Crítica: Mestres do Universo: Salvando Eternia, Parte 1

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Crítica: Mestres do Universo: Salvando Eternia, Parte 1

Por Gabriel Mattos

Mestres do Universo: Salvando Eternia é a continuação do desenho clássico protagonizado por He-Man há quase quatro décadas. A nova animação da Netflix entende o peso do legado que carrega, mas não deixa as amarras do passado atrapalharem a sua ousada jornada rumo ao futuro. Sem medo de irritar saudosistas, a série questiona seus pilares para encontrar a verdadeira essência dos defensores de Grayskull.

Ficha técnica:

Título: Mestres do Universo: Salvando Eternia (Masters of the Universe: Revelation)

 

Criação:  Kevin Smith

 

Roteiro: Kevin Smith, Eric Carrasco, Tim Sheridan, Diya Mishra e Marc Bernardin

 

Ano: 2021

 

Data de lançamento: 23 de julho (Netflix Brasil)

 

Número de episódios: 5

 

Sinopse: Sem He-Man, Teela precisa salvar a magia de Eternia para evitar a destruição do universo.

Na trama, um confronto final entre He-Man e o Esqueleto extingue toda a magia de Eternia. Cabe a Teela encarar uma jornada perigosa para restaurar o equilíbrio no universo. Mas para isso, ela vai precisar aceitar a ajuda de antigas inimigas e encarar as feridas de um segredo devastador.

Em Teela, Kevin Smith encontrou a solução ideal para o maior obstáculo em elevar a narrativa de um desenho que não passava de uma propaganda glorificada de bonecos de ação: extrair um foco dramático convincente. A nova protagonista é cercada de conflitos concretos que amadurecem a história de todos ao seu redor de maneira orgânica, diferente do que acontecia com o He-Man.

Como o desenho original dependia em demasia da imagem do herói, sua simples ausência força seus amigos e inimigos a evoluírem em versões mais ricas de si. Não apenas em personalidade, como também em combate. As cenas de ação são criativas e empolgantes, trazendo oportunidades a todos de terem seu momento de glória na luta entre a magia e a tecnologia.

Passagem do manto de protagonista é um dos grandes acertos da série

A ascensão da tecnologia, inclusive, é reflexo de uma construção de mundo mais cuidadosa, similar ao que foi feito no reboot She-Ra e as Princesas do Poder, também da Netflix. Incorporar elementos leves de ficção científica torna a mitologia da série mais robusta, expandindo o potencial da animação original. Essa renovação acontece também no humor da série. Há espaço para a inocência dos anos 80, mas as piadas datadas são recebidas com um sarcasmo condizente com os tempos atuais.

O ritmo do enredo é explosivo! Com apenas cinco episódios para desenvolver sua história, Mestres do Universo: Salvando Eternia não perde tempo, aproveitando cada segundo para avançar a narrativa. O desenho não tem medo de dar um fim em personagens adorados quando isso faz sentido, sempre pensando no caminho que seria melhor para a história.

As ameaças são ainda maiores em Salvando Eternia

O problema deste artifício narrativo, como qualquer outro, é ser usado em demasia. Em uma série que constrói tão cuidadosamente seu fio dramático, outras soluções mais criativas poderiam ter um impacto maior com o público. Não é o suficiente para prejudicar a narrativa, mas acaba perdendo o impacto próximo ao clímax.

Empolgante de início ao fim, Mestres do Universo: Salvando Eternia surpreende ao entregar uma animação de qualidade com reviravoltas intrigantes, lutas incríveis e um final de cair o queixo. Tem a essência de um clássico, mas é refinado para exceder até mesmo os padrões modernos. Sem medo de se reinventar, a animação respeita as tradições enquanto trilha um caminho brilhante rumo ao futuro.

Mestres do Universo: Salvando Eternia estreia nesta sexta-feira, 23 de julho, na Netflix.

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