Disney não quer “avançar qualquer tipo de agenda” política, diz chefe executivo

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Disney não quer “avançar qualquer tipo de agenda” política, diz chefe executivo

Por Gabriel Mattos

Em reunião com acionistas nesta quarta (3), Bob Iger, CEO da Disney, reiterou que a prioridade do estúdio é entreter o público, não “avançar qualquer tipo de agenda” política. Declaração vem após embates acalorados entre investidores com visões ideológicas opostas (via The Hollywood Reporter).

Iger, que assumiu emergencialmente a direção da empresa após a gerência conturbada de Bob Chapek, aproveitou a reunião anual de investidores para apaziguar as discussões entre acionistas da Disney com um pronunciamento cuidadosamente construído para agradar ambos os lados.

“Nosso trabalho é entreter primeiro e acima de tudo e, ao contar boas histórias, nós continuamos tendo um impacto positivo no mundo e inspirando futuras gerações, como temos feito por mais de 100 anos,” pontua Iger. “Disney sempre tem sido e continuará sendo uma fonte de esperança, felicidade e otimismo para pessoas de todas as idades. Nós estamos comprometidos em contar histórias que reflitam o mundo ao nosso redor e usar essas histórias para entreter pessoas de todos os estilos de vida.”

Em suas palavras, o executivo reforça o posicionamento público que a empresa vem tomado de neutralidade e a natureza tradicionalista observada historicamente por suas produções. Como descrito por Iger, desde A Branca de Neve a As Marvels, o estúdio não constrói narrativas que rompem bruscamente com ideias mais aceitas pela sociedade em determinado período. O estúdio tem um papel histórico em reforçar as questões sociais do momento em que suas obras são criadas, sem incorporar grandes novidades até que sejam amplamente aceitas pelo público médio.

“Eu sempre acreditei que temos uma responsabilidade em fazer o bem no mundo. Mas nós sabemos que nosso trabalho não é avançar nenhuma agenda. Então enquanto eu estiver no cargo, eu continuarei a ser guiado por um senso de decência e respeito. E vamos sempre confiar nos nossos instintos,” conclui.

De forma sutil, Iger propõe que a empresa não pretende se afastar da diversidade apresentada em suas histórias mais recentes, porém não parece ter pressa para incluir assuntos mais sensíveis ao público conservador. Votações de ambos espectros políticos, propondo tanto que a Disney evitasse  temas progressistas quanto que investisse mais dinheiro em campanhas políticas progressistas, foram rejeitadas pela maioria dos investidores nesta quarta.

Nelson Peltz, ativista de direita, também não conseguiu votos o suficiente para ascender ao quadro de diretores da Disney. A derrota do investidor reforça um voto de confiança dos acionistas na visão de Iger, uma vez que o extremista vinha acusando a Disney de privilegiar pensamentos de esquerda, por incluir negros em Pantera Negra e mulheres em Capitã Marvel.

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