Review: Splitgate, primeiras impressões do beta

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Review: Splitgate, primeiras impressões do beta

Por Arthur Eloi

Há alguns anos, surgiu em acesso antecipado no PC um jogo de tiro em primeira pessoa com uma proposta inusitada: combinar os combates em arena de Halo com as mecânicas de Portal. Splitgate, como é conhecido, havia atraído um pouco de atenção em 2019, mas agora se tornou um hit ao entrar em beta e ganhar versões para consoles.

Em questão de dias, o shooter gratuito criou filas – literalmente, já que é preciso esperar bons minutos para poder entrar nos servidores. Ao jogar algumas horas do game, é certo dizer que esse auê todo é justificado.

Ficha Técnica

Título: Splitgate

Desenvolvedora/Publisher: 1047 Games

Data de lançamento: 27 de julho de 2021 (beta)

Gêneros: shooter em primeira pessoa (FPS)

Normalmente, descrever algo através de comparações serve como uma muleta. No caso de Splitgate, falar que é a junção de Halo e Portal é ridiculamente preciso, ao ponto de que os próprios desenvolvedores usam isso na divulgação. De alguma forma, o estúdio 1047 Games, com cerca de 20 funcionários, conseguiu replicar com perfeição as mecânicas de ambos os títulos. Seja você veterano do multiplayer do shooter de Xbox, ou então mestres das câmaras de testes do game da Valve, é possível combinar toda essa expertise aqui.

A jogabilidade de Splitgate é especificamente inspirada nas mecânicas de Halo 3, com tiroteios intensos que dependem de bom posicionamento e reflexos, ao invés de habilidades extras ou truques de movimentação. Há certa simplicidade nisso, já que resgata a essência dos jogos de tiro online por baixo de tudo que foi sendo adicionado ao longo dos últimos anos.

Aqui, o jogador entra na arena munido apenas com duas armas. Para usar equipamentos mais poderosos, é preciso encontrá-los pelo mapa, sem nenhum tipo de loadout ou combinação milagrosa para desequilibrar a troca de tiros. É claro que essa configuração surgiu no PC, em clássicos como Quake e Unreal Tournament, mas Splitgate mira na forma que o gênero foi adaptado aos consoles com Halo. A inspiração na trilogia original da Bungie é tão forte que beira o plágio.

Splitgate não esconde ser uma carta de amor à Halo. O ajuste fino do recuo e cadência das armas, do ritmo das partidas e dos tiroteios é tão orientado pelo FPS de Xbox que até resgata a memória muscular de partidas de Team Slayer na Xbox Live. Na verdade, até os modos e equipamentos são tirados diretamente de Halo. O rifle que atira em rajadas de três balas também é chamado de Rifle de Batalha, por exemplo. As partidas em que não há escudos e tiros na cabeça matam direto também se chamam Team Swat. Até mesmo as medalhas que o narrador celebra são parecidas com a icônica voz de Halo.

Salvo por uma ou outra criatura bizarra, como um gato humanoide, nem mesmo os personagens jogáveis tentaram se diferenciar da armadura padrão dos Spartans. Splitgate vai um pouco além da homenagem, e pisa com gosto no território restrito do processinho.

Splitgate se parece muito com Halo… talvez até demais

O que ajuda a dar uma quebrada na imitação é, claro, a junção com Portal. Com botões dedicados a portais laranjas e roxos, é possível abrir portais em painéis específicos pelo mapa. Parece uma adição pequena, mas a quantidade de possibilidades que isso adiciona dão um gostinho único para a partida. Ao invés de correr o mapa todo, basta mirar o mais longe o possível, lançar um portal e pronto. Isso também ajuda na hora de avançar por perigosas esquinas, correndo o risco de dar de cara com um grupo de inimigos.

Nada é mais satisfatório do que contornar seus oponentes com o uso ligeiro dos portais. Essa rápida movimentação pede que os jogadores sempre estejam atentos, já que os rivais podem surgir de todos os lados. Em poucas semanas de beta, alguns vídeos já começaram a aparecer de gente usando portais para jogadas incríveis. É uma mecânica simples de usar (inclusive, com a mesma física do game da Valve), mas que pode render momentos surreais nas mãos de gamers mais experientes, o que dá potencial para Splitgate crescer da mesma forma que um Rocket League da vida.

O único problema de Splitgate no momento é sua absoluta falta de personalidade. O game não esconde ser uma amálgama de vários outros jogos, com estética de free-to-play de procedência duvidosa, menus altamente poluídos e um visual que frequentemente parece copiar mapas e a interface de Overwatch. Felizmente, sua base é bastante sólida, com jogabilidade engajante o suficiente para ganhar um voto de confiança. Acredite, as horas passam voando nos intensos tiroteios de Splitgate.

A jogabilidade é incrível, mas Splitgate é um pesadelo estético com essa interface poluída

Se Splitgate já entrega algo tão firme e divertido em beta, é possível apostar em um futuro brilhante para o game, caso os desenvolvedores da 1047 Games saibam alimentar, refinar e expandir sua obra com mapas, armaduras, armas e modos mais originais. Vai ser especialmente interessante ver o título disputando com Halo Infinite, que também propõe um retorno às raízes da franquia em um produto multiplayer free-to-play. Seja como for, agora há várias opções para os fãs saudosistas de Halo, e também para quem ainda não aceitou que a Valve não deve fazer um Portal 3 tão cedo assim.

Splitgate está disponível gratuitamente no PC (Windows e Linux), e nos consoles Xbox One, Series S | X, PlayStation 4 e PlayStation 5. Há ainda crossplay entre todas as plataformas. O artigo de primeiras impressões foi feito com base na versão de Xbox One.

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