Review: Digimon Survive é tão bonito e instigante quanto é lento e estressante

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Review: Digimon Survive é tão bonito e instigante quanto é lento e estressante

Por Márcio Jangarélli

Digimon, digitais? Será mesmo? Quatro anos desde o anúncio e depois de algumas turbulências na produção, Digimon Survive, novo game da icônica franquia, já está entre nós! O título foi lançado no fim de Julho, seguindo um caminho peculiar entre visual novel, RPG e estratégia. 

Graças à Bandai Namco, tivemos acesso ao game e, após finalizar a tensa aventura do Takuma com o Agumon, posso afirmar que este é um capítulo MUITO interessante e divertido na história da franquia, ainda que um tanto estressante e lento.

O digimundo te chama; Vem comigo!

FICHA TÉCNICA

Título: Digimon Survive

 

Lançamento: 29 de Julho de 2022

 

Desenvolvedora: Hyde

 

Distribuidora: Bandai Namco

 

Gênero: Visual Novel, RPG, Estratégia

 

Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC

 

Modos: Single Player

Sobrevivendo ao digimundo

Alguns dos digiescolhidos: Aoi e Labramon, Minoru e Falcomon, Takuma e Agumon

Desespero, morte e stress não são as primeiras palavras que você ligaria a uma franquia como Digimon, certo? As histórias do digimundo sempre foram um pouco mais adultas que as dos seus similares (Pokémon, por exemplo), mas ainda havia um limite, especialmente em relação às crianças/digiescolhidos. Bom, Digimon Survive veio mesmo para surpreender.

O game é estranho em vários aspectos, mas totalmente para o lado positivo da coisa. De alguma forma, a mistura de visual novel, RPG e tática funciona e você se adapta rápido à jogabilidade; a arte belíssima e mais sóbria também é uma surpresa, mas logo faz sentido no jogo. Até a trilha sonora e como os personagens são escritos, tudo é muito bem feito e instigante, mas te pegam com um estranhamento inicial.

Isso porque tudo em Digimon Survive vai na contramão do que você poderia esperar. Ainda há aquele brilho no olho e ingenuidade dos capítulos mais clássicos da saga, presentes especialmente nos digimons, mas todo o resto parece estar permeado de uma visão mais crua sobre o que a mitologia Digimon significa.

Komonagami, os “Deuses Fera”, são os digimons de Survive

Começa pelo fato de que em Survive eles não são chamados de “digimons” e nem parecem ser digitais; eles são “Kemonogami”, criaturas folclóricas da região em que o game se passa. A história do jogo subverte vários conceitos do cânone estabelecido, retrabalhando até mesmo a ligação entre as crianças e os digimons e o que esses seres representam no mundo. O melhor é que é tudo muito bem feito, captura seu interesse e te faz ficar mais investido na franquia como um todo – um grande acerto, diga-se de passagem.

Se você nunca jogou ou assistiu Digimon, Survive pode ser seu primeiro. É uma história que serve como um capítulo isolado e que não precisa influenciar as outras camadas da saga. Os protagonistas são carismáticos, possuem ecos de personagens icônicos, mas também são desenvolvidos de uma maneira mais “crível” em relação ao novo mundo que estão conhecendo. O medo é mais real, o desespero existe e a ameaça ao redor deles é mais presente e MUITO mais violenta.

Terror no digimundo? Você nem imagina…

Ainda estamos lidando com crianças tentando escapar de situações infelizes do mundo real, sim. No entanto, este mundo de Kemonogamis não é tão atrativo quanto o digimundo já foi no passado. Ele é mais sombrio, perigoso e pode significar um fim nada agradável para seus visitantes. Dessa vez, o grupo é forçado a enfrentar seus problemas internos de uma forma mais cruel, seu relacionamento com os digimons é colocado à prova de formas interessantíssimas e a história se torna o ponto alto do título.

Os problemas aparecem mais no ritmo do game do que em qualquer outra coisa. Para gerar todas essas situações acima, o jogo precisa se balancear com períodos de calmaria, momentos super expositivos e episódios mais internos de cada personagem lidando com situações opressivas. É uma corda bamba dificílima e esse equilíbrio nem sempre é bem sucedido, tornando Survive mais estressante do que precisa ser e extremamente maçante em certos capítulos.

A batalha estratégica de Survive é simples e muito bem explicada para o jogador

Mas é possível ignorar esses problemas se você levar em conta a história sendo contada, além da arte e música do jogo. Digimon Survive é LINDO visualmente e você nunca se cansa de ficar admirando seus personagens, cenários e menus. Sem contar que a trilha sonora, importante para a trama, também é um grande acerto e a música tema do game deve ficar na sua cabeça por muito tempo. Nesses aspectos, o game é impecável.

Claro, o título junta três gêneros que, definitivamente, não são favoritos do público geral: visual novel, RPG e estratégia. E existe uma divisão bem clara dentro do jogo para cada uma dessas coisas – você não é obrigado a batalhar se não quiser, ou você pode focar mais nos combates e deixar a história para depois. Porém, Survive é bem sucedido em cada uma de suas tentativas, gerando uma experiência muito única, ainda que não seja o jogo mais coeso e uniforme do mundo.

Nota: 8,5/10

Como fã de Digimon desde jovem, Survive me pegou completamente desprevenido. Ele incorpora várias coisas que eu sempre quis ver na franquia, mas nunca imaginei que os digiprodutores estariam dispostos a trabalhar. É um game corajoso, divertido e chocante e pode ser tanto uma boa surpresa para outros fãs de longa data, como uma porta de entrada instigante para quem nunca visitou o digimundo.

 

Por tudo isso, Digimon Survive leva 8,5 da Legião dos Heróis. Definitivamente um game que você precisa dar uma chance se for fã de animes no geral e, principalmente, se já gosta dos monstrinhos digitais.

E aí, já testou Digimon Survive? Não esqueça de comentar!

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