[Indie+ #9] Conheça a ação de Midnigh Fight Express e o horror de Deadly Night, dois jogos independentes promissores

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[Indie+ #9] Conheça a ação de Midnigh Fight Express e o horror de Deadly Night, dois jogos independentes promissores

Por Gabriel Mattos

A Indie+ de hoje chega repleta de ação e sustos! Nesta edição da coluna de jogos independentes do Detonado Legião, a vertente de games da Legião dos Heróis, vamos explorar dois jogos cheios de ação.

O primeiro deles é Midnight Fight Express, game de artes marciais feito por um único desenvolvedor; e o segundo é Deadly Night, novo slasher retrô publicado pela Torture Star Video, a publisher independente do Puppet Combo. Bora lá?

Escrito por Arthur Eloi

Midnight Fight Express: o impressionante indie polonês que acerta em cheio na porradaria asiática

Jogo tem uma ação incrível.

De The Witcher à Dying Light, a Polônia se tornou um dos países com uma das cenas de desenvolvimento de games mais impressionantes dos últimos anos. O lado independente do país europeu é igualmente surpreendente – mesmo quando o projeto é tocado por apenas um desenvolvedor, como é o caso de Midnight Fight Express.

O game, desenvolvido por Jacob Dzwinel e publicado pela Humble Games, explora o submundo do crime de uma metrópole tomada por criminosos e anarquia. Um capanga de um poderoso chefão se vê despertado de um transe por um drone, e parte em busca de respostas – custe o que custar.

É impossível afastar comparações com Hotline Miami. Assim como no queridinho cult, o objetivo é completar as fases com combos insanos de porradaria ao som de música eletrônica pulsante. Por mais que seja um pouco menos sangrento, o paralelo é válido porque a experiência é igualmente intensa. As fases são curtas, mas pedem nervos de aço para lidar com a frustração da dificuldade e frequentes recomeços.

Time brasileiro entregou um game belíssimo

Aqui, porém, o sistema de combate parece saído direto de um jogo do Batman. É preciso equilibrar grandes grupos de oponentes com socos, chutes e agarrões. Mas o que dá o gostinho de filme de artes marciais é o uso de objetos do cenário: assim como em um bom filme de porradaria asiático, tudo pode virar arma para bater e arremessar.

É menos uma fantasia de poder em que você domina tudo, e mais como combates desesperados em que você busca a melhor forma de se defender e usar tudo ao seu redor para tentar nivelar o jogo.

Assim como em Hotline Miami, é fácil de entrar de cabeça no transe das luzes, da música e da violência frenética, mas é preciso ficar ainda mais consciente das arenas e dos inimigos. Há uma grande variedade de oponentes, com novos grupos sendo introduzidos a cada nova fase. Isso é uma tendência surpreendente no game: a enorme quantidade de conteúdo.

Mesmo sendo majoritariamente desenvolvido por uma única pessoa, o jogo conta com 40 fases com cenários variados, diferentes tipos de inimigos com golpes e animações próprias, além de extensas opções de customização e árvore de habilidades. Quando se trata de quantidade, não fica devendo em nada a muitos jogos grandes.

Midnight Fight Express pode ser meio frustrante às vezes, especialmente nas dificuldades mais altas e por alguns problemas técnicos (como um save que simplesmente decidiu se apagar), mas é uma experiência de porradaria impactante e viciante. Além da comparação com Hotline Miami, é mais possível criar paralelos com Ruiner, outro intenso game polonês de ação.

 

Com ótimos exemplos assim, é possível ver que a cena independente do país não só continua fortíssima, como também mantém muita sede por sangue.

Nota: 9/10

Midnight Fight Express está disponível para Xbox One, PlayStation 4, Xbox Series X | S e PC. Nas plataformas da Microsoft, o game está no catálogo do Xbox Game Pass.

Ah, e falando em sede por sangue…

Deadly Night: Fuga de um maníaco pixelado

Puppet Combo é provavelmente o nome que mais apareceu aqui na Indie+, e há motivo para isso: o desenvolvedor norte-americano não só tem uma produção constante de pequenos jogos de horror lo-fi, como também é responsável pela Torture Star Video, uma publicadora que alavanca jogos indie de outros entusiastas de desgraças.

O selo serve como uma espécie de curadoria, tendo sido responsável por ótimos títulos como os excelentes Bloodwash e The Horror of Salazar House. Agora, ele entrega mais um conto macabro, sangrento e pixelado com Deadly Night.

Inspirado por clássicos do slasher oitentistas, o game tem estética de VHS mofado e te coloca no papel de uma mulher em fuga do namorado abusivo que, durante uma estadia em um motel sujo, acaba sendo sequestrada por um maníaco. O objetivo então é fugir do cativeiro, e evitar ser fatiado pelo assassino mascarado.

Estética do início do 3D intensifica o terror.

A premissa é muito parecida com um dos mais populares jogos do Puppet Combo, Nun Massacre. O maníaco da vez, porém, não é tão refinado quanto a freira assassina: enquanto ela planejava ataques de surpresa e te perseguia até em ventilações, o assassino aqui é mais fácil de prever e despistar. A comparação é um pouco injusto, visto que são jogos de diferentes desenvolvedores, mas os estilos são parecidos o bastante para justificar.

Ainda assim, é aterrorizante vagar por quartos abandonados no escuro, tentando ouvir os passos do maníaco e se esconder a tempo. Além do excelente design de som, que transmite bem onde da casa ele está, há detalhes marcantes, como o fato de que a poeira cai do teto quando o assassino está caminhando no andar acima de você.

Nesse labirinto macabro, é preciso buscar objetos específicos para conseguir escapar ou até mesmo atordoar o inimigo. São mecânicas simples, mas altamente funcionais e divertidas em uma campanha que sequer bate duas horas de duração.

Além disso tudo, Deadly Night traz todo o charme de um slasher de baixa qualidade com atuações tão absurdamente ruins que se tornam até carismáticas. O visual bruto dos cenários e personagens, com pegada de jogo questionável de PS1, ajudam tanto na breguice quanto na tensão que só um bom horror de baixa fidelidade pode transmitir.

Deadly Night não é o game de horror mais memorável dessa leva retrô, e repete com gosto muitos dos tropos que já se tornam comuns até na cena indie. Ainda assim, é uma experiência descompromissada que consegue arrepiar com gráficos ruins e boa tensão.

 

Os títulos desenvolvidos por Puppet Combo são mais refinados, mas as obras publicadas pela Torture Star Video mostram que o desenvolvedor tem ótima curadoria e sabe nutrir novos talentos na indústria.

Nota: 8/10

Deadly Night está disponível para PC. A review foi feita com base em cópia do game enviada pelo próprio desenvolvedor.

E esta foi a última publicação de Arthur Eloi na coluna quinzenal de jogos indies da Legião dos Heróis. Mas fiquem ligados que a curadoria de jogos independentes continua na próxima edição.

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