Embora na superfície possa parecer que o legado da franquia da Blizzard se deva mais aos clássicos medievais, é inegável a presença de elementos Lovecraftianos nos games.

Como o mapa de Azeroth e criaturas medonhas como C'thun e Yogg-Saron, sem falar de toda a mitologia dos velhos Deuses. A lore de Warcraft possui uma influência nítida do autor.

Embora Fallout seja uma franquia em geral que carrega influências de autores de ficção (como Lovecraft), a influência do autor se faz escancaradamente notável na DLC Far Harbor.

Da ambientação do mapa, até a atmosfera evocados por aquele ambiente, são extremamente condizentes com os vilarejos de pesca de contos Lovecraftianos, tal qual o município portuário de Innsmouth.

Darkest Dungeon é um jogo indie produzido pela Red Hook Studios (que já possui no nome uma referência ao conto de Lovecraft).

Na trama, o jogador herda uma mansão e deve explorar seu subsolo com uma galeria de heróis. O fator procedural do jogo (que gera salas aleatoriamente) acaba rendendo uma experiência punitiva, porém recompensadora.

A estética do game flerta bastante com o horror gótico, mas tem vezes em que descamba totalmente para o cósmico.

Uma das mecânicas do jogo que "brinca" com a distorção da sanidade dos protagonistas é o nível de estresse que vai aumentando gradualmente, afetando a exploração.

Sherlock Holmes e Lovecraft podem parecer uma combinação atípica e só vi acontecer duas vezes até hoje: em um conto de Neil Gaiman e nesse jogo da Frogware.

A respeito do conto, Gaiman falou que foi feito sob encomenda e que se sentiu intimidado em escrevê-lo. Lovecraft tece um universo pessimista, apavorante e completamente ilógico, enquanto as obras de Holmes costumam ter uma pegada lógica, calculista e pé no chão.

O resultado do conto é muito bom e esse jogo da Frogware é incrível. Nele, Holmes investiga o sumiço de um homem descobrindo uma série de desaparecimentos nas docas, que o leva a encontrar um corpo mutilado num templo subterrâneo. A partir daí, a espiral de loucura vai se desenrolando e seria um desserviço à trama desse jogo entregar muito da história. É Lovecraft, é Sherlock Holmes e é muito bom.

Quem teve a chance de jogar esse exclusivo da GameCube entende a presença nessa lista, criando diversas narrativas antológicas com um tema cósmico em comum: os Eternos, criaturas que buscam escravizar a humanidade através das eras.

Além dos temas cósmicos, Eternal Darkness fazia uso deles no gameplay, pregando peças no jogador que incluíam deletar até o save.

O clássico contemporâneo de horror, que popularizou o gênero "jogo pra youtuber levar susto", possui uma forte influência Lovecraftiana, como horrores que distorcem a sanidade do seu personagem e a incapacidade de lidar com esses horrores pelas vias mais diretas.

Dando uma respirada da atmosfera densa e sufocante dos jogos até aqui, Cthulhu Saves The World é um RPGzinho divertido que satiriza a mitologia cósmica de Lovecraft, subvertendo o gênero de maneira bem humorada num game que vale a pena conferir.

Esse aqui já veste a influência cósmica no título. No jogo em si, temos um FPS que adapta a história "Sombra sobre Innsmouth" e jogamos com o detetive Jack Walters, contratado para investigar a cidade portuária de Innsmouth e tropeçando em horrores maiores do que sua sanidade pode conceber.

O jogo é tido como um dos melhores FPS de horror que têm por aí. Porém foi um fracasso comercial que fechou sua produtora e consequentemente minou a existência de sequências (haviam duas planejadas).

O jogo da From Software começa emulando uma pegada mais horror gótico, descendendo aos poucos na espiral de loucura, brindando-nos com ótimas mecânicas que refletem essa loucura (os insights).

Há diversas referências e homenagens estéticas, até mesmo imbuídas na narrativa, claramente influenciada pela mitologia Lovecraftiana.

Um jogo em que você é um capitão de navio que vai recrutando sua tripulação, cumprindo missões, entregas e avançando a narrativa podia escolher uma roupagem mais tradicional.

Mas Sunless Sea não aposta nisso. Muito pelo contrário: as variáveis de enlouquecer, no jogo, incluem comer sua própria tripulação, topar com criaturas bizarras e se envolver nas mais estranhas histórias, tudo com um toque especial na escrita (que é muito boa, por sinal) para te emergir ao máximo na loucura cósmica.

Só cuidado para não se afogar nela.