10 coisas mais legais (ou não) que toda locadora de games tinha

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10 coisas mais legais (ou não) que toda locadora de games tinha

Por Raphael Martins

Vídeo games nunca foram baratos aqui no Brasil, mas durante as décadas de 80 e 90, conseguir um era particularmente bem mais difícil do que é hoje. A grande maioria de consoles ou eram clones ou eram contrabandeados, e quando acontecia de serem lançados oficialmente em território nacional, o preço era um insulto de tão caro. Sim, bem mais do que é hoje.

Por sorte, o gamer daquela época sempre podia contar com as locadoras de games para curtir os lançamentos e matar sua vontade. O jogador se divertia, o dono da locadora ganhava uma grana e todo mundo ficava feliz… até dar a hora de terminar, é claro.

Nesta lista, separamos dez coisas bem peculiares que tinham dentro de toda locadora que se prezasse, mesmo quando elas não eram lá tão legais assim. Boa leitura e não derrube o controle, senão é menos dez minutos!

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A galera

Quando se andava por tempo demais em uma locadora, inevitavelmente você acabava fazendo amigos, já que estava sempre vendo as mesmas pessoas, que se não jogavam no console do lado, estavam em algum lugar por ali e era impossível não topar com elas pelo corredor.

Mas não era só amizade que rolava. Também existia muita rivalidade, que às vezes até ia às vias de fato, com moleques rolando pelo chão na porrada depois de uma derrota mal assimilada ou uma provocação que não dava pra aturar.

Mas no final do dia, todo mundo voltava pra casa tendo se divertido e já ansioso pelo dia seguinte, onde ia continuar sua aventura e encontrar seus amigos de sempre.

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Leis

É claro que não dava pra controlar dezenas de crianças com os nervos à flor da pele na frente daquelas máquinas de sonho sem que fossem estipuladas algumas regras, senão virava baderna. Assim, não era raro que muitas locadoras tivessem suas leis, que se não obedecidas, podiam terminar até em banimento!

Derrubou o controle no chão? Menos dez minutos. Gritou um palavrão mais tenso? Tomava um “cala a boca” de alguém mais velho. Puxou o controle com muita força e derrubou o console? Iiih... aí era bem mais complicado.

Os casos mais graves eram os de agressão física, que pelo menos nas locadoras onde esse que vos escreve jogava, terminavam com expulsão.

Trilha sonora

Adentrar uma locadora de games era uma experiência à parte. Na mesma hora, incontáveis sons chegavam aos ouvidos do recém-chegado, e alguns se repetiam com tanta frequência que acabavam se tornando uma espécie de “trilha sonora” do lugar, um conjunto de sons específicos que só se ouvia nesses estabelecimentos.

Comumente, a “trilha sonora” de uma locadora era composta pelo grito da torcida de International Superstar Soccer, a famosa música-tema de Top Gear, os gritos de Ryu disparando seu Hadouken em Street Fighter e os sons dos gritos dos guerreiros de Mortal Kombat. Não costumava variar muito além disso, mas há músicas de outros jogos que também sempre eram ouvidas por lá.

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Lançamentos

Em uma época onde lançamentos simultâneos eram raros até lá fora, a única maneira de ter acesso a um game mais novo era nas locadoras, que davam seu jeito misterioso para conseguir os games mais aguardados o mais rápido possível.

Mortal Kombat 3, por exemplo, foi uma febre enorme quando chegou aos consoles de mesa em 1995. Durante dias e por vezes meses, jogá-lo só era possível se você chegasse cedo, pedisse assim que alguém terminasse de jogar ou pegasse um lugar em uma fila, que nunca era pequena. Para alugar e levar para casa, então, era ainda mais complicado, mas sempre se dava um jeitinho de conseguir jogar.

Consoles novos ou de acesso mais difícil, como o Neo Geo e o PC Engine, também faziam a alegria da galera, mesmo custando mais caro que o normal para jogar.

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Pérolas

Fora os lançamentos e os títulos já consagrados, que sempre eram pedidos, havia ainda aqueles games mais desconhecidos ou que só saíram no Japão, pérolas escondidas e intocadas pelo hype que faziam a alegria daqueles que queriam experimentar algo novo.

Jogos como Sparkster, Ogre Battle, Fighter’s History e Parodius eram sempre pedidos e jogados, embora estivessem longe de serem celebrados e lembrados como um Street Fighter ou um Chrono Trigger da vida.

Se não fossem as locadoras e o mercado cinza, talvez alguns títulos ainda permanecessem desconhecidos e não fossem lembrados com saudade até hoje por quem os jogou naquela época.

Versões “exclusivas”

Havia jogos que só eram encontrados em locadoras e mais nenhum outro local. As lojas normais não os vendiam e ninguém sabia ao certo como eles iam parar lá, mas ali estavam eles.

Tratam-se de hacks mais elaborados, versões “exclusivas” de jogos famosos que não foram comercializados oficialmente. Entre eles dá pra citar o famoso Campeonato Brasileiro, uma versão de International Superstar Soccer Deluxe com times do Brasil e narração em um portunhol bem carregado.

Outro bem famoso era o Ronaldinho Soccer 97, que era parecido com o Campeonato Brasileiro, mas tinha outros times, outra narração (também em portunhol) e uma abertura diferente.

Hacks malucos

Os jogos citados no item anterior eram hacks mais elaborados, mas estes aqui são tão surreais que ninguém acreditaria que um dia existiram se não os tivessem visto com os próprios olhos.

Sonic 4, por exemplo, trazia o Sonic para o Super Nintendo, substituindo o Ligeirinho em Speedy Gonzales: Los Gatos Bandidos pelo famoso ouriço azul da Sega, que na época era rival ferrenho do Mario.

Outro hack de responsa era o Mortal Kombat Trilogy para Mega Drive, um cartucho com impressionantes 80mb de memória, algo tido como impossível para o console de 16 bits. Tinha todas as vozes, personagens, narração e tudo mais!

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Idioma próprio

Os frequentadores das locadoras de games tinham um dialeto próprio, uma maneira toda peculiar de falar certas palavras, termos e títulos, algo totalmente incompreensível para quem era de fora ou que vivia no mainstream.

Donkey Kong Country, por exemplo, era chamado de “macaquinho” em muitas locadoras. Se pedissem o jogo pelo nome certo, é possível que ninguém sequer soubesse de que jogo estavam falando.

Personagens eram rebatizados, nomes de golpes também – quem aí nunca soltou um “Alex full” do Guíle ou um “Tiger Robocop” do Sagat? – e gírias eram inventadas na hora e acabavam pegando, de modo que só quem andava por lá há mais tempo conseguia se comunicar direito.

Intrometidos

Imagine a cena: você está tentando passar de uma fase há um tempão, morrendo toda vez e já está com raiva daquilo tudo. De repente, do nada, surge um moleque que você nunca viu na vida e te diz “me dá o controle aí, eu sei passar”, que vai ficar enchendo seu saco até você ceder.

Intrometidos eram comuns em qualquer locadora. Geralmente era aquele pessoal que nunca tinha grana para pagar hora e que ficavam andando por lá como abutres por sobre a presa, de olho no primeiro vacilo alheio para se oferecer para jogar. Era uma encheção de saco, mas por vezes era também sua única chance de seguir em frente no game.

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Periféricos

Periféricos para consoles às vezes custavam quase o preço dos mesmos em lojas normais, mas para quem queria matar a curiosidade de como era jogar seu game preferido de um jeito diferente, as locadoras também estavam lá para isso.

Muita gente jamais teria tido acesso ao canhão Super Scope do Super Nintendo ou ao sensor de movimentos *Activator* do Mega Drive fora desses lugares. O multi-tap*, acessório onde vários controles podiam ser conectados para uma jogatina em grupo, também podiam ser achados nas locadoras de games da época.

E o que dizer da direção feita para jogos de corrida no PlayStation, ou da pistola laser para jogar Time Crisis no Saturn? Só quem viveu sabe...