[CRÍTICA] Em One Piece Film: Red, Uta rouba o show e quebra o coração do público

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[CRÍTICA] Em One Piece Film: Red, Uta rouba o show e quebra o coração do público

Por Márcio Jangarélli

Atenção nakamas dos quatro Blues e Grande Rota – o show da maior popstar do mundo já chegou ao Brasil! One Piece Film: Red estreou por aqui no dia 2 de Novembro, dublado e legendado, e finalmente podemos descobrir todos os segredos envolvendo Luffy, Shanks e Uta.

Como representante chapéu de palha da Legião, viajei para Elegia para acompanhar a grande estreia da Uta nos palcos. Se você está em dúvida se vale participar do show também, posso garantir: é uma maneira nova e fascinante de levar One Piece para o cinema.

Vem pra Nova Era com a gente!

Ficha Técnica

Título: One Piece Film: Red

 

Direção: Gorō Taniguchi

 

Roteiro: Tsutomu Kuroiwa

 

Data de lançamento: 2 de Novembro de 2022

 

País de origem: Japão

 

Duração: 1h e 55 minutos

 

Sinopse: “Uta — a cantora mais amada do mundo. Sua voz, com a qual ela canta enquanto esconde sua verdadeira identidade, foi descrita como “de outro mundo”. Ela aparecerá em público pela primeira vez em um show ao vivo. À medida que o local se enche de todos os tipos de fãs de Uta – piratas animados, a Marinha assistindo de perto e os Chapéus de Palha liderados por Luffy que simplesmente vieram curtir sua performance sonora – a voz que o mundo inteiro estava esperando está prestes a ressoar. A história começa com o fato chocante de que ela é ‘filha de Shanks’.”

Música de tragédia e liberdade

Luffy e Uta formam uma dupla improvável, mas com muita química (C: Toei Animation)

Quando falamos de One Piece, o núcleo da obra não está em grandes lutas, escala de poder ou transformações explosivas, mas no equilíbrio entre comédia absurda, tragédia, política e liberdade que a história de Eiichiro Oda transmite. Para celebrar os 25 anos do mangá, então, nada melhor do que encapsular e elevar tais conceitos em um grande evento cinematográfico, certo? Assim surge One Piece Film: Red.

Muito aguardado pelos público, com uma campanha de marketing impressionante, se alinhando até mesmo à história atual do mangá, Film Red reinventa o molde de filmes da franquia, enquanto entrega uma experiência que pode satisfazer todo tipo de fã. É um pseudo-musical, que subverte a fórmula de “antagonista marinheiro ou pirata velho e poderoso” e até mesmo a estrutura do longa, mas também conta com uma história profunda e emocional, cenários brilhantes, batalhas épicas, construção de mundo surpreendente e uma mensagem avassaladora. Isso sem contar a trilha sonora, mas chegaremos lá.

Princesa Uta, a maior popstar do mundo de One Piece

O que mais difere esse filme dos outros do catálogo de One Piece (e de franquias shonen no geral) é que ele não conta exatamente uma história sobre a tripulação ou o protagonista, mas segue, desenvolve e se aprofunda em alguém que cruza o caminho deles: Uta. Ela é mais a protagonista do filme que o Luffy, o bando ou o Shanks e isso funciona maravilhosamente bem.

Uta é mais do que você espera que ela seja. O filme toma seu tempo para desenvolvê-la, conta sua jornada com músicas, flashbacks e visuais. Tudo gira em torno dela, seus poderes, seus ideais e, especialmente, sua tragédia. É óbvio para qualquer um que acompanha One Piece que qualquer personagem com protagonismo terá uma história trágica, né? E a da popstar talvez esteja entre as mais grandiosas e sangrentas da franquia toda.

É realmente inteligente como o filme aborda o Shanks sem estragar as revelações do mangá

Mas nada disso funcionaria se ela não fosse uma personagem carismática por si só. Seja pelas dubladoras (original e brasileira), ou pela voz da Ado, artista que interpreta as músicas da moça, Uta é uma personagem cativante desde o seu primeiro segundo em tela. É impossível sair de Film Red sem, no mínimo, sentir simpatia por ela, conquistado por seus visuais, atuação, motivações ou até pelas escolhas que ela toma, de certa forma; É muito fácil entendê-la, sentir empatia.

Outro ponto fundamental do filme são as músicas. Como disse, é um pseudo-musical porque as canções não dirigem ou tomam a narrativa, mas elas ainda são intrínsecas à história. E cada uma delas é um espetáculo à parte, principalmente quando a Ado está em sua zona de conforto, com vocais mais raivosos, e consegue entregar um impacto brutal com seus versos. Sério, todas as músicas de Film Red vão ficar na sua cabeça depois que as luzes do cinema acenderem. 

Os Chapéus de Palha não tem lá muito tempo de tela, mas os novos visuais são ótimos

No entanto, esse não é um filme da Uta, mas de One Piece; como isso funciona? Assim como os outros longas da “fase moderna” do cinema OP, essa história não é canon, mas contém elementos que são ou que podem ser.  Dá para sentir que Oda e sua equipe estão testando ou introduzindo coisas aqui que terão impacto no futuro da franquia. E mesmo tendo muito foco na popstar, também é uma aventura muito ligada ao passado do Luffy e do Shanks, sem entregar ou estragar o que está por vir no mangá e anime.

Pensando bem, Film Red faz escolhas muito inteligentes em como mostra certos elementos de One Piece. Você não vê o encontro real entre Chapéus de Palha e Piratas do Ruivo, por exemplo, mas recebe algo satisfatório. Não descobrimos o passado do Shanks, mas ouvimos e vemos coisas que moldam o personagem, tão querido, mas ainda desconhecido, de uma maneira intrigante. Não vemos a extensão dos poderes do bando do Ruivo, mas temos um gostinho do que está guardado. É tudo muito sutil, com momentos que você perde se piscar, mas que consegue enriquecer o filme sem minar revelações do material original.

Claro, se você for assistir One Piece Film: Red esperando mais do que os filmes da franquia entregam, você vai se decepcionar. É importante que todos entendam: mesmo com uma fórmula diferente e foco em tópicos “mais canon” que os anteriores, é apenas um filme e não possui liberdade ou autoridade o suficiente para ir além disso. É um grande evento para a equipe de produção e fãs, super divertido e emocionante, que dá novos ares para esse universo, mas para por aí. A história original está no mangá e anime e é de lá que você deve buscá-la.

O que a “Nova Era” significa realmente?

Fica muito clara a ideia de “celebração” quando você observa o filme como um todo: lotado de fanservice, com a reunião de personagens improváveis (que funcionam e fazem sentido), vários looks novos e sensacionais para os Chapéus de Palha e vislumbres do futuro do anime. É somente nesse tipo de evento que você verá uma interação entre Blueno, Law e Brulée, por exemplo, ou o Sunny-kun. Essas histórias são feitas para testar loucuras que não cabem na história corrente e eu gosto muito disso.

Porém, o que muita gente pode estranhar é que a tripulação do Luffy não tem muito espaço em Film Red. Eles tem seu propósito e momentos de ação, mas, de novo, essa não é uma jornada deles. Me lembrou um tanto das épocas de Amazon Lily e Impel Down, por ser algo focado no Luffy e em alguém fora dos Chapéus de Palha, onde o protagonista acaba reunindo uma equipe maluca de seguidores para alcançar seu objetivo. Não é exatamente isso o que acontece ali, mas o sentimento é parecido; é um momento onde a aventura dos outros Mugiwara entra em pausa para acompanhar uma história que do seu capitão.

Adicionar a Uta na história do Shanks e do Luffy enriquece os personagens e não atrapalha o que já foi estabelecido

Por fim, algo muito interessante é como o conceito de música do filme – e a ideia de uma narrativa influenciada pela música – funcionam perfeitamente para One Piece. Afinal de contas, essa é uma jornada estranhamente musical, ainda que não pareça. O Luffy sempre quis um músico no bando, até que encontrou o Brook; Também, sempre ouvimos muito sobre festa, riso, tambores da libertação e, claro, Binks’s Sake. Música é um poder de liberdade na narrativa do Oda. Com Film Red, isso é reforçado e também é mostrado que também existem canções de tragédia.

O final de One Piece Film: Red é um dos mais bonitos e impactantes que já vi no cinema de anime, junto com o de Film Z. Ele trabalha essa dualidade musical e teatral, da comédia e da tragédia, enquanto mostra o impacto dessa jornada nos Piratas do Ruivo, no Luffy e na Uta, reforçando uma das mensagens principais de One Piece. Verdadeiramente inesquecível.

Nota: 4,5 estrelas

Não dá para falar tudo que eu gostaria sem tropeçar em spoilers. O que posso dizer, no entanto, é que One Piece Film: Red é uma experiência para todo fã da obra de Eiichiro Oda e pode até servir para quem ainda não conhece esse mundo e quer ver como ele funciona. É explosivo, emocionante, engraçado, dançante e vai te fazer sorrir e chorar como os melhores momentos do mangá original.

 

Acredito, sim, que alguns personagens são desnecessários e outros poderiam ter mais tempo em tela – o Brook, por exemplo, por ser literalmente uma aventura musical – assim, não dá para dar uma nota perfeita. Mas a jornada que Film Red entrega é tão imprevisível e impactante que compensa qualquer coisa.

 

Portanto, para a Legião dos Heróis, One Piece Film: Red leva 4,5 estrelas

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