Review: Lost Ark, novo MMORPG da Amazon Games, traz a experiência básica do gênero

Review: Lost Ark, novo MMORPG da Amazon Games, traz a experiência básica do gênero

Não espere nada muito inovador, mas nada muito decepcionante também

Comandada por Jeff Bezos, a Amazon está determinada a expandir seus negócios a todos os mercados. E depois de conquistar sua fatia do mundo do streaming com a Prime Video, chegou a vez da gigante americana se aventurar no mundo dos jogos com a Amazon Games. O segundo jogo deste selo, Lost Ark, é um clássico MMORPG: sem tirar, nem pôr.

Desenvolvido pelo estúdio coreano Smilegate RPG em parceria com o Tripod Studio, o jogo traz uma experiência competente para os amantes do gênero que não se esforça para conquistar o público casual. Chega mais para descobrir se deu certo.

FICHA TÉCNICA

Título: Lost Ark

 

Desenvolvedora: Smilegate RPG, Tripod Studio

 

Distribuidora: Amazon Games

 

Plataformas: Windows

 

Idiomas: Inglês, Francês, Espanhol e Alemão

 

Tradução para o Português: Não

 

Lançamento: 11 de janeiro de 2022

 

Gênero: MMORPG

Requisitos mínimos

Sistema operacional: Windows 10 64 bit

CPU: Intel i3 ou AMD Ryzen 3

Memória: 8GB ou mais

Espaço disponível em armazenamento: 50GB ou mais

Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 460 / AMD HD6850

Resolução de tela: 1280×720

Internet: Conexão Banda larga

DirectX: DirectX 9

Configurações utilizadas para a review:

Sistema operacional: Windows 10 64 bit

CPU: AMD Ryzen™ 5-4600H @ 3.0 Ghz 4.0 GHz

Memória: 16.00 GB

Placa de vídeo: NVIDIA® GeForce® GTX 1650

Resolução de tela: 1920×1080

DirectX: DirectX 12

Genérico, mas eficiente

A base da história é genérica por si só. O jogador escolhe um personagem da classe de sua preferência, que define também o pontapé inicial da sua história. Mas seja este herói um atirador que derrubou um cientista louco ou um lutador predestinado à grandeza, no final o que importa é que a Arca Perdida o chama.

Resumidamente, as pessoas esperam que alguém encontre este artefato há gerações para salvar o mundo e demônios também estão doidos para colocar a mão nele. Um arroz com feijão das histórias fantásticas, evidentemente, mas esta simplicidade traz uma familiaridade que funciona muito bem à favor da imersão. A conexão com o universo do jogo é instantânea, mesmo que ele não seja um dos mais originais.

Sabe aquelas piadas que fazem sobre O Senhor dos Anéis jogar nomes de lugares e pessoas à torto e direito de um jeito nada natural? Então, Lost Ark sofre o mesmo mal. Logo no início, os personagens não perdem tempo para falar de lugares, pessoas e artefatos supostamente importantes em uma velocidade tosca. Depois de um tempo, a única solução é desistir de acompanhar o que está acontecendo e perceber que, no fundo, nenhum nome importa muito.

Basta seguir o direcionamento das quests na tela do jogo que o jogador não irá se perder. E, francamente, nenhuma missão no primeiro continente do jogo vai exigir muito esforço mental para ser concluída, um mal que não é exclusivo de Lost Ark, mas acompanha muito jogos do gênero. As tarefas pedidas pelos NPCs costumam cair no padrão automático de “converse com fulano”, “colete esses itens”, “derrote esses monstros” e outras variações simples. São ótimas para quem só quer uma distração rápida após um longo dia no trabalho ou na escola, mas não oferece uma profundidade além disso.

Algumas quests secundárias ainda conseguem entregar uma inesperada fagulha de criatividade. Uma das que mais me marcaram acontece logo no início: um bardo pede inspiração para compor uma nova canção e tudo que eu precisei fazer para ajudá-lo foi dançar um pouco. De forma simples, a tarefa opcional conseguiu construir uma narrativa leve e descompromissada que me alegrou por alguns instantes, antes de cair novamente na mesmice. Mais momentos como este fariam bem ao conjunto da obra.

Show de luzes

De longe, a melhor parte da experiência é a seleção de classes avançadas que o jogo entrega, mas até isso é inconsistente. Classes são restritas ao gênero definido para o personagem, limitando brutalmente a quantidade de opções realmente viáveis. Martial Artists, por exemplo, só tem acesso a variedade entre as mulheres, podendo se tornar Wardancer, Scrapper ou Soulfist. Dessas, a mais inusitada e empolgante é a Soulfist, enquanto a Wardancer decepciona em sua simplicidade.

A graça das classes avançadas é que o jogo deixa você testar a vontade antes de se comprometer com algo. Então algo que parecia legal na teoria, pode se mostrar sem brilho na prática. Como é o caso da classe arqueira, Sharpshooter, que acaba sendo ofuscada quando se coloca as mãos em outra opção para os Gunners, a ultra versátil Deadeye. No fundo, mesmo que algumas se sobressaiam, há uma classe para cada tipo de jogador e combinar suas habilidades é sempre empoderador.

Este é um dos maiores méritos do sistema de combate, que se afasta da estrutura de RPG de Ação clássica para simular uma experiência de hack’n’slash. A satisfação de encadear golpes e combos contra hordas de inimigos é altamente viciante e compensa a falta de estímulos de outras áreas do jogo. Seja enfrentando inimigos menores nas rotas do mapa ou sobrevivendo a ondas de oponentes nas simplórias dungeons, o espetáculo que o combate entrega demora a enjoar. Parece uma versão mais lenta de Diablo 3, com a velocidade ideal para construir uma sensação de precisão em meio a um caos de habilidades.

Outra grata surpresa foi o Tomo do Aventureiro, um menu de tarefas opcionais variadas que recompensa jogadores que decidem fugir do caminho óbvio. Há incentivos para explorar novos cantos do mapa, descobrindo chefes, lugares e segredos, trazendo um propósito maior para quem não for fisgado pelas histórias rasas.

Lost Ark tem uma ideia muito clara do que quer ser e nunca foge do seu objetivo: entregar um entretenimento leve, simples e viciante. Além da própria estrutura favorecer um ambiente desestressante, os desenvolvedores fizeram questão de implementar mecânicas elegantes que facilitam a vida do jogador. Para o público casual, isso significa menos esforço para conseguir um retorno de diversão. Enquanto para o público hardcore, mais opções para otimizar seu tempo enquanto joga.

O objetivo é descomplicar ao máximo até a menor das burocracias. Andar, por exemplo, que exige repetidos cliques do mouse, pode ser automatizado com o apertar de um botão. Há maneiras de automatizar os ataques simples e outras personalizar a experiência ao seu gosto, o que também torna o jogo um pouco mais acessível a pessoas com deficiência.

Na contramão destes avanços, a interface de usuário é absurdamente poluída. É uma explosão visual que quase agride os jogadores menos acostumados com este caos. O excesso de informação é típico do gênero e tem a intenção de auxiliar o jogador a tomar decisões intencionais, planejando melhor seus movimentos. Entretanto, a estética intimidadora pode afastar os novatos, que se sentirão sobrecarregados visualmente.

Falando em visuais, a direção de arte do game precisa ser mencionada. Ainda apostando na Unreal Engine 3 (quando o motor gráfico mais atual do mercado é a UE5), o título consegue equilibrar qualidade artística com desempenho. Assim, os personagens são bonitos e detalhados, mesmo que não entreguem nada além do mínimo, mas como resultado o jogo acaba não pesando muito na hora de ser rodado por máquinas menos potentes. É uma troca bastante justa, reforçando a prioridade dos desenvolvedores.

Nota: 7/10

No fim, como um MMORPG, Lost Ark é um ótimo hack’n’slash. O game traz um universo genérico que tenta abraçar um público mais amplo que seus competidores, mas aposta nas mesmas estruturas que tornaram o gênero tão consagrado: repetição, variedade e complexidade. Mesmo que existam alguns avanços em acessibilidade, o game não abre mão de tudo que já funciona para o seu público mais fiel em prol da possibilidade de expandir sua base de jogadores. Por não trazer nada de muito novo ou próprio, nem mesmo em seu mundo, este jogo recebe um 7/10 da Legião.

 

Quem gosta da estrutura de jogos como World of Warcraft, vai se sentir em casa com o novo game gratuito da Amazon Games. Mas quem já sabe que esse tipo de game não é para você, não adianta insistir, porque Lost Ark não faz questão de te conquistar.

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