Como a Marvel driblou a censura que proibia uso de vampiros e lobisomens nos quadrinhos
Como a Marvel driblou a censura que proibia uso de vampiros e lobisomens nos quadrinhos
Atualmente, a editora possui grandes personagens derivados do terror como Morbius, Blade e sua própria versão do Drácula de Bram Stoker.
Embora a Marvel apresentasse personagens vampiros em suas primeiras publicações, como Timely Comics e Atlas Comics, a implementação da Comics Code Authority proibiu a representação de mortos-vivos em quadrinhos, incluindo zumbis e vampiros. Mas como a editora conseguiu escapar da censura para utilizar os monstros clássicos em suas histórias?
No início dos anos 50, o mundo dos quadrinhos passou por um período de reformulação quando psicólogos populares começaram a analisar e culpar as histórias por um aumento dos males sociais que iam contra os ideais da época. Dessa forma, em 1954, aconteceu a implementação do Comics Code Authority (CCA), um órgão governamental que analisava e censurava HQs de todos os gêneros para dar seu selo de aprovação àqueles que cumpriam seu rigoroso padrão (via Gamesradar).
Como recorda o CBR, os regulamentos do CCA incluíam a proibição da representação de violência explícita, sexualidade, uso de drogas e vários elementos de fantasia e ficção científica que considerava inapropriados, incluindo representação de monstros de terror comuns, como vampiros e lobisomens.
Mas, no final dos anos 60, a Marvel Comics encontrou uma maneira de explorar algumas dessas ideias proibidas, sem perder o selo CCA, com o uso de dinossauros.
Em alguns títulos de Uncanny X-Men, por exemplo, o escritor Roy Thomas e o artista Neal Adams adicionaram novos personagens no cânone da equipe mutante, como o vilão Sauron, que tinha o poder vampírico de drenar a força vital de suas vítimas para se sustentar, mas apresentava um design semelhante a um pteranodonte, um dinossauro alado, algo que driblou a censura do CCA.
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Wolverine lutando contra Sauron, o mutante vampiro em forma pterossauro.
O personagem apareceu pela primeira vez em Uncanny X-Men # 60, ainda em 1969, e acabou se tornando um vilão recorrente dos X-Men com aparições em desenhos animados e videogames e até mesmo um lugar de honra como uma das primeiras figuras lançadas na amada linha de figuras de ação Toy Biz X-Men dos anos 90.
Em 1970, apenas um ano após a criação de Sauron, a DC também conseguiu emplacar um monstro sem violar o CCA: o Morcego Humano, um vilão do Batman que tinha a aterrorizante aparência de um grande morcego. Sua presença nas páginas das HQs foi um indicativo de mudanças que viriam nas regras do CCA sobre personagens de terror.
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Morbius, personagem interpretado por Jared Leto no filme lançado em 2022.
De volta ao mundo da Marvel, naquela época, as histórias do Homem-Aranha seguiam tomado um rumo mais científico, como em Amazing Spider-Man # 100, onde Peter Parker tomou um soro especial destinado a eliminar seus poderes de aranha e, consequentemente, viu quatro braços extras crescendo em seu torso — fato que o fez procurar o geneticista Dr. Michael Morbius.
Morbius, inclusive, foi o primeiro personagem a ser anunciado diretamente como um vampiro na Marvel, 17 anos após a implementação do CCA. A ressalva do personagem era ser um vampiro “vivo”, com a origem de seus poderes vinda da ciência e com o fato dele se alimentar da força vital dos seus adversários. Tudo isso ajudou a driblar a censura da época.
Não muito tempo depois da criação de Morbius, a Marvel se inclinou ainda mais para o terror, graças ao relaxamento das restrições do CCA com a passagem dos anos (até ser totalmente abolido em 2011). De lá pra cá, a empresa anunciou alguns personagens bem focados no horror, incluindo sua própria versão do Drácula de Bram Stoker e do Lobisomem.
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