Pra começar vamos tirar isso da jogada. Por mais que, quando vc olha pela primeira vez, Star possa parecer um desenho extremamente infantil, basta continuar vendo alguns episódios para notar que existe muita coisa pesada acontecendo ali.

Algumas tramas chegam ser até bem adultas, falando sobre desigualdade social, preconceito, puberdade e vários outros temas. Além disso, algumas das lutas de Star (especialmente na terceira temporada) chegam a ser até bem gráficas, algo que você definitivamente não esperaria de um desenho.

Logo que comecei a ver Star Vs As Forças do Mal, achei que cada episódio seria uma grande viagem psicodélica e que, no final das contas, não afetaria a continuidade, ou seja, nada estaria conectado.

Mas, conforme a trama avança, você passa a perceber que a maioria dos episódios está conectada a uma trama maior (ou então sendo mencionado em uma piada em um outro episódio). Tudo acaba se juntando, a única questão é isso não acontece como você espera.

Logo que chega na Terra, Star Butterfly era uma garota extremamente infantil que resolvia todos seus problemas com explosões mágicas, enquanto fugia de suas responsabilidades.

Ao longo das temporadas, no entanto, é possível ver como a personagem evolui, deixando de ser imatura, egoísta e até mimada para se tornar uma garota madura, altruísta e inteligente - capaz de sacrificar a própria felicidade e segurança para proteger os inocentes e seus entes queridos. Acompanhar essa evolução é algo muito interessante se de fazer.

Outro protagonista do seriado que rouba a cena é Marco Diaz, que serve para equilibrar a loucura de Star. Em vários episódios o personagem age como a voz da razão para sua amiga, ajudando seu desenvolvimento ao mesmo tempo em que se torna uma pessoa melhor por causa dela.

Ao lado de Star, Marco já liderou uma revolução das princesas, viajou para outras dimensões, passou 16 anos caçando uma criatura mágica e lutou contra monstros utilizando seu karatê, se tornando um personagem muito querido e indispensável no desenho.

Mas nem só Star e Marco brilham no desenho. Os personagens secundários, cada um com uma personalidade distinta bem trabalhada, também servem para deixar os episódios mais divertidos - e ajudar no desenvolvimento da trama.

Mesmo que não pareça, em pouco tempo você vai se pegar amando os personagens secundários e torcendo para que eles apareçam mais vezes, seja para fazer uma piada ou para lutar contra as forças do mal ao lado de Star.

E é claro que, conforme Star vai ficando mais madura, a trama do desenho também começa a ficar mais sombria. Ainda temos altas doses de humor e diversão, mas a grande história da temporada passa a ficar mais séria - existindo mais em jogo do que apenas Ludo querendo roubar a varinha de Star.

E o melhor de tudo é que a mudança que vai acontecendo é tão gradual e espontânea que não fica algo forçado, algo feito apenas para entrar na lista de “desenho cult” que se esforça pra ser mais tenso e bizarro.

Sim, a trama do desenho evolui e se torna mais madura, mas isso não significa que você não vai conseguir se divertir vendo a evolução da Star. Ainda que exista momentos mais obscuros e tensos, você sempre pode contar com alguma cena engraçada no meio do episódio.

Fora que alguns episódios são simplesmente fofinhos e divertidos e, ainda que não possam ser considerados filler por mostrar avanços na história, servem para te fazer rir e esquecer dos problemas do mundo (e do desenho).

Como falei na introdução, Star Vs as Forças do Mal segue a linha dos desenhos modernos e não fica atrás quando o assunto é críticas sociais. Em diversos momentos do desenho vemos temas mais adultos sendo debatidos de forma sutil.

Desigualdade social, injustiça, governos opressores, preconceito contra o que é diferente, luta pela individualidade em uma sociedade extremamente rígida… Tudo isso já foi debatido em Star, trazendo questionamentos importantes sem um tom professoral que possa atrapalhar o entretenimento.

Ainda que não seja tão presente quanto em Steven Universo, as músicas originais cantadas em Star vs As Forças do Mal conseguem ser bem divertidas, servindo tanto para divertir o público como também para trazer impacto na história.

Apenas Amigos e A Canção da Princesa Star, por exemplo, trouxeram grandes reviravoltas para a trama, por se relacionar com os dramas internos dos personagens - e do Reino de Mewni. Ah, vale lembrar que tanto no áudio original quanto na versão dublada, as músicas mantém o nível de qualidade.

Vamos lá, estamos falando da Disney! Todos nós crescemos consumindo o que era produzido por essa empresa e, Star vs As Forças do Mal, mesmo não tendo o mesmo orçamento de um daqueles filmes clássicos que marcaram nossa infância, ainda mantém o selo Disney de qualidade.

Desde que Gravity Falls chegou ao fim, o canal tem focado todas as suas atenções em Star fazendo que o desenho seja a grande aposta do Disney Channel - algo que tem dado muito resultado.

Então, bora dar uma chance pra esse desenho?