O Chamado: Tudo que você precisa saber sobre a série de filmes de terror

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O Chamado: Tudo que você precisa saber sobre a série de filmes de terror

Por Arthur Eloi

Quando se pensa em terror japonês, é fácil listar algumas das melhores obras já feitas no gênero em geral, mas poucas tiveram o alcance que O Chamado teve no mundo todo. Através dos filmes originais e de remakes norte-americanos, a franquia traumatizou uma geração de espectadores com sua assombração tecnológica. Seja Sadako ou Samara, ver a garota fantasma saindo da televisão é uma imagem marcada na mente de muita gente até hoje.

Confira tudo que você precisa saber sobre O Chamado abaixo, da criação da franquia até curiosidades!

Como surgiu O Chamado?

Esse simpático senhor japonês é a mente perturbada por trás de O Chamado

Antes de virar um filme, O Chamado era inicialmente um livro, escrito por Koji Suzuki e publicado em 1991. O autor é uma figura curiosa, visto que sua especialidade não é o terror, mas sim educação infantil, tendo várias obras sobre as fases formativas da infância. Suzuki é um sujeito bem comum, com hobbies como andar de moto e barcos. Sua formação acadêmica é em letras, com foco na língua francesa, mas em 1990 ele passou a tentar a mão na escrita criativa. O resultado foi Paradise, um romance em três partes que combina aventura, paixão e viagem no tempo.

No ano seguinte, cuidando de seu recém-nascido, Suzuki começou a escrever o que viria a ser O Chamado. O autor afirmou ter sido inspirado pelo cinema de horror dos Estados Unidos, em especial por Poltergeist – O Fenômeno (1982). No clássico de Tobe Hooper, sobre uma família sendo atormentada em seu lar por fantasmas antigos, o primeiro contato dos moradores com os espíritos se dá quando a garotinha Carol Anne (Heather O’Rourke) se comunica com os mortos através de um canal morto da televisão.

Relação entre espíritos e tecnologia de Poltergeist: O Fenômeno (1982) inspirou a criação de O Chamado

Assim, Suzuki imaginou um conto de terror que também envolvesse a relação entre tecnologia moderna e o além. A trama, que viria a definir toda a premissa de toda a franquia, acompanha uma investigação de estranhas mortes em Tóquio, com vítimas que parecem morrer de formas brutais sete dias após assistirem uma fita VHS amaldiçoada.

Como livro, O Chamado se tornou um bestseller no Japão, que não só ajudou a consagrar o horror nipônico na literatura, como também rendeu ao autor o título de “Stephen King japonês”. Com o sucesso, a obra ganhou uma adaptação em telefilme em 1995, e outra em mangá em 1996. Eventualmente, claro, chegou a vez de levar o material aos cinemas.

Quais são os filmes de O Chamado?

O primeiro filme de O Chamado é, como citado, o telefilme. Chamado de Ring: Kanzenban (1995), o projeto foi comandado por Chisui Takigawa, e é conhecido como a adaptação mais fiel da obra original de Koji Suzuki. Mas o projeto que realmente consagrou a obra no audiovisual veio em 1998.

Ringu: O Chamado foi comandado por Hideo Nakata, e se tornou um dos maiores clássicos do horror japonês. Tomando algumas liberdades criativas, como mudar o gênero do protagonista do livro, a obra narra a intensa investigação da repórter Reiko Asawaka (Nanako Matsushima) buscando recuperar sua reputação ao investigar as estranhas mortes relacionadas à fita maldita. O longa constrói tensão de primeira, e entrega bons sustos com a presença da assombração Sadako, que rapidamente se tornou um dos monstros mais marcantes do cinema.

Ringu não só foi o primeiro grande sucesso de O Chamado nas telonas, como também é um dos melhores filmes de terror já feitos

Uma sequência, chamada apenas de Ringu 2: O Chamado, chegou logo em 1999, e continuou a trama de Reiko, que dessa vez vê a maldição de Sadako afetando a sua própria família. O longa teve recepção crítica levemente inferior ao original, mas ambos os filmes tiveram um papel muito importante na história do horror.

Na época, o terror em Hollywood passava por uma crise após ter sido saturado com filmes de slasher, subgênero de maníacos como Jason (Sexta-Feira 13) e Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo), e até mesmo com desconstruções e paródias de tudo que já havia sido estabelecido como clichê ao longo de mais de uma década, com títulos como Pânico e Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado. Os fãs do gênero buscavam obras mais sérias, tensas e menos apelativas. Uma parte encontrou isso em suspenses como O Silêncio dos Inocentes (1991) e O Sexto Sentido (1999), e outra achou os filmes japoneses de terror.

Houve então uma verdadeira invasão de obras nipônicas em Hollywood que, consequentemente, ganharam também o resto do mundo. Quem liderou essa investida foi justamente Ringu, que ganhou um remake norte-americano em 2002 batizado apenas de O Chamado.

Comandado por Gore Verbinski (Piratas do Caribe), o longa é uma adaptação quase que ao pé da letra do filme de Hideo Nakata, com pequenas mudanças: a jornalista Reiko passou a se chamar Rachel (Naomi Watts), e a fantasma Sadako ganhou o nome de Samara (Daveigh Chase). Além disso, a obra estadunidense é mais focada em sustos e no espetáculo. O resultado agradou tanto a crítica quanto o público, com o longa totalizando quase US$250 milhões na bilheteria mundial (tendo sido feito em um orçamento de US$48 milhões).

A versão norte-americana de O Chamado é responsável pelos pesadelos de muita gente

Com a boa recepção nos Estados Unidos, o remake ganhou uma sequência em 2005. O Chamado 2, por sua vez, demonstra a boa relação entre os japoneses e Hollywood, já que a continuação foi comandada por Hideo Nakata, o diretor dos filmes originais. Assim como na sequência japonesa, a trama aqui traz a protagonista enfrentando a assombração para proteger a própria família. Não foi a primeira vez que algo do tipo acontece na indústria: Takashi Shimizu, o criador de O Grito – a outra franquia de horror japonês que conquistou os EUA -, também transitou entre dirigir filmes da saga no seu país de origem e os remakes norte-americanos.

Qual é a classificação indicativa de O Chamado?

O remake hollywoodiano de O Chamado, lançado em 2002, é recomendado apenas para maiores de 16 anos. O mesmo vale para a sequência, lançada em 2005.

Vai ter O Chamado 4?

A partir disso, a franquia entrou em hiato nos Estados Unidos. Seu retorno só foi acontecer em 2017 com O Chamado 3, dirigido por F. Javier Gutiérrez, mas a oportunidade foi desperdiçada. O filme é considerado um dos pontos mais baixos da franquia como um todo, tendo média de 8% no Rotten Tomatoes, com bilheteria mundial de US$83 milhões. Um fracasso em absolutamente todos os níveis, o que deve impedir que vejamos Samara de novo tão cedo assim.

Já no Japão, a franquia teve alguns capítulos adicionais, como o prequel Ring 0 – O Chamado (2000), e Sadako (2019), que coloca a fantasma titular na era digital. Além disso, também há toda uma linha temporal paralela, de filmes que adaptam as continuações escritas por Koji Suzuki nos livros. Se não fosse o bastante, em 2016 ainda houve o grande embate de franquias de horror japonês na forma de Sadako vs. Kayako, que chegou ao Brasil como O Chamado vs. O Grito. A briga entre as duas fantasmas titulares é, no mínimo, questionável, mas altamente divertida.

No Japão, a franquia continuou por tanto tempo que até permitiu que as fantasmas de O Chamado e O Grito saíssem na mão

Considerando que o último filme de O Chamado saiu no Japão em 2019, é correto dizer que a franquia ainda continua na ativa por lá. Não é o caso em Hollywood, e ainda não há nenhum outro projeto norte-americano em desenvolvimento, por enquanto. Nicolas Pesce, que dirigiu o reboot de O Grito (2020), já afirmou que gostaria de um crossover entre seu filme com O Chamado, mas assim como a volta de Samara em 2017, o longa foi um fracasso de público e bilheteria. O terror japonês teve um breve período de apreciação e até produção nos Estados Unidos, mas agora retornou à sua terra natal.

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