Review: A Ascensão do Ronin traz ação afiada, mas pouca originalidade

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Review: A Ascensão do Ronin traz ação afiada, mas pouca originalidade

Por Márcio Jangarélli

Uma nova história samurai começa na PlayStation! Mesmo que a Sony tenha anunciado uma pausa em 2024 para seus principais lançamentos, o PS ainda terá novas IPs chegando – de menor escopo e orçamento, mas tentativas de ampliar o catálogo de sucessos da plataforma. Entre esses títulos, temos A Ascensão do Ronin, desenvolvido pelo Team Ninja, lançado no dia 22 de Março.

Graças à PlayStation, recebemos o game para vivenciar essa nova tomada da história do Japão no final do período Edo. É um jogo ambicioso, que talvez não se sustente por completo, mas que rendeu horas muito divertidas de gameplay. Vamos lá?

Ficha Técnica

Título: A Ascensão do Ronin

 

Data de lançamento: 22 de Março de 2024

 

Desenvolvedora: Team Ninja

 

Plataforma: PlayStation 5

 

Modo: Single player, multiplayer

 

Gêneros: RPG de Ação

 

Tradução PT/BR: Sim, dublagem e texto

Apenas um samurai comum em meio a muitos

A última década foi excelente para os fãs de jogos de samurai. Seja Ghost of Tsushima, Nioh, Sekiro ou Trek to Yomi, entre muitos outros, a era do Japão feudal permeou os principais lançamentos do passado recente e é uma tendência que deve perdurar. O novo título adicionado a esta lista, enfim, é A Ascensão do RoninRise of the Ronin, no original – exclusivo da PlayStation e desenvolvido pelo Team Ninja.

Team Ninja definitivamente não é um novato nesse gênero. Ainda que seja conhecida por títulos questionáveis, o estúdio possui em seu catálogo as franquias Ninja Gaiden e Nioh, verdadeiros pilares desse estilo de game. Assim, é justificável criar esperanças para Ronin, que foram atingidas, mas dentro dos padrões da equipe.

A Team Ninja não é conhecida por roteiro, construção de mundo ou uma direção de arte estupenda, mas pelo seu gameplay dinâmico, variado, intuitivo e absolutamente viciante; isso, com toda certeza, A Ascensão do Ronin tem de sobra. Não é o combate mais variado que o estúdio já criou, mas é eficiente dentro do que o jogo propõe, afinal, por conta do mundo aberto, exploração e o escopo do game, detalhar demais a ação seria um erro.

Todas as decisões nesse quesito são excelentes. Seu personagem pode carregar dois tipos de armas e trocá-las durante a batalha (incluindo armas à distância). O combate é rápido, estratégico e justo, mesmo que as configurações de controle não sejam das mais habituais. Você pode testar e se especializar em diferentes tipos de arma, combo e até abordagem, caso prefira se tornar um assassino nas sombras. O stealth do jogo é competente e a possibilidade de usar seu gancho de escalada nos ataques (surpresa ou durante a batalha em si) rende momentos super divertidos.

A Ascensão do Ronin não é um game apenas de massacres samurai, porém. É um RPG de ação de mundo aberto que, assim como outros títulos do estúdio, não se mostra tão dedicado nesses pontos quanto é no combate. Não é exatamente ruim, mas falta visão, seja no design, arte, música e até no ponto de vista histórico. É um projeto perigosamente genérico em tudo que rodeia a ação, dependendo desse pilar para se vender como algo interessante.

E não estou falando dos gráficos do jogo, que são mais simples do que estamos acostumados para esse tipo de título, mas que não são realmente um problema; Sekiro, por exemplo, carrega os gráficos tradicionais da FromSoftware e ainda assim é de tirar o fôlego com a beleza de um Japão místico, mas tangível. Não há uma direção artística para Ronin além de recriação histórica e uma pincelada básica de filmes de samurai. Nada como Ghost of Tsushima fez, com inspiração pesada em Akira Kurosawa; apenas algumas referências clássicas de enquadramento ou diálogo.

O problema está na intenção, em povoar o mapa com coisas desinteressantes, em escrever e explorar uma história sem impacto, em usar visuais mundanos e genéricos em CGs e no mundo, tudo isso quando outros jogos do gênero fizeram diferente e muito melhor. A Ascensão do Ronin sofre de uma verdadeira seca criativa que não é resultado da “base realista” do jogo, mas da tentativa de tentar seguir moldes de sucesso que já não funcionam mais.

Em um mundo pós Elden Ring e Tears of the Kingdom – e Final Fantasy VII Rebirth, mais recentemente – desenvolver jogos com mundo aberto “vazio”, desinteressante, é um tiro no pé, especialmente se a campanha principal não é das mais intrigantes. Nenhum modo de combate grandioso vai fisgar jogadores quando é só isso de empolgante que o título oferece, especialmente em um gênero com tantos games incríveis para escolher no lugar.

No fim, A Ascenção do Ronin é só sem graça. É quase como um casamento entre Assassin’s Creed e Nioh, mas enquanto o titã da Ubisoft tem décadas de história para se sustentar e Nioh se apoia no gênero soulslike, Ronin é uma IP nova que precisava de uma base mais concreta para se estabelecer.

 

Portanto, para a Legião dos Heróis, A Ascensão do Ronin leva nota 6. Quase meio do caminho, mas a fluidez do gameplay rende boas horas na frente da TV.

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