Review – Horizon: Call of the Mountain traduz com maestria o sentimento da franquia para a realidade virtual

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Review – Horizon: Call of the Mountain traduz com maestria o sentimento da franquia para a realidade virtual

Por Gabriel Mattos

Quando falamos de realidade virtual, geralmente vem em mente jogos curtos e casuais. Muito mais experimentais do que refinados. Mas esse está longe de ser o caso de Horizon: Call of the Mountain. Anunciado como o garoto propaganda do PlayStation VR2, o título surpreende ao trazer um derivado digno da franquia de Aloy — adaptando com maestria tudo que conquistou o público na série principal para a realidade aumentada.

Ficha Técnica

Título: Horizon: Call of the Mountain

Desenvolvedora: Guerrilla Games, Firesprite

Distribuidora: PlayStation

Plataformas: PlayStation 5

Lançamento: 22 de fevereiro de 2023

Gênero: Ação e Aventura

Na pele de um caçador

Ver uma máquina mortal de pertinho é de gelar a espinha (C. PlayStation)

Desta vez, temos um novo protagonista. A história acompanha os desafios de Ryas para reconquistar sua liberdade após ser preso injustamente. Seu irmão está perdido nas montanhas, após partir em uma missão arriscada. Com Aloy ocupada demais com os eventos de Horizon: Forbidden West, resta ao jovem encarar o perigoso mundo da franquia para resgatar sua família.

E apesar de simples, a história funciona como um desvio bem-vindo da grandiosidade extravagante que costuma acompanhar as máquinas robóticas de Horizon. De certo modo, soa como algo que poderia surgir naturalmente em qualquer jogo principal como uma missão secundária. A aparição de personagens conhecidos, como o Marad Inocente, só enriquece a construção de mundo, tão elogiada na franquia e que continua forte nessa encarnação.

O mundo de Horizon nunca foi tão vivo e isso fica bem claro logo na introdução. A primeira missão começa com um tranquilo safari em um rio, com uma amostra das máquinas mais marcantes da franquia. E o sentimento de encontrá-los é o mesmo que em Zero Dawn — os Vigias trazem um certo medo de ser dedurado, enquanto os Pescoçudos impressionam com seu tamanho colossal. Só que tudo isso é elevado ao extremo por estar vendo essas máquinas bem de perto, com um sentimento de imersão absurdo.

Os combates são muito mas impressionantes, apesar de menos estratégicos (C. PlayStation).

Só poder observar as máquinas em uma viagem tranquila já valeria a experiência, mas não tocaria nem perto da superfície em tudo que esperamos de um jogo da franquia Horizon. Felizmente, não demora para os desenvolvedores arregaçarem a manga e mostrarem como que os profissionais, com um orçamento estratosférico, adaptam uma experiência para VR do jeito certo.

Desde a movimentação, que implementa gestos intuitivos de caminhada, dá para sentir que a jogabilidade faz uma tradução muito inteligente de tudo que torna Horizon tão eletrizante. O combate, então, é coisa de louco. Tudo funciona como você esperaria se estivesse dentro do jogo. Para atacar, é só pegar o arco nas costas, uma flecha em sua aljava e mirar.

Acertar os pontos fracos é muito mais difícil quando você tem que mirar por si mesmo, cautelosamente, mas é mil vezes mais divertido. A experiência perde um pouco do elemento estratégico, mas compensa na pura adrenalina de sentir que os inimigos estão ali, há poucos passos de você. Desviar funciona muito bem, com um simples gesto para o lado. No final, é tão intuitivo que prova que qualquer sistema pode ser adaptado para realidade virtual, com um pouco de criatividade.

Pequenos detalhes tornam a experiência ainda mais imersiva (C. PlayStation)

Essa intuição é a chave para transformar as coisas mais simples em experiências mágicas e Call of the Mountain está recheado desses momentos. O jogo brilha especialmente quando paramos um pouco da correria da rota principal, com suas escaladas e inimigos, para simplesmente curtir as pequenas coisas.

Tocar a vegetação, usar um pincel para deixar sua marca ou simplesmente parar para admirar o cenário. Há uma certa satisfação em ver detalhes tão triviais funcionarem como deveriam neste ambiente virtual. Uma das minhas atividades favoritas é construir manualmente as flechas especiais, colocando a ponta e as penas nos lugares certos, como um verdadeiro caçador. Curtir esses pequenos momentos é tão recompensador que acaba se mostrando um dos tesouros escondidos desse jogo.

O caminho mais bonito pode não ser o mais interessante (C. PlayStation)

Mas não é só isso que esconde sua experiência. Cada decisão em sua jornada pode te levar por um caminho completamente diferente de outros jogadores. Por curiosidade, resolvi retornar em uma fase que havia concluído antes e me surpreendi. Na minha primeira passagem, escolhi um caminho belíssimo, infestado de borboletas. E encarei uma experiência relaxante de escalada, absurdamente imersiva, mas sem uma grande sensação de perigo.

Quando retornei, por outro caminho, a experiência foi completamente contrária. Acabei explorando uma caverna repleta de Vigias e o que antes era como um passeio, acabou se tornando uma empolgante fase de furtividade. Me esconder do olhar vigilante das máquinas, movendo fisicamente meu corpo para me ocultar por trás de objetos, acelerou meu coração. Foi uma das experiências mais insanas que tive em um game.

Horizon: Call of the Mountain é uma aula de como levar uma franquia consolidada para a realidade virtual. Nada da essência dos games principais se perdeu — pelo contrário, a experiência só ficou ainda mais rica graças ao poder imersivo do console e às decisões inteligentes dos desenvolvedores.

De todos os jogos que eu testei da biblioteca inicial do PlayStation VR2, Horizon definitivamente é o que melhor demonstra o potencial do periférico. É um jogo obrigatório para todos os donos do console e você definitivamente não vai querer perder. Por isso, Horizon: Call of the Mountain ganha nota 10 da Legião dos Heróis.