10 motivos para ler A Bússola de Ouro e a trilogia Fronteiras do Universo!

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10 motivos para ler A Bússola de Ouro e a trilogia Fronteiras do Universo!

Por Gus Fiaux

Fronteiras do Universo é uma das sagas mais brilhantes da literatura dessa geração. Escrita pelo autor Philip Pullman, e lançada de 1995 a 2000, a série está ganhando um novo interesse na atualidade, seja pela nova trilogia de livros situados no mesmo universo – O Livro das Sombras, cujo primeiro título, La Belle Sauvage, já foi publicado – ou pela série televisiva da BBC, que está sendo desenvolvida no momento.

Você provavelmente já conheceu a saga através de A Bússola de Ouro, a “adaptação” do primeiro livro que foi para os cinemas em 2007. No entanto, aqui selecionamos motivos pelos quais você deveria ir além e ler toda a trilogia Fronteiras do Universo, embarcando numa jornada em busca dos mistérios que circundam o Pó, os universos e até mesmo Deus. 

Créditos: Alexandra Tatu (Deviantart), Divulgação

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No limiar entre a fantasia e a ciência

Fronteiras do Universo é a saga perfeita para você porque tem um pouco de tudo. Quando a história começa, somos envoltos em um mundo de fantasia, com feiticeiras, ursos falantes que usam armaduras, espíritos animais que acompanham pessoas e os mais diversos elementos fantásticos. Mas aos poucos, a ciência vai se mostrando cada vez mais presente.

Conforme a série progride, fantasia e ficção científica caminham de mãos dadas. Há um foco grande na religião, mas também há espaço para a discussão de mundos paralelos e física quântica, da forma mais brilhante e inteligente que você possa imaginar. Os personagens fazem uma jornada não apenas por diversos mundos, mas também por múltiplos gêneros literários.

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Uma mitologia única

O mais interessante sobre os livros da franquia, A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar, é que os três constroem uma mitologia que não pode ser vista em nenhuma outra saga similar. Embora, como dito anteriormente, eles pegam elementos clássicos da fantasia, como bruxas, há uma construção diferente de tudo que já vimos em outras sagas como Harry Potter e As Crônicas de Nárnia, por exemplo.

Um dos exemplos mais incríveis que podemos citar são os Panserbjornes, a raça dos Ursos de Armadura, que possuem sua própria civilização e lutam entre si. Além disso, as raças e grupos desse universo se dividem de forma muito interessante, tomando base em grupos do mundo real, como os Gípcios que representam os ciganos.

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Daemons!

A saga nos apresenta algo incrível: o conceito de Daemons. Tratam-se de animais espirituais que acompanham as pessoas. Quando se é criança, seu daemon pode assumir qualquer forma, mas quando se torna adulto, ele assume uma única forma, que representa o espírito de seu "dono". E, em A Bússola de Ouro, eles têm um papel fundamental.

Mas não se engane. Apesar de fofos, esses bichinhos estão no centro de uma trama macabra e assustadora, conforme membros do Magisterium - a Igreja - e outras figuras diabólicas pretendem fazer alguns experimentos tenebrosos com eles. E, não vamos nos esquecer do macaco dourado da Sra. Coulter, um daemon que poderia muito bem ser a representação viva do capeta!

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Uma protagonista endiabrada

A saga começa do ponto de vista de Lyra Belacqua, uma menina que é bem diferente do que esperamos de séries de fantasia. Ela é atentada, não liga muito para as regras e se comporta como um diabinho, mas não deixa de ser inteligente e astuta. Diferente de outras sagas, onde só queremos que o protagonista morra, em Fronteiras do Universo, realmente torcemos para que Lyra fique bem.

O segundo livro apresenta um novo protagonista, o jovem Will Parry, que por sua vez, também é bem diferente de outros personagens principais. Embora os dois sejam crianças, eles viveram coisas muito assustadoras, e se ajudam de uma forma peculiar, enquanto representam figuras de criação para uma nova ordem universal.

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Crianças em destaque

Aliás, um dos pontos mais interessantes da saga, como um todo, é a forma como ela representa e traz o potencial das crianças à tona. Estamos mais que acostumados a ler livros e ver filmes onde crianças são tratadas como pessoinhas burras, e aqui não é o caso. As crianças e adolescentes têm um papel fundamental, mas em momento algum são tratadas com desprezo ou como inferiores.

Ao contrário, a saga mostra o poder da infância e da inocência. Um exemplo claro disso acontece em A Faca Sutil, o segundo livro da trilogia, que mostra um universo habitado pelos Espectros da Indiferença, vampiros emocionais que atacam adultos, mas não enfrentam crianças. Além disso, a saga acaba cutucando a ferida de como os adultos, muitas vezes, são cruéis e insensíveis.

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Vários tons de cinza

Particularmente falando, o aspecto que mais me atraiu para a leitura de A Bússola de Ouro e suas continuações foi a ambiguidade moral de seus personagens. Conhecemos as pessoas mais diversas, desde a nossa querida protagonista Lyra da Língua Mágica até seus aliados e inimigos, como os Gípcios, as Feiticeiras, o urso Iorek Byrnison e os misteriosos Lorde Asriel e Sra. Coulter.

Todos eles, sem exceção, tem uma moralidade muito dúbia. E não porque o mundo é cruel e terrível, mas porque cada um deles possui sua própria noção de bem e mal. E isso é representado de uma forma muito brilhante, já que cada personagem, por mais maquiavélico que seja, é aprofundado de uma forma muito forte. Ao ler a obra, você vai ter sentimentos conflituosos pelos diferentes heróis e vilões, pois pode odiá-los em uma página e amá-los e apoiá-los no capítulo seguinte.

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Infanto-juvenil, mas nem tanto assim

"Ah, Gustavo. Mas como essa saga pode ser diferente de tantos outras aventuras infanto-juvenis atuais?" Justamente por isso. Apesar de sua ambientação fantástica e seus protagonistas pueris, Fronteiras do Universo só se encaixa no perfil infanto-juvenil superficialmente, pois conta uma história muito mais adulta do que se espera.

Aqui, há elementos pesados e que não são comuns nesse tipo de literatura. Falamos de sequestro de crianças, "mutilação", abandono parental e várias outras tramas que tornam a história bem mais complexa do que um simples conto de fadas. É uma trama que vai te fazer refletir, e que não menospreza a inteligência do leitor, seja falando do voo das feiticeiras ou de partículas elementares e matéria-escura.

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Consciência crítica

Aliado ao que foi dito no item anterior, há um elemento muito importante que você precisa saber antes de dar uma chance para Fronteiras do Universo: a saga, antes de mais nada, é uma crítica feroz e destruidora à instituição da Igreja Católica. É uma cutucada na ferida do que a religião propagou no mundo desde a Idade Média, e como a fé aliada ao poder é uma das coisas mais perigosas do universo.

Isso gerou um boicote pesado ao autor Philip Pullman, que foi acusado de blasfêmia e heresia várias vezes. Ainda assim, a história tenta tomar o caminho mais racional, justamente inserindo o contexto da ambiguidade de cada personagem. Infelizmente, a pressão da Igreja chegou a afetar o desenvolvimento da série no cinema, e foi uma das causas pelo fracasso do filme de 2007.

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Uma história cada vez maior

Outra coisa muito importante que deve ser falado da saga é a forma como ela não deixa de crescer a cada livro. Se A Bússola de Ouro é uma história já global, que mostra a preocupação com as crianças de todo um mundo, A Faca Sutil já expande essa história para outros universos, e a constante perseguição do Magisterium para derrotar os hereges.

Na hora que chegamos em A Luneta Âmbar, já estamos em um universo muito mais amplo, onde os exércitos de diversos mundos paralelos se juntam em um objetivo grandiloquente e profano: Matar Deus. É uma saga que nunca vai deixar de te surpreender, e que promete reviravoltas importantes em cada página. Chega a ser difícil encontrar algum capítulo que seja "lento" ou que não esteja à altura da obra completa.

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Nos cinemas e na TV

Como dito no item de introdução, a saga já recebeu uma adaptação para os cinemas. Lançado em 2007, A Bússola de Ouro dividiu opiniões, principalmente dos fãs. Embora seu início seja bem fiel à obra, ele vai sendo diluído para ficar mais infantil, e não tem o final chocante e pesado do primeiro livro - em parte devido às críticas que o estúdio estava recebendo da própria Igreja Católica.

No entanto, a franquia terá uma nova oportunidade de brilhar, dessa vez na televisão. A BBC está desenvolvendo uma série de Fronteiras do Universo, que provavelmente deve estrear no ano que vem. Tom Hooper, de Os Miseráveis, está envolvido na produção, e a jovem atriz Dafne Keen - que você conhece como a X-23 de Logan já foi contratada para viver Lyra Belacqua.