A parte final da saga que começou com Complexo de Messias mostra Cable e Hope Summers voltando do futuro para o presente e lidando com diversos inimigos, como Bishop e Bastion.

A história é um “final” muito satisfatório para uma longa história que começou com Dinastia M, preparando o terreno para Vingadores vs X-Men e definindo Hope Summers como a mais importante mutante do planeta. Enquanto Bastion e os outros inimigos caçam Hope, a equipe precisa lidar com a morte do Noturno e o fato de que a jovem mutante pode ser a única salvação de toda a espécie.

A trama também traz a revelação de que o Ciclope havia criado uma equipe chamada X-Force para utilizar força letal para lidar com as ameaças mais poderosas e iminentes aos mutantes, porém, nem todo mundo gosta disso, o que acaba se tornando uma das maiores causas da Cisma entre os X-Men.

Atualmente, Rick Remender não é, nem de longe, um dos melhores escritores de HQs, porém, teve uma época na qual ele brilhou e esteve em seu auge. A época da Fabulosa X-Force.

Nos quadrinhos, o Ciclope havia mandado o Wolverine debandar a X-Force, porém o carcaju não fez isso e apenas tornou a equipe ainda mais secreta.

Na primeira saga da nova revista da equipe, descobrimos que o Apocalipse está de volta, dessa vez na forma de uma criança. Porém o Arcanjo prometeu que faria de tudo para matá-lo caso o vilão ressurgisse novamente. Lutando contra o clã Akkaba, a história é densa, cheia de detalhes e pavimenta o caminho para uma das mais importantes e tensas revistas atuais dos X-Men.

Com Wolverine, Arcanjo, Fantomex, Psylocke e Deadpool na equipe, Fabulosa X-Force faz o que pouquíssimos quadrinhos conseguem fazer: uma história muito boa, personagens envolventes e que interagem de maneira orgânica e uma trama realmente interessante e diferente. Tudo isso regado com a arte impecável de Jerome Opeña.

Após diversas discordâncias entre Ciclope e Wolverine, os personagens, que estavam tendo um relacionamento mais saudável recentemente, acabaram ficando de lados opostos durante a Cisma. Após a descoberta da X-Force, da crença de Scott de que Hope é a Messias Mutante e várias brigas durante a própria revista, ao final de Cisma os X-Men estavam divididos.

O evento é focado no surgimento de um novo Clube do inferno, que faz com que Ciclope ordene que a jovem mutante Oya “faça o que for necessário” para salvar os X-Men e os civis em uma exposição sobre a equipe em um museu - enquanto o Wolverine diz para ela fugir.

No fim, a jovem utiliza seus poderes para matar vários soldados do Clube do Inferno, o que faz com que Wolverine fiquei com raiva de Ciclope ter permitido que uma criança fizesse isso. Isso se atenua quando um sentinela gigantesco é mandado para Utopia, a ilha que era o lar dos X-Men naquele momento, e apenas os mutantes mais jovens estão lá para proteger o local.

Enquanto Wolverine diz que a melhor coisa a se fazer é explodir a ilha e fugir com as crianças, Ciclope diz que todos que quiserem lutar, deveriam lutar. Os dois heróis então começam a lutar enquanto o sentinela ataca Utopia, no fim eles se juntam a Hope e aos outros jovens e conseguem derrotar o sentinela, mas a partir dali, os X-Men acabaram.

A trama continua em Regenesis, saga na qual vemos as equipes sendo separadas e divididas. Junto de Ciclope ficam Emma Frost, Colossus, Tempestade, Magneto, Magia, Psylocke e Namor, enquanto Fera, Homem de Gelo, Kitty Pryde, Gambit, Vampira e Míssil vão junto de Wolverine abrir a “Instituto Jean Grey para Jovens Superdotados. No fim alguns foram “mudando de lado”, e com Vingadores vs. X-Men ocorrendo logo em seguida, tudo acabou mudando novamente.

Remender continuou com o ótimo trabalhou durante toda a sua estadia com a X-Force, porém nem mesmo o primeiro arco consegue ser tão denso e pesado quanto A Saga do Anjo Negro.

Nas edições anteriores da revista, vemos cada vez mais a personalidade do Arcanjo tomando poder sobre Warren, fazendo com que a X-Force precise buscar a ajuda do Fera Negro, de Era do Apocalipse. Obviamente as coisas não dão certo e eles são traídos, ficam presos na dimensão original do vilão e, no fim, precisam travar uma guerra contra Warren e uma equipe de vilões que ele criou.

No clímax do arco, Psylocke consegue apunhalar o Archanjo com uma “semente da vida”, algo que poderia purificar e destruir a semente da morte, plantada por Apocalipse, que está dentro do herói. Contudo, isso não apenas destrói a “persona” Arcanjo, como também acaba com todas as memórias de Warren, fazendo com que ele se torne uma “folha em branco”, sem nenhuma memória de sua vida anterior.

A cena em que Betsy “mata” o amado é bela e emocional, passando uma emoção que a guerreira ninja quase nunca se deixa mostrar. Ao fazer com que Warren vivencie toda uma vida em sua mente antes de “matá-lo”, a heroína dá a ele a vida que sempre desejou para eles, porém, que jamais seria possível para ela viver.

Vingadores vs. X-Men é uma das mais importantes sagas dos X-Men na atualidade. A trama é simples: Os X-Men sabiam o que estavam fazendo, os Vingadores - por decisões editoriais ruins - decidiram se meter onde não foram chamados e mexer com forças as quais eles não compreendiam.

A história é uma continuação direta de tudo o que vinha sido construído desde Dinastia M: com a Força Fênix voltando para a Terra, Ciclope acredita que Hope deve ser a hospedeira do ser cósmico e, aí sim, trazer os mutantes de volta após a Dizimação. Os Vingadores, contudo, acham que a Força Fênix é algo poderoso demais e decidem destruir uma força cósmica com poder sobre a vida e a morte que existe desde o início do universo.

As duas equipes entram em guerra devido suas convicções. Wolverine acha que é melhor matar Hope, enquanto o Homem de Ferro decide criar uma arma para destruir a Fênix. Obviamente, o plano dos Vingadores dá errado e Ciclope, Emma Frost, Namor, Magia e Colossus se tornam hospedeiros da Força Fênix e decidem ajudar o mundo e os mutantes, mas tudo acaba dando errado e o poder lhes sobre a cabeça.

No fim, Hope, com a ajuda da Feiticeira Escarlate, consegue absorver a Força Fênix e traz os mutantes de volta... Exatamente como Ciclope havia dito que ocorreria. A trama serve bem para mostrar como os X-Men, não importa onde quer que eles estejam, sempre serão julgados e temidos, até mesmo por aqueles que se dizem seus aliados - além de mostrar Wolverine, Fera e os Vingadores como verdadeiros hipócritas. Não é um bom momento para nenhuma das duas equipes, mas é definitivamente icônico e trouxe ótimas repercussões.

Na história anterior da revista, os X-Men foram para o universo de *A Era do Apocalipse” e, ao vencer uma grande batalha com a ajuda de outros X-Men de realidades alternativas, eles voltam para a casa, contudo, o Homem de Gelo acaba sendo “infectado” por uma semente do Apocalipse.

A trama então mostra Bobby Drake se tornando um grande vilão, acessando seus poderes de mutante ômega e colocando todo o planeta em uma nova era do gelo. A trama mostra todas as ex-namoradas do personagem se unindo para enfrentá-lo e tentar impedir que ele mate toda a vida no planeta.

Marjorie Liu, que escreve a história, foi uma das melhores roteiristas que passou pelas revistas dos X-Men (e também uma das mais subestimadas), trabalhando muito bem cada um dos personagens que decidiu dar foco. Com o Homem de Gelo, ela acessa um local muito profundo e sombrio do personagem, algo que pouquíssimos outros autores sequer tentaram fazer.

Através de uma análise minuciosa de como todos os relacionamentos do herói falharam, de como ele é extremamente fechado sobre sua vida pessoal e o fato de que ele está “desejando por algo” que parece ter medo de aceitar - e sempre utilizando-se de piadas para se esconder isso, a história é quase que uma prévia do que estava por vir para o personagem nos anos seguintes, com ele assumindo sua sexualidade e superando o momento de depressão apresentado na saga.

”É o fim do mundo. Esse é meu outro sonho. Não existe mais nada. Nem mesmo eu. Eu sinto minha alma se quebrando, como se eu fosse a neve. E o que me assusta, é que eu não me importo. Algumas vezes eu acho que gostaria de me perder. Seria mais fácil sumir, me tornar uma pessoa nova. Mas eu não posso fazer isso. Eu não tenho tanta sorte”, diz Bobby logo na primeira edição do arco, deixando claro o estado de espírito do herói na excelente história.

”Meus colegas mutantes… Eu sei que vocês estão por ai e eu sei que vocês podem me ouvir. Ninguém mais vai fazer isso por nós. Nós temos que lutar por nós mesmos.

E se você precisa de ajuda, estaremos ai para te ajudar. Assim como nossos amigos humanos, nossos apoiadores. Nós sentimos seu amor e vamos lutar por vocês também. Mas para aqueles que querem negar nossa liberdade…

A luta está indo até vocês. Acabamos de derrotar os Vingadores sem levantar um dedo. Como você acha que vai se sair?"

Dizendo essas palavras, em frente à várias câmeras, Ciclope deixa claro para o que veio e qual será o tom de sua ”rebelião mutante”. Junto de Emma Frost, Magia e Magneto, Scott Summers se torna um “terrorista mutante” (como é chamado pela S.H.I.E.L.D., Vingadores e outros X-Men) disposto a fazer tudo para que as pessoas parem de matar e torturar mutantes pelo mundo.

Com uma história extremamente política e na qual vemos o herói finalmente indo para a briga e lutando pela liberdade e direito de viver de sua espécie, Scott começa a recrutar novos alunos, como Tempus e Bolas Douradas, e a os preparar para ajudar seu povo.

Após um grande evento como Vingadores vs. X-Men, no qual Ciclope quase viu seu sonho de trazer os mutantes de volta como uma grande e poderosa raça indo por água abaixo, era de se esperar que ele fosse ter uma visão bem diferente de seus antigos colegas e do resto do mundo.

O arco define Ciclope como o líder que os X-Men precisam nesse momento, disposto a fazer qualquer coisa pelo seu povo e cruzar qualquer linha que seja necessária para que mutantes inocentes vivam para ver outro dia.

X-Factor: Investigações foi, por um bom tempo, uma das melhores revistas da Marvel. Bem separada de toda a bagunça de evento atrás de evento e várias sagas envolvendo o fim do mundo e mudando tudo a cada seis meses, a revista de Peter David se manteve fiel aos fãs.

Claro que, vez ou outra (provavelmente por pressão da Marvel), o quadrinho fazia ligações com outras revistas e eventos, mas em sua maior parte ela era bem focada em sua própria história e personagens. Escrevendo os personagens desde 2006, a saga final de X-Factor é uma carta de amor de Peter David para os fãs. Ele sabe o quanto esses personagens foram importantes para tantas pessoas e tudo o que esses mais de sete anos acompanhando os personagens significaram.

Madrox, Rahne, Layla, Monet, Polaris, Rictor, Shatterstar e Longshot cada um recebe um final satisfatório e bem definitivo - tanto que é quase que um pecado cada vez que algum deles foi aparecendo em outras revistas e tendo o desenvolvimento apresentado nas últimas edições do título apagados.

Com histórias belas e sensíveis, damos adeus a uma das melhores equipes que as revistas mutantes já viram, com o tipo de sentimento, carinho e tenor que somente alguém que realmente se importa com esses personagens poderia dar.

Depois de mais de dez anos morta, Jean Grey voltou à vida. Porém, nada mudou. O sonho do Xavier ainda é um sonho, mutantes ainda são odiados, temidos e caçados, e a X-Men original precisa fazer algo em relação a isso. A equipe de Jean Grey então precisa lutar contra, não apenas Cassandra Nova, mas sim uma multidão de pessoas que é levada a acreditar que a heroína é uma assassina.

O título se destaca ao ter uma abordagem muito mais voltada para a política, nesse caso, Fake News e o condicionamento da mídia sobre a sociedade. Tom Taylor apresenta uma trama rápida e ágil, porém extremamente importante, principalmente quando se leva em conta que toda a trama gira em tordo da mídia se tornar uma arma contra os X-Men.

As revistas mutantes sempre foram envoltas em comentários sociais, dessa vez, focando-se em políticas de ódio e em como é fácil fazer com que uma população marginalizada seja odiada ainda mais através de mentiras. Ao abordar a manipulação de poder, perpetualização do ódio e a ignorância das massas, a HQ faz o que tramas como “Deus Ama, o Homem Mata” fizeram anos atrás: pegar um grande problema das minorias atuais e colocar isso no coração dos X-Men.

O mais recente evento dos X-Men também é um dos melhores já vistos nos últimos 30 anos de histórias mutantes. Depois de tanto, tanto tempo sempre caçados, mortos, discriminados e odiados, os X-Men finalmente estão dando a volta por cima.

Toda a trama tem por trás um antigo e sábio ditado: Os humilhados serão exaltados.

Toda a história começa com Moira MacTaggert revelando que é uma mutante e seu poder é o de alterar completamente a realidade a cada vez que morre e ressuscita. Em nove realidades diferentes ela vê os mutantes sendo atacados, odiados e mortos e decide fazer algo para mudar isso. Ela vai recolhendo todas as informações possíveis sobre as maiores ameaças aos mutantes e às maneiras de pará-los, até chegar em sua décima encarnação e despejar tudo na mente de Charles Xavier.

Moira, Charles e Magneto, então, se juntam para que, finalmente, os mutantes tenham uma chance. Além disso, é revelado que com a ajuda de cinco mutantes diferentes, é possível que os mutantes estejam sempre voltando a vida, o que faz com que os números da espécie aumentem. E eles também possuem um novo lar, dessa vez a ilha sentiente Krakoa.

Idealizada por Jonathan Hickman, o evento dá início a nova era editorial dos X-Men, chamada de Dawn of X, com os mutantes tendo um grande lugar no universo Marvel, com eles sendo respeitados e deixando claro que, mesmo que estejam em paz com os humanos, eles não confiam neles.

E depois de tanto tempo, já estava na hora. O sonho de Xavier de coexistência era apenas isso, um sonho. Agora eles possuem poder sobre si mesmos e estão fazendo de tudo para que nada, nem ninguém, atrapalhe o novo status quo.

Se Hickman vai ficar a frente dos títulos mutantes por um bom tempo, e se a Marvel não vai reverter os X-Men para a estaca zero quando ele sair do posto, ainda não sabemos. Mas por enquanto, o escritor está finalmente dando o que é de direito para a equipe, que merecia algumas vitórias depois de todas as derrotas.