Elliot Page fala sobre como foi trabalhar em grandes filmes antes de se assumir como homem trans

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Elliot Page fala sobre como foi trabalhar em grandes filmes antes de se assumir como homem trans

Por Flávia Pedro

Apesar de ter ficado muito mais conhecido ao participar da série The Umbrella Academy, da Netflix, é preciso lembrar que Elliot Page já trabalhou em diversos outros grandes projetos do cinema, como A Origem (de Christopher Nolan), ou sua atuação em Juno, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar em 2008. Porém, em seu livro, intitulado Pageboy, (via Insider) o ator revela que passou por alguns dilemas durante as gravações de uma dessas produções.

No livro, Page escreveu um pouco sobre alguns momentos importantes de sua carreira como ator. Ele revelou que, durante as gravações de A Origem, ele abordou o tema de luta de gênero enquanto tinha que trabalhar junto com tantos outros homens, já que se assumiu transgênero algum tempo após trabalhar no filme de Nolan.

“Apesar de ser um prazer trabalhar com todos, eu me sentia deslocado. Em um elenco cheio de homens cis, eu não entendia o papel em que me encontrava. Nas primeiras duas semanas do filme, brinquei que seria substituído por Keira Knightley, e com razão.”

Elliot Page

Ainda sobre a importância em se assumir transmasculino, Page foi entrevistado por Oprah em 2021, onde falou pela primeira vez na TV como foi desconfortável estar em A Origem, onde teve que se apresentar como mulher nas estreias do filme ao redor do mundo:

“Houve tanta imprensa e tantas estreias em todo o mundo e eu estava usando vestidos e saltos em praticamente todos os eventos”, explicou Page. “Eu fiquei mal, foi como um momento cinematográfico. Naquela noite, depois da estreia na festa pós-festa, desmaiei. Isso é algo que aconteceu com frequência na minha vida, geralmente correspondendo a um ataque de pânico.”

Page prosseguiu sua declaração:

“Em última análise, é claro, são todas as experiências que você teve desde que era criança, as pessoas dizendo: ‘A maneira como você está sentada não é feminina, você está andando como um menino’. A música que você está ouvindo quando é adolescente, obviamente, a maneira como você se veste. Cada aspecto de quem você é constantemente observado e colocado em uma caixa em um sistema muito binário. É a isso que isso leva.”

Em um mundo que ainda mantém a visão binária de gênero e onde pessoas cis ainda ocupam um lugar a frente, o passo dado por Elliot foi muito importante não só para ele, mas também para o público que acompanha sua carreira. O assunto é central em seu livro autobiográfico, no qual o ator fala sobre se calar e a repressão que o sufocou por tanto tempo.

Pageboy foi lançado no início de junho, e já está disponível no Brasil.

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