Mas no final das contas, o que é essa tal de “A Torre Negra”? É bom sentar, porque essa tem bastante história. A Torre Negra é uma saga literária do icônico, muito amado e muito odiado, Stephen King, que começou lá no final da década de 70.

São 7 livros em sua continuidade original – O Pistoleiro, A Escolha dos Três, As Terras Devastadas, Mago e Vidro, Os Lobos de Calla, A Canção de Susannah e A Torre Negra – além de um livro mais recente, de 2012, com um pouco mais da história que se passa entre a quarta e a quinta partes da saga, e uma série em quadrinhos – sem contar o filme e série planejados.

A trama, sem dar spoilers, acompanha o último pistoleiro de um mundo devastado, Roland Deschain, em sua caçada pelo Homem de Preto e pela Torre Negra.

Uma coisa importante para entender A Torre Negra e seu desfecho é o tempo que a saga demorou para ser publicada. O primeiro livro da série, “O Pistoleiro”, começou a ser lançado em 1978, dividido em 5 pequenas histórias, pela The Magazine of Fantasy and Fiction. Só em 1982 a primeira história de Roland ganhou o formato de livro mesmo.

Depois de O Pistoleiro, o próximo livro da saga, A Escolha dos Três, só foi publicado em 1987 e é a partir dele que a história ganha um contexto mais contínuo, quando são apresentados os outros componentes do ka-tet – grupo – do Roland.

As coisas estavam indo bem depois d’A Escolha dos Três para os fãs, quando As Terras Devastadas foi lançado em 1991, mas Mago e Vidro só veio em 1997 – para o desespero de quem acompanhava a história, quando Terras Devastadas termina em um gancho agoniante.

Por fim, a história ganha um final rápido depois de Mago e Vidro, com os três últimos livros publicados, cada um, com um ano de diferença a partir de 2003, em uma urgência do autor de finalizar a história. A história praticamente acompanha toda a carreira de King até os anos 2000, passando, inclusive, por um acidente que quase matou o autor – e influenciou os livros.

E sobre influências, a melhor forma de descrever A Torre Negra é um encontro entre o trabalho do Tolkien com o faroeste do Sérgio Leone. Na verdade, o próprio King coloca o trabalho dessa forma. Mas, antes de Tolkien e Leone, a história é inspirada no poema de Robert Browning, “Childe Roland à Torre Negra Chegou”, de 1855. Já Browning empresta um pouco de William Shakespeare, da peça Rei Lear, e Shakespeare se inspirou no conto de fadas “Childe Rowland”. Longa história, né?

O protagonista, Roland Deschain, ou Roland de Gilead, possui uma história bem complexa e não revelada completamente. O visual do personagem – que causou bastante polêmica na adaptação cinematográfica – é descrito em uma espécie de mistura do próprio Stephen King com Clint Eastwood. Um cowboy chegando à meia-idade – ainda que, por diversas razões, ele pareça ser mais “antigo” que isso -, traduzido em toda a “feiura bela” que o autor gosta de usar em suas histórias, solitário.

Segundo o próprio King, a maior inspiração para Roland é Clint Eastwood no filme “Pistoleiro Sem Nome”. Aliás, Roland é o último Pistoleiro de Gilead, que gerou toda uma linhagem desses heróis – se falarmos muito sobre eles, a possibilidade de grandes spoilers é muita – e, em síntese, seu foco principal é alcançar o Homem de Preto e chegar à Torre Negra.

O Ka é um elemento fundamental para a história. Seria algo próximo à definição de destino, mas não exatamente. Ka é uma força misteriosa que lidera e influência todas as criaturas vivas – e não-vivas – do universo da Torre Negra. O site oficial da Torre Negra descreve o Ka como, “Ka significa força vital, consciência, dever e destino. Em linguagem vulgar, também significa um lugar para o qual um indivíduo deve ir”.

E dentro do Ka, existem algumas concepções e conceitos que também são importantes para a história. Entre eles está o “ka-tet”, que é um grupo de seres que foram reunidos pelo Ka. A partir do segundo livro, a história da Torre Negra reúne e segue a história do ka-tet do Roland, ou ka-tet 19, que é composto por Eddie Dean, Odetta/Detta/Susannah, Jake Chambers, Oi e Donald Callahan.

Antes da formação do ka-tet principal da trama, Roland teve outro grupo, quando era mais jovem, composto por Cuthbert, Jamie, Alain e Susan, mas esses são para outra história.

Mas e a Torre? O que é a Torre Negra? Ela existe? Na verdade, a Torre Negra que Roland busca é uma metáfora, mas também é um lugar, onde estão contidos todo o tempo e espaço. A Torre é o centro de tudo, algo tão grande e poderoso que é difícil para um humano compreender todo seu sentido. Complexo, né?

Sintetizando, Roland quer chegar à Torre para reverter o estado de seu mundo, que está, literalmente, caindo aos pedaços, tanto no sentido físico da coisa, quanto no sentido de tempo e espaço.

Um dos recursos usados por King, principalmente depois do quarto livro, é a metalinguagem e a inclusão de personagens de outras histórias de seu currículo dentro d’A Torre Negra, algo não tão bem recebido pelos leitores. O próprio King está nos livros, incluindo uma passagem bem específica de sua vida na trama, além do Padre Callahan, vindo de “Os Vampiros de Salem”, entre outros.

Sobre outras mídias, A Torre Negra também possui uma série em quadrinhos. Com a publicação começando em 2007, pela Marvel Comics, os primeiros quadrinhos traduziram parte de “O Pistoleiro” e os flashbacks de “Mago e Vidro”.

Depois, histórias inéditas da vida de Roland foram contadas, como a Batalha da Colina de Jericó, citada nos livros. A série continua sendo publicada, depois de finalizada a história d’O Pistoleiro, adaptando o segundo livro da saga, A Escolha dos Três.

Além dos quadrinhos, depois de muito tempo em negociações, a Torre Negra ganhará filme e série. Já com material divulgado, o filme da saga será estrelado por Idris Elba no papel de Roland, com estreia prevista para Fevereiro de 2017. Uma série baseada nas histórias de Mago e Vidro está prevista para o final de 2017/começo de 2018.