Review: Horizon Forbidden West é uma sequência estelar, digna da Aloy

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Review: Horizon Forbidden West é uma sequência estelar, digna da Aloy

Por Márcio Jangarélli

No PlayStation 4, sem muito alarde, a Guerrilla Games desenvolveu um dos melhores jogos da geração. Horizon Zero Dawn tornou-se um dos carros-chefe dos exclusivos da Sony graças à grandiosidade selvagem de seu mundo pós-apocalíptico, mas, principalmente, pelo carisma e valentia da protagonista, Aloy.

Dar sequência a algo tão impressionante — e com uma história aparentemente fechada no primeiro game — é um desafio perigoso. Mas, depois de testar Horizon Forbidden West com antecedência, posso dizer que fica claro desde o início que o segundo capítulo da história da Aloy é ainda melhor que sua introdução.

Quer saber mais sobre o Oeste Proibido? Pega seu arco e venha comigo desvendar Horizon Forbidden West!

FICHA TÉCNICA

Título: Horizon Forbidden West

 

Desenvolvedora: Guerrilla Games

 

Distribuidora: PlayStation

 

Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5

 

Lançamento: 18 de Fevereiro de 2022

 

Gênero: Ação e Aventura

 

Idioma: Inglês, Português BR

 

Dublagem para o Português: Sim

Para o Oeste e além

Uma nova jornada adiante! (Imagens: Captura no PS5)

Surpreendente. Esse é o sentimento constante que permeia a jogatina de Horizon Forbidden West. Dos cenários de tirar o fôlego, à intrigante e corajosa história sendo contada, se os trailers e imagens já haviam te impressionado, o que o game tem reservado vai muito além.

Horizon Zero Dawn é um game muito difícil de se fazer uma sequência. Além da aventura possuir um final satisfatório, o mundo aberto e as inúmeras possibilidades de exploração e combate te fazem pensar que seria quase impossível criar uma continuação sem parecer mais do mesmo. No entanto, a experiência de Forbidden West não apenas melhora e expande o que já havia sido estabelecido, como encontra um caminho novo a ser seguido.

Claro, o ótimo combate com arco e flecha ainda está lá, junto da exploração infinita de escalar montanhas e desbravar florestas e cavernas. O que Forbidden West traz de novo é a liberdade de seguir em um gameplay diferente. O combate com lança ganha mais destaque, as conversões de máquinas são mais importantes, existem mais opções de stealth e sabotagem e uma variedade enorme de equipamentos para você se especializar e melhorar sua caça.

O Oeste Proibido é belíssimo e perigoso

Diferente de Zero Dawn, que era bem mais linear em sua progressão e possibilidades de customização, Forbidden West incentiva a liberdade. Existem novas opções de arma e armadura, de munição, armadilhas, poções e até de elementos. Esses itens não estão mais tão vinculados à história, possuem um teor mais “descartável” e isso te faz testar novas abordagens e investir no melhor para o seu tipo de gameplay.

Até a árvore de habilidades está maior, mais variada e livre para exploração. São seis caminhos, sem ordem definida ou bloqueios, para você evoluir as façanhas da Aloy. Este recurso conta também com skills para os variados tipos de armamento e os chamados “Impulsos de Bravura”, que são habilidades especiais ativadas durante o combate, aumentando seu dano, defesa, concentração, etc. Você só pode equipar 1 impulso por vez, eles são especiais de cada árvore e fazem a batalha ficar mais divertida — e podem te salvar em momentos críticos.

Talvez o ponto seja esse: todas essas possibilidades tornaram Horizon Forbidden West uma jornada absolutamente divertida. Zero Dawn, com seus aspectos muito lineares, é um tanto sisudo demais para muita gente, que não tem tanta paciência assim para um game de mundo aberto sem “liberdade total”. Aqui, a evolução da Aloy é mais versátil, talvez mais desafiadora, e isso torna o gameplay mais interessante – inclusive na exploração.

A qualidade gráfica não irá te decepcionar

Contrariando expectativas, o mundo de Forbidden West não é um infinito maior que o de Zero Dawn. Na verdade, em comparação rápida, o mapa parece apenas um pouco maior. E isso é ótimo. Jogos em mundo aberto e territórios gigantescos já foram febre, anos atrás, mas geralmente revelavam uma ambição exagerada pelo tamanho, enquanto conteúdo ficava de lado. No Oeste Proibido, isso não é regra.

É difícil você achar um espaço no mapa onde não exista algo algo pra fazer. Sejam sidequests, pontos de caça, caldeirões, mini-games, cavernas, itens preciosos, etc; o Oeste Proibido é rico e te desperta o desejo de explorar. Especialmente porque agora essa aventura possui verticalidades maiores: você pode chegar ao topo do mundo de forma mais natural ou nadar até a maiores profundidades.

A nova opção de nadar é um dos pontos principais na divulgação do game e realmente faz diferença em Forbidden West. Além de poder conhecer outra face desse mundo, a catástrofe apocalíptica ganha nova forma e o sentimento de “sobrevivente” e “caçadora” da Aloy ficam mais fortes. Os espaços submersos não são maioria no jogo, como muitos podem achar, mas são incríveis, bem pensados e construídos, adicionam um desafio inédito ao gameplay e a movimentação é excelente.

Agora, Aloy explora as profundezas desse mundo

Importante dizer que, no quesito exploração, a Guerrilla ouviu as reclamações e memes da comunidade e eliminou as “pinturas” nas montanhas. Os pontos de escalada agora são mostrados ao ativar seu foco, que marca todas as possibilidades de subida que você pode tomar, tornando mais livre sua interação com o mundo.

Mas, talvez o que mais me encantou com esse jogo foi sua história. Horizon Forbidden West é mais corajoso em sua narrativa do que os trailers mostram e os caminhos que a Aloy toma aqui são fascinantes. Na verdade, esse capítulo dá um novo contexto aos eventos de Horizon Zero Dawn e, ainda que isso seja bem perigoso, foi uma flecha certeira dos desenvolvedores. Isso te faz até querer jogar novamente o primeiro game.

Enquanto não posso entrar em muitos detalhes sobre a narrativa, posso dizer que a própria Aloy está diferente aqui, seguindo uma evolução de personagem apaixonante. O game começa pouco depois dos eventos do final de Zero Dawn e mostra que a protagonista está avançando sem parar, tentando entender e eliminar uma nova ameaça. Porém, isso a torna mais desesperada, fechada e arrogante, características negativas, mas que acrescentam à jornada da guerreira de uma maneira muito humana.

O céu (ou as quedas) não são o limite em Forbidden West

Em vários momentos, esse Forbidden West me fez lembrar da franquia Jogos Vorazes (em específico, Em Chamas) e não só pela protagonista arqueira. Existem algumas comparações que podem ser feitas entre Aloy e Katniss, especialmente depois que as duas superam seu primeiro grande desafio. A forma como elas se veem quase invencíveis agora e se fecham para o mundo, como tendem a carregar uma responsabilidade imensa sem ter pedido por isso ou como o futuro vem para mostrar que elas ainda tem muito a ver, aprender e sofrer.

Assim como Katniss em uma nova Arena, o Oeste Proibido desafia a Aloy para além do que ela poderia sonhar. Novos povos, novas crenças, novas culturas, novos inimigos, novas descobertas. O carisma e a liderança delas permanecem, mas a paciência e a empatia são outros agora. É muito divertido ver as interações da guerreira e ela sendo obrigada a passar seu conhecimento adiante ou aceitar ajuda. Te faz ficar mais íntimo da personagem e talvez esse seja um dos principais fatores de Forbidden West encantar mais que o primeiro.

Ah, importante dizer que nem tudo é só Aloy; os personagens secundários, novos ou velhos conhecidos, merecem seu crédito. Sejam heróis ou vilões, Forbidden West possui um elenco sensacional, que adiciona humor, drama e risco à trajetória da protagonista. Esse mundo nunca esteve tão vivo e, por isso, protegê-lo não é uma vontade apenas da Aloy, mas do jogador. Todas as novas tribos e grupos são excepcionais, únicos e irão te cativar de alguma forma, seja pela coragem, pelos costumes ou pela estranheza.

Sylens é um dos grandes motores dessa nova história

Com tudo isso dito, é importante dizer que o Oeste Proibido precisa de um pouquinho de polimento nas flechas. Quase que literalmente, quando o menu de troca de armas, essencial para o combate, ficou mais confuso, com muitas possibilidades de munição e equipamentos, e pode te atrapalhar na batalha.

Ainda, mesmo que eliminar as faixas brancas nas montanhas tenha dado um ar mais livre às escaladas, um problema persistente no game é o da Aloy não se agarrar corretamente a pontos de subida ou demorar demais para pular de um lugar ao outro. Tornar quase tudo escalável também cria momentos onde o simples encostar em uma parede te faz começar subir nela e isso não é nada legal durante combate.

São pequenos problemas, no entanto; Nada que atrapalhe de verdade o jogo no geral, mas que pode te deixar um pouquinho irritado. Pelo menos, são coisas que podem ser otimizadas em uma atualização futura ou algo do tipo.

Por fim, se você gosta de gráficos e beleza hiper-realista, Horizon Forbidden West é o game mais bonito e detalhado que eu já testei. No PlayStation 5, o mundo da Aloy entrega paisagens absurdas, de te fazer olhar e se perguntar como aquilo foi feito. Porém, o mais impressionante mesmo são os personagens, seus movimentos corporais e, especialmente, os movimentos faciais. As emoções são assustadoramente nítidas e as expressões realistas. É de deixar qualquer um boquiaberto, em qualquer momento de conversa ou cena.

Nota: 9,5/10

É hora de arrumar a mochila e seguir para o Oeste! Horizon Forbidden West atinge o cume (atual) da nova geração e mostra como uma sequência deve ser feita: melhorando todos os aspectos do jogo original e surpreendendo naquilo que entrega de inédito. A nova aventura da Aloy é instigante, abre espaço para todo tipo de possibilidade e te faz enxergar esse mundo de uma forma inesperada.

 

A PlayStation e a Guerrilla Games miraram nas estrelas e acertaram. Por isso, Horizon Forbidden West leva 9,5 da Legião dos Heróis. Sem dúvida alguma, um concorrente forte a Jogo do Ano no The Game Awards e no nosso LHAMA!

E aí quais as suas expectativas para Horizon Forbidden West? Não esqueça de comentar!

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