Zona de Interesse: Cineastas e atores sionistas criticam discurso pró-Palestina de vencedor do Oscar

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Zona de Interesse: Cineastas e atores sionistas criticam discurso pró-Palestina de vencedor do Oscar

Por Gabriel Mattos

Um grupo de cerca de 450 criadores e executivos sionistas de Hollywood assinaram uma carta aberta criticando o discurso pró-Palestina do diretor Jonathan Glazer, dias após sua vitória no Oscar com o filme Zona de Interesse. A declaração foi enviada a imprensa americana e divulgada pelo portal Variety nesta segunda (18), porém um autor específico responsável pelo texto não foi revelado.

“Nós recusamos que nosso judaísmo seja sequestrado para o propósito de estabelecer uma equivalência moral entre o regime nazista que buscou exterminar uma raça de pessoas e uma nação Israelense que busca evitar sua própria exterminação,” diz a declaração.

O documento tem o apoio de grandes nomes como Debra Messing, Tovah Feldshuh, Gary Barber, Gail Berman, Amy Sherman-Palladino, Eli Roth, Rod Lurie, Lawrence Bender, Amy Pascal, Hawk Koch e Sherry Lansing — atores, diretores, produtores e executivos renomados de Hollywood. A carta foi assinada de forma virtual por um formulário público, o que sugere que a maioria esmagadora dos envolvidos não teve relação com sua confecção.

Essa resposta surge mais de uma semana depois do poderoso discurso de Glazer no domingo de premiação do Oscar (10). Ao aceitar a estatueta na categoria de Melhor Filme Internacional, o diretor, que é judeu, explicou que a situação chocante do filme, que se passa durante o holocausto, foi uma forma de alertar o público sobre uma possível repetição da história.

“Todas as nossas escolhas [com o filme] foram feitas para refletir e confrontar nosso presente: não para dizer ‘olha o que eles faziam antes’, mas sim olhar o que fazemos agora,” disse o diretor ao vivo, na premiação. “Nosso filme mostra para onde a desumanização leva no seu pior [estado]. Moldou todo nosso passado e nosso presente. Agora, nós estamos aqui como homens que recusam que seu judaísmo e que o holocausto seja sequestrado por uma ocupação que levou o conflito para tantas pessoas inocentes. Sejam vítimas de 7 de outubro em Israel ou do ataque que está acontecendo em Gaza, todas as vítimas dessa desumanização, como que nós resistimos?”

Zona de Interesse: a manifestação do mal como decisão de negócios

Cena do filme Zona de Interesse (Créditos: Prime Video)

A data mencionada por Glazer refere-se ao ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1100 cidadãos israelenses, em sua maioria civil.

Desde então, a retaliação de Israel resultou na morte de cerca de 23 mil pessoas no território palestino, um número quase 20 vezes maior as perdas de Israel. De acordo com o CNN, Israel estima que, dentre esses mortos, 8 mil pertenciam ao grupo Hamas, o que significa que cerca de 65% das vítimas palestinas são pessoas inocentes. O discurso de Glazer visa aumentar a consciência desses números.

Zona de Interesse acompanha a rotina de uma família nazista que viva tranquilamente em uma casa cercada por altos muros bem ao lado do campo de concentração de Auschwitz, o maior da Segunda Guerra Mundial. O diretor faz um paralelo entre a desumanização necessária pelos alemães para justificar o massacre judeu e o demonstrado por israelenses, que fazem vídeos nas redes sociais ironizando a morte de palestinos de forma fria.

Zona de Interesse chega ao Prime Video em 31 de março.