De todas as histórias que já foram escritas para o Homem-Aranha, esta com certeza é a mais confusa. Foi um arco de histórias que durou nada menos que três anos e foi se tornando mais controverso e complicado a medida que o tempo passada.

Pra resumir bem, Peter Parker descobre um clone seu, Ben Reilly, feito pelo vilão Chacal décadas antes e que mais tarde se tornaria o herói Aranha Escarlate. Depois, descobre que Peter é o clone, e não Ben. Depois, Ben é o clone de novo.

Tinha seus méritos, mas no geral, é lembrada de uma maneira bem negativa, uma tentativa desesperada e malsucedida de vender mais quadrinhos do Aranha. Deu certo por um tempo, mas a resposta dos leitores não foi nada boa.

Se a Saga do Clone é a história mais confusa do herói, essa é a mais bizarra. Nada feito com o Aranha até hoje se compara a isso.

Nela, uma vilã chamada Rainha consegue capturar o herói e lhe dá um beijo apaixonado. Só que esse beijo começou a causar mudanças no corpo de Peter Parker, que ganhou mais dois braços, mais olhos e até presas. Ao fim dessa mutação, Peter tinha virado uma aranha gigante.

Piora: a Rainha anuncia que Peter está grávido (!!), mas ao invés de gerar aranhazinhas, o herói morre, para depois renascer da carcaça da aranha morta com seu corpo normal de volta e novos poderes, como teia orgânica saindo de seus pulsos.

Em 1984, a Marvel publicou uma história educativa estrelada pelo Homem-Aranha, que tinha o objetivo de alertar as crianças sobre saber identificar abusos sexuais e que elas reportassem isso aos seus responsáveis caso acontecesse com alguma delas.

A intenção foi até boa, mas a execução não. Na história, o Homem-Aranha está conversando sobre uma criança que sofreu abuso e tentando convencê-la a se abrir contar o acontecido a seus pais.

Ele então lhe conta a história sobre um garoto da idade dele, que foi abusado sexualmente por um amigo bem mais velho. No fim da história, o aranha revela que a criança da história é ele próprio.

Nos anos 70, alguém dentro da Marvel teve a brilhante ideia de dar um carro para o Homem-Aranha. Um buggy, pra ser mais exato. E o resultado foi bem constrangedor.

Construído pelo Tocha Humana, o "Aranhamóvel" vinha em azul e vermelho, atirava teias e fazia outras maluquices da época. E a parte mais estranha? Peter Parker nem mesmo tinha carteira de motorista.

O carro apareceu recentemente no cinema, na animação Homem-Aranha: No Aranhaverso.

Por algumas vezes em sua carreira, Peter Parker pensou em desistir da carreira de super-herói e viver uma vida normal. Nunca dá certo, mas desta vez, deu bem ruim.

Na centésima edição da revista do herói, a última roteirizada por Stan Lee, Peter testa em si mesmo um antídoto que teoricamente tiraria seus poderes para sempre. Ao invés disso, ele ganha mais quatro braços.

Isso continuou por mais duas edições. Ridículo, mas hilário.

Em 2005, a Marvel lançou a minissérie Zumbis Marvel, que tinha roteiros de Robert Kirkman, criador de The Walking Dead. Nela vemos a versão mais trágica e decaída do Homem-Aranha... literalmente.

Na Terra-2149, os heróis da Marvel se transformaram em zumbis e devoraram toda a vida humana na Terra, as mesmas pessoas que eles costumavam salvar. Mas para o Aranha, a coisa foi pior.

Em um acesso de fome selvagem, ele retalhou e devorou sem nenhuma piedade Mary Jane e a Tia May, e desde então vive se culpando por isso. Ao mesmo tempo, ele não consegue evitar de matar ainda mais pessoas inocentes para aplacar sua fome, que nunca poderá ser saciada totalmente.

Em Guerra Civil, uma das sagas mais importantes e emblemáticas da Marvel nos últimos anos, os heróis se dividem entre duas facções, aquela história que você já conhece e que já foi adaptada no cinema.

Tal qual acontece no filme, Peter Parker fica do lado do Homem de Ferro, mas numa atitude burra, resolve revelar sua identidade secreta para o mundo inteiro. O que poderia dar errado, certo?

Poucas edições depois, o Aranha muda de lado, perde suas regalias, é perseguido por vilões, quase morre e é resgatado pelo Justiceiro. Sobrou até para a Tia May, que leva um tiro e força o herói a fazer um pacto com Mefisto para salvá-la.

Durante a saga Homem-Aranha Superior, o Doutor Octopus consegue transferir sua mente para o corpo de Peter Parker, que nada pode fazer. Mas é claro que sempre pode piorar.

Com a consciência ainda viva e com acesso a memórias passadas do vilão, Peter vê uma antiga lembrança de quando Octopus estava noivo da Tia May, o que por si só já é algo que a Marvel quer que você esqueça.

Nessa lembrança, vemos que a velha tia de Peter convenceu o Dr. Octavius a "queimar a largada" e levar ela para a cama antes do casamento. E Peter é forçado a olhar tudo.

Pobre Peter.

Na edição #365 da revista solo do herói, vemos os pais de Peter, Richard e Mary Parker, de volta à vida, dizendo ao filho que sobreviveram ao acidente de avião. Quem achou que isso parecia bom demais para ser verdade, acertou em cheio.

Na verdade, esses pais de Peter eram na verdade robôs criados pelo Camaleão para descobrirem a verdadeira identidade do Homem-Aranha e reportarem diretamente a ele. Quando isso aconteceu, o vilão mandou com que esses robôs matassem o cabeça de teia.

Peter é salvo por sua mãe-robô, que por ter se afeiçoado ao filho de mentira, traiu o Camaleão e destruiu o falso Richard, morrendo também no processo.

Essa a gente não podia deixar passar! Um dos momentos mais constrangedores de toda a história do personagem não aconteceu nos quadrinhos, mas sim no filme Homem-Aranha 3, de 2007.

Após entrar em contato com o simbionte alienígena que depois daria origem ao Venom, Peter muda de personalidade. Enquanto que nos quadrinhos ele se torna sombrio e agressivo, nos cinemas ele adota um cabelinho no melhor estilo emo e sai dando em cima de mulheres e fazendo dancinhas ridículas por aí.

Perdão por fazê-los reviver esse momento, mas era necessário.