresentados ao protagonista Lee Everett, um homem que ia preso após assassinar um senador por ter um caso com sua esposa. Lee só não acaba no xilindró graças ao fato do mundo ter sido consumido por uma epidemia.

Em notas parecidas com aquelas da jornada de Joel, Lee acaba acolhendo e protegendo uma garotinha nesse cenário desolador, se desgastando em decisões difíceis e situações penosas para proteger a garota.

No entanto, o verdadeiro fator decisivo aqui se encontra ao final da jornada de Lee, quando ele é mordido por um zumbi e precisa dar adeus para a pequenina.

Aqui temos mais um personagem que se dirige para a ruína: John Marston é um criminoso aposentado com diversas manchas de violência em seu currículo, sendo obrigado em ajudar agentes do FBI a localizar outros foras da lei em troca da vida pacífica com sua família que ele tanto deseja.

Apesar de todos os esforços do protagonista para assegurar seus dias de descanso, ele volta para casa apenas para ser morto em uma emboscada, o que compele seu filho a crescer nutrindo sentimentos de vingança para com aqueles que aniquilaram seu pai.

É incrível como, mesmo sem dizer muito, Shadow of The Colossus evoca uma vasta gama de emoções no jogador. No game, controlamos Wander, um jovem de ares melancólicos e pesarosos que adentra nas Terras Proibidas para matar os Colossos que ali habitam. O motivo dessa jornada? Ele deseja reviver seu grande amor, Mono, e para isso precisa destruir as criaturas titânicas para selar seu pacto com a misteriosa entidade Dormin.

A jornada de Wander é árdua, e cada vez se torna mais e mais sufocante, com o personagem chegado até a perder sua égua, Agro, em determinado momento do jogo.

Conforme a jornada avança, vemos o personagem se deteriorando cada vez mais, assumindo aspectos sombrios que sugerem um preço caro a ser pago por sua obstinação.

Talvez a maior tragédia de Braid esteja ligada ao quanto nós realmente sabemos sobre Tim, o protagonista da narrativa.

A impressão inicial é a de que Braid se trata um jogo de plataforma simplista, nos moldes de Mario, com uma histórinha sobre salvar a princesa e o adicional de um mecânica que permite ao jogador controlar o tempo.

O problema são as revelações da fase final, onde as implicações são abertas para interpretação, mas indicam que Tim era um personagem com obsessões nada saudáveis e que ele nunca esteve tentando resgatar a princesa, ela que estava fugindo dele. A mudança súbita de eventos torna Tim um personagem um pouco mais complexo e dúbio do que inicialmente pensávamos, revelando que toda a jornada do protagonista desde o início se tratava de uma tragédia.

Silent Hill 2 é um jogo complexo, repleto de camadas psicológicas que vão sendo descascadas aos poucos, mostrando no final das contas a verdadeira natureza do protagonista, James Sunderland.

O evento que catalisa a jornada de Sunderland em SH2 é a morte de sua esposa, que passou um bom tempo no estágio terminal de uma doença, algo que acabou devastando James emocionalmente. Não apenas isso: o personagem ficou angustiado de ter que tomar conta da esposa constantemente, sendo também o responsável por sua morte.

Spec Ops: The Line é possivelmente um dos jogos mais "soco no estômago" que existem. A narrativa aqui começa oferecendo um plano de fundo simples para um jogo de tiro em terceira pessoa, que lentamente vai se tornando um pesadelo de violência maior e maior, colocando a culpa nas mãos do protagonista controlado pelo jogador.

O jogo conta com quatro finais, sendo que um deles é Martin não sabendo como lidar com seus feitos e seu psicológico quebrado, matando os soldados que são enviados para resgatá-lo.

Kratos pode parecer um personagem mais raivoso do que triste, mas acreditem, sua raiva é apenas uma maneira de extravasar toda sua frustração e melancolia.

No primeiro título da franquia God of War, lá no PlayStation 2, as primeiras palavras que proferidas na campanha são "Os Deuses do Olimpo me abandonaram. Agora não há esperança."

Kratos passou 10 anos sofrendo de pesadelos após ficar sob o comando de Ares, em nome do qual cometeu atos atrozes que incluem o assassinato de sua própria família. Pois é.

Mother 3 possivelmente possui um dos desfechos mais trágicos já postos em um videogame, mas a jornada de seu protagonista não é menos digna de nota: Lucas presencia a morte trágica de sua mãe enquanto ela tenta lhe proteger, resultando no desaparecimento de seu irmão, enquanto seu pai entra em um luto tão profundo que lentamente vai o fazendo esquecer do próprio filho.

O mundo de Lucas vai se desfazendo aos poucos ao seu redor, com as pessoas ficando cada vez mais apáticas em relação a ele. Sem falar que ele é forçado a lutar contra seu irmão, Claus, que eventualmente se mata. A jornada de Lucas é uma grande espiral de bad vibes.