[Crítica] M3gan 2.0 abraça completamente a galhofa em discussão divertida sobre a IA

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[Crítica] M3gan 2.0 abraça completamente a galhofa em discussão divertida sobre a IA

Por Felipe Zardo

Lá em 1984, James Cameron popularizou no cinema o tropo do robô assassino com suas diretrizes bem claras e objetivas que deixam um rastro de destruição por onde passa para já levantar uma discussão que ainda na época engatinhava: autonomia das máquinas.

Hoje em dia, com inteligências artificiais super avançadas e robôs que já dançam, dão saltos mortais e até tem musculatura humana sintética, essa discussão se torna ainda mais pontual. Mas ainda assim, mais de 40 anos depois, o tropo ainda se repete em M3gan 2.0 trazendo as mesmas prerrogativas que o brutamontes da Cyberdyne Systems: estamos a salvo da IA ou devemos evitá-la?

Só que exatamente nos mesmos moldes de O Exterminador do Futuro, no primeiro filme temos a robô como ameaça e, agora, no segundo a temos como uma aliada contra um outro robô ainda mais avançado. A questão fica em como isso pode ser abordado sem virar uma cópia descarada? E M3gan 2.0 responde sabiamente: não se levando a sério em absolutamente nada.

Ficha técnica

 

Título: M3gan 2.0

 

Direção: Gerard Johnstone

 

Roteiro: James Wan, Akela Cooper

 

Data de lançamento: 26 de junho de 2025

 

País de origem: Estados Unidos da América

 

Duração: 1h 59min

 

Sinopse: “Uma arma robótica de nível militar conhecida como Amelia torna-se cada vez mais autoconsciente e perigosa para a raça humana. Na esperança de detê-la, Gemma decide ressuscitar M3GAN, tornando-a mais rápida, forte e letal.”

Onde uma continuação se diverge totalmente do primeiro título

M3GAN 2.0 mantém a excelência da franquia pop no cinema hollywoodiano

M3gan chegou aos cinemas em 2023 como uma ideia divertida. A boneca criada para ser companheira de uma criança, tem suas diretrizes divergidas e se torna uma máquina de matar obcecada e letal. Até aí tudo bem. Entre trancos e barrancos com sua narrativa, a ideia passou por boa parte da audiência, o que garantiu sua sequência.

Agora, no novo filme, desde os trailers, a primeira coisa que a audiência pensou foi “opa, tá igual O Exterminador do Futuro 2” e, assim, não tá errado. No primeiro filme, M3gan é uma robô doida varrida com sede de sangue, mas com uma diretriz clara e agora reforçada. No segundo filme a vemos como uma aliada no surgimento de um outro autômato ainda mais perigoso. O que ficou nas mãos da equipe de roteiristas era a questão de fazer isso não ficar repetitivo, pelo menos no seu desenvolvimento, e eles até que conseguiram trabalhar de forma que a coisa se distanciasse da ideia da outra franquia e ainda oferecesse reflexões sobre a situação atual da tecnologia no mundo todo.

M3gan 2.0 abraça a galhofa, não deve nada a ninguém e vai além. A boneca, agora crescida, por assim dizer, ainda mantém suas diretrizes, porém continua uma ameaça. Gemma (Allison Williams) agora é uma ativista da regulação de uso das IAs e ter que recorrer a uma que quase a matou para caçar uma ainda pior é questionável. Porém, não há escolha. A questão é que, apesar desse fato também ser parecido com a difícil aceitação de Sarah Connor pelo novo T-800 que agora quer proteger seu filho, aqui o filme descamba para a brincadeira e faz uma salada de diversão que não leva a sério boa parte dos fatos e ainda constrói de forma palpável a evolução de todos os personagens, incluindo a própria M3gan.

Galhofa bacana que contribui

M3GAN 2.0' Trailer Teases Action-Packed Sequel That Packs a Punch

O longa não tem medo de ser feliz e isso eu já disse, porém em alguns momentos causa certa vergonha alheia. Só que esses momentos “cringe” podem até pegar a audiência de surpresa e pensando “isso não tá acontecendo” e é aí que a diversão mora em M3gan 2.0. Você pode achar bobo, pode achar besta, mas sabe que o longa tem total noção de que não é para ser levado a sério.

E ainda assim, com bastante patifaria, traz superficialmente a questão do uso da IA e aceitação da tecnologia. Tenta desenvolver estruturar conceito na persona de M3gan de que a tecnologia pode falhar até se aperfeiçoar, não sendo de fato algo a ser temido e sim a ser adaptado para a nossa realidade, algo que O Exterminador do Futuro, por exemplo, até tenta fazer, mas é o medo do pior resultado que permeia toda a obra visto que o futuro ali já foi para as cucuias.

Com uma pegada mais leve e recheado de humor, bobo, mas absurdo e lotado de remendos em que às vezes parece que tem uns três filmes em um só, M3gan 2.0 pode ser idiota para muitos, mas que diverte, ah diverte, e como. E, por isso, leva três estrelas da Legião.

M3gan 2.0 review

M3gan 2.0 está em cartaz nos cinemas.