Death Note: Reportagem da Record ataca animes e gera polêmica

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Death Note: Reportagem da Record ataca animes e gera polêmica

Por Arthur Eloi

Fãs de filmes de terror, videogames ou animes estão acostumados com olhares suspeitos. Apesar de inúmeros estudos apontarem que não há relação entre o consumo de obras violentas e atos de crueldade na vida real, diversas matérias sensacionalistas são feitas sobre o assunto com certa frequência, desde a década de 1980. Agora, o Domingo Espetacular, da Rede Record, gerou polêmica e revolta nas redes sociais ao veicular uma reportagem alarmista que colocava o anime Death Note (2006) como fonte de preocupação para os pais.

A matéria reuniu todo tipo de especialista para apontar os possíveis riscos de crianças assistirem conteúdos adultos, com tom de pânico moral em frases como: “Infelizmente a nossa cultura vem abraçando a morte e a violência cada vez mais frequentemente. É o interesse de uma indústria que lucra bilhões com o estado do cérebro de angústia, medo, solidão e ansiedade”.

Já no site oficial da emissora, há um artigo adicional que discute “tendências preocupantes” de jovens supostamente imitando conteúdos que assistem na televisão, que ainda cita as séries Round 6 e 13 Reasons Why, da Netflix.

A tendência de reportagens sensacionalistas, embasadas em ciência de procedência duvidosa e especialistas com motivações altamente questionáveis, é uma infeliz tradição que surgiu nos anos 1980, nos Estados Unidos, no que foi chamado de Pânico Satânico. Por lá, Dungeons & Dragons se tornou alvo de histeria coletiva, com pais conservadores apontando a suposta relação entre o RPG com ocultismo, abuso de crianças e assassinatos.

Como bem aponta a reportagem do Nexo, esse fenômeno não só perdurou na América do Norte, como eventualmente ganhou o mundo. No Brasil, jogos como Counter-Strike foram proibidos em lan houses de todo o país, enquanto animes como Yu-Gi-Oh! viraram alvo de associações com satanismo, com o jogo de cartas ganhando o carinhoso apelido de “Baralho do Diabo”. Por conta desse histórico, a matéria da Record levantou críticas válidas e reprovação do público nas redes sociais.

Matéria alarmista da Record apontou perigo de Death Note para crianças – ainda que a classificação indicativa do anime seja para maiores de 18 anos

No Twitter, o termo “Death Note” subiu aos Assuntos do Momento com mais de 40 mil tweets, acompanhado de “Yu-Gi-Oh”, pela lembrança da histeria do começo dos anos 2000, e também por “Tokyo Ghoul”, outro anime citado na reportagem da Record.

A grande maioria das mensagens expressa não só desdém pelo conteúdo sensacionalista que foi — novamente — mostrado sem base alguma na TV aberta, mas também preocupação pelo impacto que esse tipo de pauta desperta, efetivamente causando pânico coletivo em pais mais suscetíveis ao fervor religioso.

Fora do ar há 15 anos, Death Note acompanha um jovem egocêntrico que recebe um caderno místico, capaz de matar aqueles que têm o nome escrito em suas páginas, o que dá início à uma discussão sobre poder e punitivismo.

Para os interessados, e para quem entender o conceito de classificação indicativa para maiores de 18 anos, o anime pode ser encontrado nos catálogos da Netflix, Funimation e Crunchyroll.

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