[Crítica] Jurassic World: Recomeço tem pouquíssimo apelo e explicita cansaço da franquia
[Crítica] Jurassic World: Recomeço tem pouquíssimo apelo e explicita cansaço da franquia
Dinossauros retornam sem força e não cativam em novo filme da franquia
Jurassic Park chegou aos cinemas como uma febre inestimável nos anos 90 e transformou os dinossauros em um fenômeno da cultura pop. E depois de um hiato de quase 15 anos, a franquia retornou sob o nome de Jurassic World para dar uma repaginada no tema.
Ainda que tentasse, Jurassic World cambaleou bastante e já mostrou desgaste na conclusão da nova trilogia em Jurassic World: Domínio mesmo com a reunião dos antigos protagonistas com os novos. Só que o que deveria ser uma conclusão, acabou se estendendo para mais um filme.
Jurassic World: Recomeço, agora que idealizado e realizado, deveria no mínimo trazer algo novo e chamativo que despertasse novamente o interesse do público por essas histórias e animais fantásticos do passado, mas acaba criando em si mesmo um paralelo com tema do filme que quem assistir vai entender na hora do que se trata.
Ficha técnica
Título: Jurassic World: Recomeço
Direção: Gareth Edwards
Roteiro: David Koepp
Data de lançamento: 03 de julho de 2025
País de origem: Estados Unidos da América
Duração: 2h 13min
Sinopse: “Agentes habilidosos viajam para uma instalação de pesquisa em uma ilha para obter DNA que pode salvar vidas humanas. À medida que a missão ultrassecreta se torna cada vez mais perigosa, eles logo fazem uma descoberta sinistra e chocante que tem sido escondida do mundo por décadas.”
Receita pronta que não respeita a franquia
Jurassic World é a reanimação de Jurassic Park. Trouxe novidades para reviver a franquia e assim seguir contando suas histórias e faturando seus milhões. Com sua conclusão em 2021 em Domínio, ficou implícito que os dinossauros retornariam ainda, com certeza, mas com ideias frescas e apelativas para, novamente, trazer o público para os cinemas.
Recomeço chega apenas quatro anos depois do que deveria ter sido o último filme e não permitiu ao espectador um tempo para respirar e se recuperar do “capítulo final” que não foi tão bem recebido. Mas a carta na manga agora é introduzir ainda mais ideias mirabolantes e assim tentar contar alguma coisa.
O problema em Jurassic World: Recomeço mora na fraca tentativa de trazer coisas novas quando, na verdade, o filme é um longo repeteco que abandona argumentos que já haviam sido estabelecidos nas duas trilogias anteriores em detrimento de uma nova aventura isolada.
Aí entramos nos vícios apresentados em quase todos os filmes da saga: um laboratório comete erros absurdos e exagerados que fariam qualquer órgão de segurança no trabalho ficar horrorizado, os bichos escapam e ferem pessoas, uma expedição é orquestrada por algum ricaço com intenções obscuras, crianças surgem na história de alguma forma porque tem que ter criança e os protagonistas tem suas crenças e objetivos completamente subvertidos.
Pronto, temos mais uma receita de Jurassic nas mãos. E isso não é nem o maior problema, tem dinossauros aí no meio, deveria funcionar e ser legal. Mas Jurassic World: Recomeço nem se esforça, juntando tudo isso numa salada que não cativa e que, apesar de alguns bons momentos, não convence.
Está na hora de uma nova pausa?
Apesar de ser melhor recebido como um spin-off do que continuação, Jurassic World: Recomeço evidencia claramente o desgaste criativo. O roteirista David Koepp usa e abusa de conveniências bizarras e falha ao não ousar com todo o material que tem nas mãos.
Tudo neste filme é previsível a ponto de o espectador bater o olho em todos os personagens logo no início e saber quem vai sobreviver ou não. Gareth Edwards pega toda a receita pronta e entrega um longa sem sal, com cenas que deveriam dar tensão mas não dão e protagonistas com os quais a gente não se importa. No máximo, Mahershala Ali e seu Duncan Kincaid se mostram carismáticos o suficiente para que o público torça por ele, mas o resto do elenco ou te irrita ou te causa desinteresse total.
Isso se estende até aos dinossauros que são a maior atração da franquia, claro. Com a nova premissa de animais mutantes, o filme mal traz essas criaturas e as poucas que aparecem são mal aproveitadas, inclusive a grandíssima ameaça do filme, o terrível D-Rex.
Tudo isso no conjunto só quer dizer que talvez seja uma boa ideia dar mais uma pausa e segurar o que esse universo tem a entregar para trabalhar melhor novas ideias, construir com calma novos personagens e tornar tudo no mínimo palpável para que o público se identifique e crie um laço. Do contrário, o desinteresse das pessoas pelos dinossauros vai se estender do universo dos filmes para a vida real. E aqui os dinossauros nem voltaram. Pelo menos não ainda.
Jurassic World: Recomeço está em cartaz nos cinemas.