Review: Outriders é um jogo divertido, mas nada inovador

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Review: Outriders é um jogo divertido, mas nada inovador

Por Leo Gravena

Tendo sido lançado alguns dias atrás, Outriders enfrentou – e ainda enfrenta – diversos problemas em seus servidores, com uma demo interessante, o jogo em si apenas realça todos os problemas vistos anteriormente, mas também apresenta mais visuais diferentes e ótimos momentos de ação.

O novo título da People Can Fly conta a história de um mercenário, que faz parte de uma organização chamada Outriders, que se encontra em um planeta alienígena, junto do resto da população, e precisa aprender a controlar seus novos poderes enquanto luta contra inimigos poderosos e criaturas apavorantes.

Ficha Técnica:

 

Desenvolvedora: People Can Fly
Publisher: Square Enix
Diretor: Bartosz Kmita
Escritor: Joshua Rubin
Compositor: Inon Zur
Plataformas: Microsoft Windows, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X/S e Stadia.
Lançamento: 1 de abril de 2021

Outriders não se propõe a revolucionar o gênero – e está tudo bem em ser somente mais um jogo de tiro com poderes legais e um visual bonito, no qual a história e os personagens são deixados de lado para favorecer uma jogabilidade boa e divertida. Ainda assim, sendo um dos primeiros games da nova geração, custando caro e vindo de uma desenvolvedora AAA, o sentimento que fica é que algo acabou se perdendo no caminho e Outriders é apenas o fantasma de um jogo ótimo – ele é bom, mas poderia ter sido muito mais.

Enquanto a jogabilidade das armas e equipamentos tornam Outriders bem divertido de se jogar, em seus melhores momentos Outriders lembra uma mistura de Destiny 2 com Doom; no qual você precisa enfrentar hordas de inimigos – humanos e monstros, enquanto avança para o próximo objetivo.

Enfrentar os Chefes de Outriders é uma experiência sempre divertida e bastante desafiadora quando se está sozinho. Outro ponto alto da jogabilidade é quando você começa a entender melhor as habilidades e como utilizá-las da melhor maneira no combate. Ainda que não seja muito interessante jogar como a “classe suporte”, já que todos podem se curar com suas habilidades e eliminações, cada uma das 4 classes possui um estilo de jogo bem interessante e diferente.

Outriders atinge seu ápice ao ser jogado no multiplayer, com uma equipe completa e com todos conversando e concordando sobre a maneira como irão agir. Afinal, uma das experiências mais frustrantes é jogar parte do modo história de forma online com alguém que só quer pular a história, ou voltar e jogar com alguém que não passou por ali e ter que rever as mesmas cenas novamente. Ter uma equipe boa e que esteja de acordo com aquilo que você quer sempre define a experiência em um título desse gênero.

Contudo, mesmo jogando a campanha solo, Outriders é o tipo de jogo no qual abrir o inventário ou configurações pode ser a diferença entre a vida e a morte, já que o mundo ao redor não pausa com essas ações – sim, mesmo que você esteja jogando completamente sozinho.

Outro problema é que alguns dos equipamentos acabam atrapalhando mais do que ajudando e você precisa ler atentamente para saber se vai ou não equipá-lo. Dessa forma, ao ganhar um equipamento de nível maior durante o combate, nem sempre é a boa ideia equipá-lo imediatamente, tanto porque ele pode dar melhorias para uma habilidade que você não tem equipada, ou porque você pode ser atacado por vários inimigos nos poucos segundos em que você tenta decidir se vale a pena, ou não, retirar aquele que você está usando no momento.

Ainda assim, Outriders tem um sistema de equipamentos e armas muito mais divertido e interessante que boa parte dos jogos do gênero. Com visuais bem bonitos e diferentes, com uma variedade de bônus tanto para as armas em si quanto para as habilidades.

O “Nível de Mundo”, que é como o game define sua dificuldade, também é algo familiar e que deixa alguns momentos muito mais interessantes. Você pode encontrar um inimigo muito difícil mas, ao invés de cair imediatamente para um nível super fácil, você pode diminuir apenas um ponto do nível de mundo, e o aumentar logo depois.

Tendo 15 níveis de mundo diferentes, essa troca é bem mais suave e automática (dependendo das suas configurações). A diferença na dificuldade é gradual durante a jogatina, de forma que você realmente sente a dificuldade aumentando; não de uma maneira que torna o jogo impossível, mas sim como se ele estivesse se adaptando tanto ao seu tempo jogando, como aos equipamentos e habilidades que você adquire e evolui.

Mas mesmo trazendo uma jogabilidade muito divertida, Outriders também teve alguns problemas, sentidos principalmente no dia do lançamento, que está sendo corrigido, mas mostra como a equipe por trás do título não estava preparada para o sucesso que ele teria.

Infelizmente, o jogo ainda está cheio de pequenos bugs, a maior parte deles visuais, como inimigos ficando presos em lugares inalcançáveis e fechados, personagens transparentes e invisíveis em cutscenes ou até mesmo portas não abrindo durante uma missão. Outro problema apresentado é no pareamento aleatório, que às vezes funciona, outras vezes não e na maior parte do tempo só é bem confusa para todos os envolvidos

Quedas durante as partidas ainda são bastante comuns, principalmente quando pareado com alguém usando o crossplay. Como se não pudesse ficar ainda mais caótico, o jogo possui um bug – que pelo bem dos meus nervos não me afetou – no qual todo o seu inventário é apagado.

Contudo, meu maior problema desde que o título foi lançado é que ao abri-lo no PS5 – mesmo dias após o “transtorno inicial” causado pelos servidores lotados – é impossível abrir de primeira. Toda vez que tento jogar Outriders é preciso abrir, esperar conectar, ficar um tempo na tela de carregamento, fechar e abrir novamente. Somente depois do pequeno ritual ele carrega, algo que acaba tornando toda a experiência bem irritante.

No meio de todos esses problemas, a People Can Fly está sempre atualizando e sendo bastante aberta e transparente sobre esses bugs e como está lidando com eles.

Por fim, o maior problema de Outriders é sua narrativa. Sendo bem honesto e direto, também para evitar dar spoilers, a história em si é ruim e parece a proposta rejeitada de uma série de baixo orçamento do Syfy, com a reviravolta final surgindo completamente do nada. A verdade é que também não dá para se importar com os personagens do jogo já que todos são tão rasos quanto uma piscina infantil.

Mesmo com os diálogos sofríveis, vale destacar que a dublagem brasileira do jogo é muito boa e dá um pouco de carisma a mais para os personagens – algo que o áudio original não consegue fazer, já que a atuação de voz ali é completamente sem vida e tão ruim quanto as frases de efeito forçadas e tiradas de qualquer filme de ficção científica militar que você viu desde os anos 80.

Com uma jogabilidade divertida, que é ainda melhor quando está sendo frenética e caótica, Outriders deixa a desejar em sua narrativa e personagens.

Nota: 3,5/5

*Para a review do jogo foi testada a versão do jogo no PS5. 

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