Review: Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é o jogo perfeito para o Nintendo Switch

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Review: Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é o jogo perfeito para o Nintendo Switch

Por Arthur Eloi

Em seu quarto ano de vida, o Nintendo Switch já demonstra a idade ao rodar jogos mais pesados. O sucesso absurdo do console, porém, motiva muitos estúdios a tentarem otimizar seus games para a plataforma. Na metade de 2021, é a vez de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 chegar ao portátil híbrido.

Entre manobras radicais, combos gigantescos e boas doses de nostalgia, o jogo surpreende pela harmonia com a proposta do Switch – mesmo que alguns sacrifícios tenham sido feitos para fazê-lo rodar no console.

Ficha Técnica

Desenvolvedora: Vicarious Visions
Publisher: Activision
Plataformas: Nintendo Switch
Lançamento: 25 de Junho de 2021 (Nintendo Switch)
Gêneros: Esporte
Número de jogadores: 1-2 jogadores

Sem Cortes

Desenvolvido pela Vicarious Vision, Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 refaz os icônicos mapas dos dois primeiros jogos da franquia de esporte, originalmente lançados no PS1 em 1999 e 2001, respectivamente. Aqui, skatistas veteranos e novatos se tornam personagens jogáveis em busca de alcançar uma série de objetivos, como metas de pontuação e colecionáveis, ao longo de 19 fases diferentes, tudo ao som da trilha sonora composta por hits do punk, ska e hip-hop.

O remake foi lançado no PlayStation 4, PC e Xbox One em 14 de agosto de 2020, e bateu a marca de um milhão de cópias vendidas em apenas 10 dias. O game chegou ao Nintendo Switch em 25 de junho de 2021.

É importante ressaltar que, ao invés de terceirizar, foi a própria Vicarious Visions que levou o game ao Switch. O estúdio pegou a mão de como otimizar para o console da Nintendo com a coletânea Crash Bandicoot N. Sane Trilogy. Em Pro Skater 1+2, é possível ver essa experiência em ação: a portabilidade é ambiciosa, sem abrir mão de nenhuma função, modo ou mapa das outras versões.

Mesmo no modo portátil ou no Swich Lite (onde foi majoritariamente testado), o game roda liso. Os tempos de loading são modestos, com carregamentos que duram cerca de 30 segundos para entrar nos mapas, e depois 10 segundos para rejogá-los. Além disso, nem mesmo as fases mais amplas e cheias de elementos, como carros e objetos de cenários, conseguem derrubar a taxa de quadros abaixo dos 30fps. É certo que o jogo ficaria ainda mais satisfatório em 60 quadros por segundo, mas a trava é necessária para o bom funcionamento, e o fato de que nunca fica abaixo disso garante que o jogador possa mandar combos insanos e truques arriscados de forma responsiva.

Claro que algo precisou ser sacrificado para garantir esse nível de fidelidade para Switch, e esse foi o caso das texturas. Jogando no modo dock a versão do game é bastante competitiva com o PS4/One, ainda que inferior nos visuais e na iluminação. Já no portátil, as texturas são precárias e borradas, tanto nos cenários quanto nos personagens em si. Felizmente não há muitos glitches visuais, mas o ruído gerado pelas imagens de baixa qualidade exibidas em baixa resolução podem incomodar os jogadores mais exigentes, ainda que o tamanho da tela do Switch dê uma leve aliviada nos problemas.

Feito sob medida

Desmerecer essa versão de Pro Skater 1+2 pelos gráficos significa não entender o quão perfeito o game é para o Switch. É um daqueles casos em que a estrutura e a essência da obra estão em sintonia com as particularidades do console, mesmo que esses conceitos tenham sido inicialmente apresentados quase duas décadas antes da Nintendo lançar o seu portátil híbrido.

Como é costume desde o PlayStation 1, os jogos da franquia funcionam em doses. Ao escolher uma fase, o jogador recebe uma lista de objetivos, que variam entre alcançar metas de pontuação, caçar colecionáveis, ou executar manobras especiais em áreas específicas do mapa. Mesmo com muita habilidade, é complicado cumprir a lista toda em uma única tentativa visto que cada rodada dura apenas dois minutos. Assim, há incentivo para jogar as mesmas fases várias vezes, buscando aperfeiçoar seus combos, aumentar a pontuação total e cumprir cada um dos itens por vez.

Essa estrutura, que pede que o jogador curta em porções pequenas e intensas, está em casa no Switch. É muito fácil encaixar algumas rodadas em espaços curtos de tempo, e o fato do console ser portátil torna o jogo perfeito para ser aproveitado em qualquer lugar sem maiores preocupações. Seja deitado na cama, na pausa para o almoço, numa ida ao banheiro ou no metrô, Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 faz 15 minutos de jogatina renderem muito.

Ao mesmo tempo, o pacote é tão completo que há conteúdo de sobra para quem quer se dedicar. Cada fase traz cerca de 10 objetivos, além de competições que entregam medalhas de bronze, prata e ouro aos três primeiros colocados. Além das 19 fases dos games originais, há a possibilidade de criar mapas customizados, e também baixar as obras de outros jogadores. Para finalizar, o game ainda conta com modos multiplayer, tanto online quanto em tela dividida, e também uma série de desafios, universais e particulares de cada skatista. É um prato cheio para os que gostam de completar todo objetivo principal, secundário, pegar todos os colecionáveis, atingir o nível máximo, e ainda disputar com outros jogadores.

Além da Nostalgia

Pro Skater 1+2 tem a árdua tarefa de revitalizar uma das maiores franquias dos games. O remake não só tira isso de letra, mas vai além para criar algo tanto para o saudosista quanto para o iniciante.

Isso acontece através de um exercício de contextualização. Tratar a série de games só como entretenimento é diminuir sua força. Na verdade, Tony Hawk’s Pro Skater foi fundamental para a cultura do skate, levando ao mundo a estética, a música, as manobras e o humor desse movimento. Feita por skatistas para entusiastas do esporte, não é exagero chamar os jogos de verdadeiros fenômenos culturais do fim do anos 1990 e começo dos anos 2000.

Hoje, mais de duas décadas depois, nem o skate e nem o THPS têm o mesmo alcance no mainstream. Isso, porém, não diminuiu a paixão de Tony Hawk pelo skate, que agora serve como uma espécie de mentor para novas gerações de adolescentes e jovens adultos que querem descobrir o esporte. É preciso entender que o estúdio por trás de Pro Skater 1+2 carrega a mesma paixão, vontade de ensinar e entusiasmo que Hawk hoje demonstra em seus vídeos “desafiando” e elogiando novatos que tentam suas primeiras manobras nas ruas da Califórnia.

Assim, o game não é apenas um remake, mas sim um ato de preservação dos originais, que reconhece a passagem do tempo e também o impacto cultural da série. A homenagem fica evidente no mesmo humor sarcástico e nas locações que gritam transgressão noventista, como um shopping abandonado ou uma escola vazia durante o mês de férias, além da trilha sonora embalada por clássicos, como “Superman” do Goldfinger, ou “Guerrilla Radio” do Rage Against the Machine.

Já o exercício em não se limitar à nostalgia começa logo na abertura do game, que apresenta o elenco veterano de skatistas através do contraste entre suas versões mais velhas com suas manobras incríveis de quando eram novos.

Além de ter modelos baseados na idade atual de seus participantes, a Vicarious Visions também adicionou competidores de peso que estouraram na cena muito após o início da franquia nos games, como é o caso da brasileira Letícia Bufoni. Criada na zona leste de São Paulo, a skatista se tornou um dos maiores nomes do esporte no anos 2000. Tê-la como personagem jogável, ao lado da versão “mais velha” de muitos ídolos, é o lembrete de que muito tempo se passou entre os games e o remake – e não há nada de errado com isso. O skate continua na ativa, e atualmente há praticantes tão engajados e talentosos quanto os que integraram o elenco do título original de 1999.

A brasileira Letícia Bufoni é uma das adições ao elenco de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2

Nota

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é o jogo perfeito para o Nintendo Switch. Apesar do sacrifício no visual nessa versão, a obra da Vicarious Visions agrada veteranos e novatos em uma coletânea que não só homenageia o legado da franquia e da cultura do skate, mas que também serve como um ponto de partida para novas aventuras urbanas.

Nota: 9/10

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