Ms. Marvel 1×05/06 – O tempo dirá/Um normal

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Ms. Marvel 1×05/06 – O tempo dirá/Um normal

Por Leo Gravena

Os dois últimos episódios de Ms. Marvel trouxeram tudo aquilo que os fãs queriam ver. Mesmo que nem todo mundo tenha gostado muito do quinto episódio, a série como um todo foi a fundo no seu desejo de abordar dois temas bastante interessantes e que quase sempre são mal trabalhados ou apenas esquecidos no MCU: família e comunidade.

Ms. Marvel usa seus poderes com seu novo traje

Desde o quinto episódio, quando vemos a mãe de Kamala descobrindo sobre os poderes dela e quem ela é, seria muito fácil deixar em aberto a clássica história de uma jovem heroína tendo que – novamente – brigar, mentir e lutar até ser aceita pela família por ser diferente. Aqui, contudo, temos algo completamente diferente.

Pode ser bobo e com piadas demais? Claro, mas não adianta fingir como se isso não fosse todo o resto do Universo Cinematográfico da Marvel. Aqui vai uma dica: o MCU é feito de filmes comerciais, cheios de piadas, momentos bobos e clichês porque é o que vende ingressos, se você está procurando o ápice da dramaturgia e sétima arte, provavelmente não irá encontrar em um filme da Marvel.

Isso não significa, de forma alguma, que somente por ser algo popular e feito para lotar salas de cinema (e agora, no streaming, lotar o sofá de casa) ele pode ser ruim, malfeito ou largado, muito pelo contrário. E diferente várias das outras produções feitas pela Marvel para o Disney+ até agora é clara a qualidade narrativa de Ms. Marvel.

Aamir, o irmão de Kamala, rouba o momento em cena do “plano infalível”.

Diferente de Loki, Wandavision e Falcão e o Soldado Invernal, os últimos momentos não servem apenas para introduzir um conceito que vai ser melhor explorado nos filmes ou em uma segunda temporada. Sim, temos toda a cena de Kamala sendo (possivelmente?) uma mutante e a cena pós-créditos, mas em momento nenhum você sente que toda a série foi feita apenas para se encaminhar até esses dois momentos que serão importantes no futuro do MCU.

Ms. Marvel é importante agora, ela está em sua jornada, tornando-se uma heroína e aprendendo a ser uma pessoa melhor enquanto ajuda seus amigos e recebe o carinho e apoio de sua família. Tudo isso é lindo, assistir aos dois últimos episódios – e a série como um todo – é o ápice do “feel good” e verdadeiramente espero que a Marvel Studios aprenda com a produção.

Não, nem toda série precisa ser uma série fofa, divertida e gostosa de assistir com a família, mas toda série deveria ser uma produção própria, que conta uma história dentro desse universo, e não uma narrativa forçada a criar conexões dentro dele – sem precisar se agarrar a ideia de fazer um filme dividido em seis partes ou jogar easter-eggs à rodo e fingir que isso é um roteiro.

Obviamente, Ms. Marvel não é uma série perfeita, toda a resolução de Najma e os Clandestinos é corrida, não faz muito sentido e não traz peso para a narrativa fora o passado familiar de Kamala, mas é compreensível o que ela e o grupo representam para a jornada da heroína nesse momento, não daqui a dois ou três anos, mas agora.

Tudo o que a série deixa para seu futuro (mutantes, The Marvels, os relacionamentos) são prévias pequenas e rápidas, elas são um complemento para a história de Kamala, não ganchos jogados para criar uma grande expectativa para o futuro. Isso é personificado maravilhosamente bem quando ela descobre que existe “algo errado em seus genes”, respondendo que isso seria apenas outra caixa na qual as pessoas tentariam encaixá-la.

Romance entre Kamala e Kanram fica em aberto para uma segunda temporada.

O quinto episódio, que também é um dos mais curtos da série, apresenta o passado da bisavó de Kamala junto de Najma e vemos a jovem heroína cumprindo seu destino, mas mais interessante do que isso é um episódio que, assim como a série ao todo, não tem medo de trazer questões desconhecidas para o público americano (e brasileiro) que não faz ideia do que foi a Partição da Índia e o motivo dela ser tão importante para a cultura indiana, paquistanesa e muçulmana.

Já o sexto e último episódio foi uma grande aula de como trabalhar personagens jovens em uma batalha final num local contido e que traz um senso de urgência, algo como todos os finais dos filmes do Homem-Aranha no MCU, mas ao inverso. Honestamente, prefiro muito mais uma luta final em uma escola, em que você sente o perigo que os personagens estão enfrentando e se importa com eles, do que uma grande batalha multiversal contra 30 vilões diferentes que pode destruir completamente o mundo, mas não passa um pingo de emoção genuína.

No fim, a verdade é que mesmo sendo sobre uma garota completamente apaixonada pelo universo Marvel e os heróis que lá existem, Ms. Marvel é um grande ponto fora da curva. Depois da grandiosa tragédia que foi Cavaleiro da Lua, ver uma série que sabe o que está fazendo, que se importa em contar uma história boa, contida e importante, quase me faz confiar novamente nas séries da Marvel… Quase.

O que o futuro espera para a Marvel Studios com as séries, apenas Mulher-Hulk, Invasão Secreta, a segunda temporada de Loki e várias outras poderão nos mostrar, mas o futuro da Ms. Marvel de Iman Vellani é brilhante, exatamente como os seus novos poderes.

Comunidade de Nova Jersey vai em defesa da Ms. Marvel.

Ms. Marvel está disponível no Disney+. A jovem heroína retornará em The Marvels.

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