Review: The Boys 3×8 – O Quente Deserto Instantâneo

Capa da Publicação

Review: The Boys 3×8 – O Quente Deserto Instantâneo

Por Junno Sena

Atenção: Alerta de Spoilers!

Quando me coloquei à disposição para cobrir a terceira temporada de The Boys, não sabia o que esperar. Com a memória fresca da segunda temporada em mente e a releitura dos quadrinhos do Herogasm em dia, o novo ano da série prometia ser o melhor até então ou se tornar o mais decepcionante. Mal sabia eu que ficaria completamente indiferente.

Entre pontos altos e baixos, em sua maioria atuações maravilhosas e um roteiro maçante, a terceira temporada de The Boys se destaca por dar mais espaço ao seu elenco, mas erra em se deixar resumir por lutas superpoderosas e conflitos sem sal.

Embate entre Homelander e Maeve é um dos destaques do episódio.

E, quando me refiro a questões sem graça, me refiro, especialmente, a tramas paralelas que não se sustentam tão bem, mas que insistem em colocar como foco. Seja o relacionamento de Hughie com Luz Estrela ou a burrice descarada de Profundo e, até mesmo, como A-Train ou é utilizado para sofrer racismo ou para tomar as piores escolhas possíveis.

Enquanto somos puxados para essas narrativas repetitivas, outras discussões caem no vazio. Pois, além de dar espaço para personagens desinteressantes, os roteiristas precisam incluir conflitos superpoderosos e cenas expositivas. E nessa bagunça que é The Boys, alguns momentos se destacam, na esperança que seja o suficiente para entregar tudo o que foi prometido.

Anthony Starr e Karl Urban mostrando uma atuação fascinante é um exemplo do que se destaca. Assim como o trabalho dos artistas visuais e de efeitos práticos. O carisma de personagens como Maeve e Kimiko e a criatividade em sempre trazer uma morte ou luta interessante também são pontos positivos. Mas, parafraseando Isabela Boscov, o incômodo deste último episódio da terceira temporada de The Boys é ouvir as “engrenagens sendo movidas”. O que parecia ser orgânico passa a empurrar os personagens para uma situação desconfortável com a promessa de ser resolvida na próxima temporada.

Terceira temporada de The Boys termina com grandes promessas e poucas resoluções.

Isso não seria um problema caso já não tivéssemos passado pela mesma situação. Assim como no ano anterior da série, os mesmos elementos foram apresentados nesta terceira temporada: (1) uma trama política surgindo no horizonte; (2) um novo vilão; (3) o ápice que tenta chocar o público e, por fim, (4) uma luta sangrenta.

E ainda resta um posfácio: o gancho que promete um enredo político e mais profundo. Enquanto na segunda temporada, éramos apresentados ao horror que a Vought teria de enfrentar ao descobrirem que Tempesta era uma nazista e Victoria Neuman, uma “supe”; nesta temporada, o “problema político” é a ascensão de um neonazismo ao redor de Capitão Pátria.

E, se não existiu um desenvolvimento adequado das pontas soltas no início da terceira temporada, me parece difícil que veremos algo do gênero no próximo ano de The Boys. Das primeiras vezes, ao ver isso acontecendo, parece proposital. Talvez, uma forma de escalonar a situação até torná-la insuportável e, então, falar do “elefante branco na sala”. Porém, ao se deparar com a mesma estrutura e perceber que nada de novo irá sair dela além de uma possível reordenação dos fatores, parece desleixo.

O oásis nesse deserto

Ryan promete ser uma carta coringa para a próxima temporada.

Para alguns, irá soar como se eu tivesse odiado a temporada do início ao fim. Pelo contrário, The Boys é uma das produções com um nível de qualidade linear. Levando em consideração a série em um todo, O Quente Deserto Instantâneo é um bom episódio. Com ganchos e críticas políticas escrachadas, ele tenta se sustentar na mesma fórmula de sempre.

Além disso, diversos pontos interessantes, alguns que deveriam ter ganho mais destaque, surgiram nesses oito episódios. E levando tudo isso em consideração, esse é o momento certo de se encaminhar para o final.

Com a escalada política de Victoria Neuman e Capitão Pátria ganhando o clamor popular mesmo sendo uma pessoa tenebrosa, nos aproximamos daquele final “idealizado” dos quadrinhos. Como o roteiro parece estar constantemente preocupado em mostrar cenas “chocantes” e deixar alguns enredos de lado, o melhor me parece resumir a expectativa e “acabar logo com isso”.

Quantas vezes já vimos o Profundo ir ao fundo do poço, se erguer e voltar pro mesmo lugar? Ou A-Train que apenas serve para ser escorraçado? E a dor de cotovelo de Hughie por não ser o “homem” da relação? Parece positivo que Butcher esteja próximo da morte por conta do V-24, pois assim, terão que correr com a resolução do conflito do líder dos Garotos contra o líder dos Sete.

Aproveite e continue lendo: