Review: Sand Land, mesmo com gameplay repetitivo, conquista com estilo e história

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Review: Sand Land, mesmo com gameplay repetitivo, conquista com estilo e história

Por Márcio Jangarélli

Nos últimos anos, uma das aventuras menos conhecidas de Akira Toriyama ganhou mais atenção dos estúdios e público e, agora, recebeu sua própria versão em videogame! Sand Land, assinado pela Bandai Namco, foi lançado em 24 de Fevereiro, disponível para PS4, PS5, Xbox Series X/S e PC.

Graças à Bandai, a Legião teve a chance de testar o game e vivenciar a expansão da jornada do Príncipe Belzebu em busca de água. Apertem os cintos: Sand Land é uma aventura diabolicamente divertida e motorizada. Vamos lá?

Ficha Técnica

Título: Sand Land

 

Data de lançamento: 24 de Abril de 2024

 

Desenvolvedora: ILCA

 

Plataforma: PS4, PS5, Xbox Series X/S e PC

 

Modo: Single player

 

Gêneros: RPG de Ação

 

Tradução PT/BR: Sim, texto

Adaptação, expansão e repetição

É gratificante, mas um pouco dolorido, ver os traços de Akira Toriyama em uma nova produção. Mesmo não sendo uma história inédita (afinal é um mangá do autor publicado em 2000, que recebeu até filme e série animados entre 2023 e 2024) a adaptação em game de Sand Land é o primeiro lançamento baseado em uma criação de Toriyama-sensei desde sua partida, em Março de 2024. Felizmente, o jogo honra o icônico autor e não se prende apenas em um apelo nostálgico.

Para aqueles que não conhecem a obra, Sand Land é uma história original de Toriyama-sensei fora do universo Dragon Ball – ainda que empreste da obra principal do mangaka alguns conceitos e rascunhos. Nela, acompanhamos Belzebu, príncipe demônio, em um mundo pós-apocalíptico desértico onde seu povo, os demônios, e os humanos batalham pelas reservas de água restantes no planeta.

Nesta versão, a responsável por traduzir a obra para o novo formato foi a infame ILCA, que causou alguma polêmica com o público por conta de jogos como Pokémon Brilliant Diamond / Shining Pearl e One Piece Odyssey. E sim, alguns dos problemas já “esperados” deste estúdio figuram no game, mas os acertos do título superam essas baixas e tornam Sand Land uma ótima experiência e adaptação.

O ponto mais alto de Sand Land são os visuais. De alguma forma, o game consegue fazer de um mundo quase completamente colorido em tons de marrom algo grandioso, interessante e convidativo. Não há cansaço visual, mas há muitos momentos de fascínio com as paisagens, criaturas, veículos e eventos que surgem no caminho.

Diria até que o jogo consegue ser mais surpreendente e adaptar melhor a arte de Akira Toriyama do que as versões animadas em filme e série. E com Toriyama no volante, obviamente todos os designs são absolutamente incríveis.

Além disso, outro acerto é que o game expande a história original com suas missões, novos personagens e exploração, tudo bem executado e cativante para o jogador. Na verdade, se você não conhece Sand Land e essa é sua apresentação à história, não dá pra sentir no gameplay o que é original do mangá e o que é novo. A costura é bem feita e a ampliação do mundo de Sand Land ficou quase perfeita.

Claro, como estamos falando da ILCA, um dos problemas do estúdio é o quão vazio e estático são seus mapas. E isso acontece, de certa forma, em Sand Land, mas não é tão pesado quanto em games anteriores. Há incentivo para exploração, o mundo é vibrante e os NPCs bçai são tão engessados. Não é um trabalho nível Tears of The Kingdom ou Elden Ring, mas é, definitivamente, uma evolução de projetos passados.

Também, a repetição exaustiva aparece em Sand Land, outro dos problemas chave da desenvolvedora. É aquele tipo de coisa que só está no game para ocupar espaço, aumentar o tempo de jogo, mas que não diverte ou adiciona ao projeto. E essa é a maior baixa do título: ainda que a expansão da história, adição de personagens e missões secundárias sejam excepcionais, em certos momentos o game se torna cansativo porque, no lugar de soluções criativas, a desenvolvedora retornou para as fórmulas mais maçantes de um RPG de ação.

Esse erro fica ainda mais marcado quando você compara essas respostas preguiçosas com as escolhas brilhantes do título, como o sistema de customização de veículos e toda a parte motorizada de Sand Land. Porque este é um RPG de ação, mas é também um grande “pimp my tanque de guerra”, com inspirações claras em games como o subestimado, porém excelente, Mad Max (2015).

Os veículos já eram parte importante da história original, mas o game de Sand Land eleva o papel do tanque e veículos de guerra em sua trama, dando ao jogador o poder de customizar armas, peças e o visual do seu super carro. Mais ainda: a partir do momento que você encontra seu primeiro tanque, o mundo todo pode ser desbravado dentro dele, incluindo masmorras, sem contar o quão dinâmicas e divertidas são as batalhas nos carros.

Por fim, o game se vende especialmente por conta de seu elenco de heróis e vilões. Sejam demônios ou humanos, Sand Land capturou perfeitamente a essência da obra original de Akira Toriyama e a dublagem ficou perfeita. São personagens extremamente carismáticos, memoráveis à primeira vista, atravessando um mundo épico em uma história divertida e tocante, com todas as assinaturas de um bom conto de Toriyama-sensei.

Sim, Sand Land sofreu com a escolha de estúdio e poderia ser muito mais, mas, apesar de tudo, a ILCA conseguiu produzir uma adaptação digna e viciante da obra. Não só isso, mas o game é um deleite visual, vencendo a luta contra os infinitos tons de marrom e amarelo de um mundo de areia.

 

Se você quer conhecer uma nova história de Akira Toriyama, ou até se já é fã de Sand Land e quer reviver a aventura do príncipe demônio, esse game é uma ótima escolha. Não é o melhor do mundo, mas é o suficiente para garantir ótimas horas de gameplay.

 

Assim, Sand Land leva nota 7 da Legião. Belzebu te aguarda para atravessar o deserto; é melhor correr, ele é impaciente.

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