10 argumentos ruins utilizados para defender o sexismo nas HQs!

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10 argumentos ruins utilizados para defender o sexismo nas HQs!

Por Leo Gravena

A lista foi adaptada do io9, e conta com argumentos estúpidos utilizados para defender o sexismo e, a seguir, uma explicação do motivo deles estarem incorretos! Aproveite!

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Heróis e Heroínas são desenhados do mesmo jeito

E isso, simplesmente, não é verdade. A prova está no site “thehawkeyeinitiative.com”, a “Iniciativa do Gavião Arqueiro” pega diversos desenhos sexualizados de mulheres nos quadrinhos e, no lugar, coloca o Gavião Arqueiro em tal pose. É uma forma divertida de apontar a vulgarização feminina trazido pelos artistas das HQs.

Por exemplo, vamos pegar a “polêmica” capa de Mulher-Aranha, que você pode ver ao lado, e junto dela, uma outra capa de J. Scott Campbell para o Homem-Aranha encima de uma bola de teia. A capa do Homem-Aranha foi apontada por diversas pessoas que defendiam a arte de Milo Manara, - deixando de lado ele ser um artista pornográfico e estar sexualizando propositalmente a Mulher-Aranha - o problema é que diversas pessoas simplesmente não conseguiam, e ainda não conseguem, ver que elas dificilmente se igualam.

Com as bundas estando para cima, elas parecem similares. Porém, o Homem-Aranha, está claramente curvado sobre a bola, com suas pernas muito separadas, confirmando isso. Jessica Drew, no entanto, está arqueando suas costas, então ela está, definitivamente, colocando seu traseiro pra cima. Sem falar que o Homem-Aranha tem um motivo para sua posição, ele está segurando uma bola de criminosos, já Jess está subindo, sensualmente, um prédio, de uma maneira que nenhum outro ser humano, ou herói, iria.

Enfim, vale a pena dar uma olhada na “Hawkeye Initiative” e conferir o que é mostrado ali.

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Todos os Heróis usam Roupas Apertadas

Adivinha? Outra mentira. Claro que existem diversos heróis e heroínas que usam roupas mostrando cada contorno e músculo de seus corpos, mas recentemente vários heróis vem se distanciando desses uniformes que são apenas "pintados no corpo". Os Novos 52 da DC deu certa “armadura” para diversos heróis icônicos, incluindo o Superman (que é um dos que menos precisa). Capitão América, Thor, Gavião Arqueiro, os X-Men, mesmo não usando “uniformes” ou “armadura”, eles usam roupas, você pode realmente ver no desenho que há um tipo de tecido ou até mesmo partes rasgadas que mostram que eles não estão usando uma "pintura corporal".

Porém, ainda há muito mais homens que sofreram essa mudança, do que mulheres. Junto das poses sensuais mencionadas anteriormente, eles deixam claro o padrão de que personagens femininos são normalmente designados para ofertar sex appeal para leitores masculinos.

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Mas existem mulheres que gostam de mulheres sexys!

Verdade! E também há mulheres que gostam de mulheres sexys que não gostam delas serem objetificadas sexualmente! É óbvio que existem homens e mulheres que irão olhar a capa da Mulher-Aranha do Milo Marana, ou qualquer coisa desenhada por Greg Land, e achar sexy, mas achar algo atrativo não quer dizer que você deva, necessariamente aprová-la. Na verdade, devem até mesmo ter homens heterossexuais que acham a capa visualmente apelativa, mas discordam dela por diversas razões.

No fim, isso não é sobre o que as pessoas acham ou não atrativo. É como como as mulheres são constantemente representadas: de maneira sexualizada, enquanto os homens não são. Somente por algo ser sensual, e ter sido feita para ser sensual, não quer dizer que ela deixa de ser sexista.

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Se você não gosta, não compre

Isso é tecnicamente verdade, mas completamente irrelevante. Claro, você não precisa comprar, mas ainda existe. Uma companhia de quadrinhos liberou tal capa/cena/uniforme/pose, dando seu apoio e aprovação. Se a Marvel soltar uma capa de Fabulosos X-Men, com Emma Frost e Jean Grey peladas tendo relações sexuais, escolher comprar ou não a revista, não faria dela “okay”.

Você não tem que comprar uma revista para achar seu conteúdo problemático, assim como você não precisa comprar uma revista ensinando a cometer abuso sexual para saber que aquilo é errado. Ponto.

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47% do público dos quadrinhos são mulheres, então elas não tem um problema com isso!

E novamente, algo que não faz qualquer sentido. A não ser que você assuma que ao ler quadrinhos, fãs do sexo feminino têm absolutamente nenhum problema ou receio com qualquer outra coisa na indústria. Essas leitoras podem estar comprando quadrinhos que não objetificam mulheres, mas se elas estão, comprar um ou mais quadrinhos não prova o apoio total a indústria. Por exemplo, assume-se que os fãs gays do Batman não ficaram felizes com a decisão da DC de não deixar a Batwoman se casar. Mesmo com eles continuam a comprar os quadrinhos.

Na verdade, podemos assumir que o aumento de uma audiência feminina é o motivo de capas como a do Milo Manara terem tido muito mais atenção (quero dizer, você já viu as capas dos anos 90?). Quanto mais leitoras do sexo feminino a indústria dos quadrinhos tiver, mais sensível esses problemas serão vistos por elas, e não apenas por seres humanos com o mínimo de decência. Se não por isso, que seja para aumentar ainda mais suas vendas.

É apenas uma questão de negócios: não fazer com que essas leitoras se sintam desconfortáveis ou objetificadas, ou dar razões para elas não comprarem seus produtos.

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É idiota se aborrecer com coisas nos quadrinhos. É sobre pessoas com poderes!

Sim, quadrinhos são ficção. Mas isso não quer dizer que não podemos ou não devemos ligar para os problemas presentes. Se nada nos quadrinhos realmente importa, por que todo mundo ficou louco com a Saga do Clone do Homem-Aranha, ou com o Superior Homem-Aranha? Se os fãs podem ficar irritados com uma (aparente) estranha história sem qualquer ramificação sociocultural, então as pessoas também são permitidas a ficarem chateadas com a objetificação nos quadrinhos também!

Somente porque são histórias sobre pessoas que podem voar e tem diversos poderes, isso não deve ser usado como uma desculpa ou justificativa para as merdas que são escritas ou desenhadas. Escrever um quadrinho com o Capitão América fazendo um discurso antissemita estilo Mel Gibson não poderia ser validado apenas porque ele foi injetado com o Soro do Super Soldado durante a Segunda Guerra Mundial. Assim como o fato da Mulher-Aranha soltar feromônios que atraem homens não serve de desculpa para uma capa sexista.

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O que há de errado com personagens femininas serem sexy?

Não há nada de errado com personagens sexys. Há algo de errado em colocar personagens femininas como um objeto sexual servindo apenas como um meio para o Herói chegar aonde ele precisa. E a história se torna importante aqui: estamos falando de quadrinhos, um meio que, historicamente, negligenciou o público feminino (hétero, bi e lésbicas!).

Os quadrinhos deveriam ter um grande leque de personagens femininas originais, e até o momento eles não tiveram muito sucesso ao colocar heroínas que não vão além de: ajudante, “versão feminina” de um herói, a moça sexy, a namorada ou (um dos mais trágicos) objeto cenográfico.

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HQs não são piores do que revistas como Marie Claire, Tititi ou Viva. Elas mostram várias mulheres sem roupa!

Duvido que você vá encontrar muitas imagens de mulheres nessas revistas onde as modelos, não importa o quão sem roupas ou a pose, são objetificadas como são em diversas ilustrações dos quadrinhos.

Nos quadrinhos temos super-heroínas se virando de forma não-natural, mostrando seus peitos e bunda ao mesmo tempo para o leitor. Isso sequer é fisiologicamente possível na vida real, então não, você não vai encontrar uma dessas poses na Marie Claire.

Mas vamos fingir, pelo bem da discussão, que as imagens em revistas de moda femininas são mais sexualizadas do que as das HQs. Isso não tornaria os quadrinhos “bons”, isso os tornaria “menos piores”.

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Você está querendo apenas envergonhar as pessoas sobre sexo!

Se opor a objetificação sexual na indústria dos quadrinhos não se iguala a odiar o sexo. Você pode amar sexo, mas ainda odiar a ideia de limitar os papéis femininos na cultura pop a objetos sexuais. Tratar mulheres como objetos retira delas a humanidade, e então elas são menos valorizadas.

Você pode sexualizar objetos o quanto você quiser - vai transar com seu carro ou algo assim - mas o fato de que reduzir uma classe de pessoas a nada mais do que seres feitos apenas para agradar as fantasias masculinas continua sendo algo muito ruim.

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Homens também são tratados como objetos sexuais!

Não... Realmente não são. Pode até parecer que sim, porque você ouve vez ou outra sobre algo assim quando a Marvel ou DC fazem algo errado, porém a menos que exista algum tipo de objetificação masculina que o mundo inteiro se recusa a comentar, isso não é verdade.

Se as pessoas ficam “loucas” apenas quando a indústria dos quadrinhos sensualiza exacerbadamente mulheres ou ignora sua audiência feminina, é porque isso não está acontecendo no sentido inverso. Leitores homens não estão sendo ignorados e leitoras mulheres não estão sendo asseguradas às custas da dignidade masculina.

Você pode fingir e dizer a si mesmo que mulheres e homens são desenhados da mesma forma nos quadrinhos, mas eles não são; você pode argumentar que personagens masculinos são sensualizados para vender quadrinhos da mesma forma que personagens femininas são, mas isso está errado; e você pode até mesmo fingir que existe uma grande conspiração que está tentando - de alguma forma - elevar as mulheres para que elas sejam melhores que os homens através dos quadrinhos. Mas isso é patético e absurdo.

Trazemos esses problemas com o sexismo nos quadrinhos, e vamos continuar falando sobre, porque a indústria dos quadrinhos tem tratado mulheres ficcionais e reais com dois pesos e duas medidas por décadas. E agora elas estão tentando conquistar seu espaço com igualdade. Os quadrinhos, tradicionalmente, são feitos para uma audiência exclusivamente masculina, e toda essa indústria se formou ao redor disso; agora, com mulheres tendo quase que o mesmo número de homens lendo HQs, elas merecem ser reconhecidas e tratadas com respeito. Porque diversas práticas que antigamente eram consideradas aceitáveis, hoje, não são mais; Porque reconhecemos que as coisas devem mudam, mesmo que para isso seja necessário que as companhias devam se educar e ter melhores personagens e respeitar consumidores do sexo feminino.

Não é questão de “tratar diferente”, é questão de fazer a coisa certa.