[CRÍTICA] Power: Novo filme da Netflix é um festival de adrenalina

Capa da Publicação

[CRÍTICA] Power: Novo filme da Netflix é um festival de adrenalina

Por Gus Fiaux

Na última sexta-feira (14), a Netflix lançou mais um filme original em sua plataforma. Power é uma criação da dupla responsável por filmes como Atividade Paranormal 3 4, além de Nerve: Um Jogo Sem Regras. No filme, somos apresentados a uma droga experimental que garante, aos seus usuários, poderes imprevisíveis durante cinco minutos.

Com todo mundo querendo se tornar especial, a droga acelera o organismo e cria efeitos inesperados. Porém, uma grande corporação está por trás disso tudo, formulando um plano macabro. E é aí que Power mostra suas maiores qualidades, graças aos seus protagonistas. Abaixo, você pode ler a nossa crítica do filme!

Créditos das Imagens: Netflix

Ficha Técnica

Título: Power (Project Power)

 

Direção: Henry Joost, Ariel Schulman

 

Roteiro: Mattson Tomlin

 

Ano: 2020

 

Data de lançamento: 14 de agosto (Netflix)

 

Duração: 113 minutos

 

Sinopse: Quando uma pílula, que dá a seus usuários superpoderes imprevisíveis por cinco minutos, chega às ruas de Nova Orleans, uma jovem traficante e um policial precisam se unir com um veterano do exército para enfrentar o grupo responsável por sua criação.

Power entrega ação sem limites e cativa pelos personagens!

Muitos gostam de criticar a Netflix à vontade – e convenhamos, não é difícil entender o porquê. Nos últimos anos, a plataforma de streaming realmente entrou na onda de “atirar para todos os lados”, lançando dezenas de filmes e séries originais em períodos cada vez menores de tempo. O problema é que, nessa enchente de conteúdo, apenas uma ou outra coisa realmente se salva ou salta aos olhos. Power, por mais incrível que pareça, é uma dessas exceções dignas de nota.

O filme é uma criação da dupla Henry Joost Ariel Schulman, dois amigos famosos por sua parceira, tendo dirigido filmes como Atividade Paranormal 3 Nerve: Um Jogo Sem Regras. É importante mencionar este último em particular, já que Power parece trazer várias similaridades de estilo e estética, formando quase que uma franquia “conceitual”, onde as histórias não possuem nenhuma ligação entre si.

Joost e Schulman são, antes de tudo, diretores que têm nitroglicerina na veia. Seus projetos, mesmo quando não tão elogiados, exalam uma adrenalina única e muito focada, criando blockbusters menores que se beneficiam do senso de urgência e da ação. E em Power, é exatamente isso que eles entregam. O filme, num total, se passa em poucos dias – com boa parte de sua trama focada apenas em uma noite.

A premissa é simples, mas não deixa de ter seu charme. Na cidade de Nova Orleans, uma droga se espalha entre a população mais jovem. Ela garante ao usuário super-poderes durante cinco minutos, mas há um porém: o usuário em momento algum pode escolher qual será seu super-poder, já que a droga reage de modo diferente com cada organismo. Esse novo narcótico vira de cabeça para baixo o mundo de Frank, um policial rebelde que, por sua vez, é amigo da traficante/informante Robin, uma garota que entrou nessa vida para poder salvar sua mãe doente.

A vida dos dois é completamente modificada com a chegada de um agente do caos, Art, um ex-soldado que está disposto a encontrar a organização misteriosa por trás da nova droga. A partir daí, o trio precisa unir forças e superar suas adversidades para poder impedir inimigos poderosos e insanos, que usam a droga como uma forma de manipular a cidade. À primeira vista, o maior sucesso de Power está justamente aí: em seus personagens.

O filme explora muito bem as tramas individuais e os lampejos de personalidade de cada um deles, formando bases sólidas e figuras que são muito cativantes já de cada. Jamie Foxx é o grande centro do filme, no papel de Art. Ele começa durão, mas são nos momentos que podemos ver humor e vulnerabilidade que o personagem realmente salta aos olhos do público. Joseph Gordon-Levitt faz um Frank bem canastrão (mas isso não é uma crítica, na verdade faz parte do charme do personagem). Porém, ninguém rouba tanto a cena quanto Dominique Fishback, a Robin. A atriz possui um carisma inigualável, e consegue dinamizar muito bem seu timing cômico com cenas mais dramáticas, criando uma personagem que te leva por uma montanha-russa de sentimentos e ideias.

E é justamente esse trio, esses personagens, que impedem que o filme seja um longa de ação genérico que já estamos acostumados a ver na Netflix. Verdade seja dita, o roteiro se vale de vários clichês e estereótipos, não trazendo nada de muito inovador além de sua premissa. Ainda assim, ele funciona porque os personagens são a alma do filme, em vez do enredo, e as atuações fazem jus a essa responsabilidade. A partir daí, até mesmo pequenos erros de roteiro se tornam irrelevantes.

Assim como dito antes, Joost e Schulman realmente parecem ter seguido a vibe introduzida por um de seus projetos anteriores, Nerve. Para quem viu o filme de 2016, vai reconhecer em Power diversos aspectos similares, seja na narrativa frenética e na montagem e edição que fazem jus a isso, seja na fotografia que abusa de ângulos muito diferentes e consegue criar um senso estilístico único, mesmo em meio a tantos filmes de ação genéricos da Netflix.

Em Power, a dupla combina isso a outros elementos muito bem-vindos: a trilha sonora, encaixada nos momentos certos, que ajuda a manter o ritmo da trama, ou até mesmo os efeitos visuais, que são usados em grandes sequências mas são bem renderizados e polidos, superando inclusive muitos filmes grandes de super-heróis lançados recentemente. Além disso, os dois não abrem mão de uma boa camada de violência, que acaba funcionando como outro recurso estético.

Tão surpreendente quanto isso é o fato de que o filme realmente parece ter algo a dizer, não apenas sobre a ação e a luta entre personagens bonzinhos e vilões. A história é densa por conta das camadas que a acobertam, e nesse meio-tempo, o filme consegue discutir diversos problemas graves (que vão desde corrupção institucional da polícia a racismo dentro das escolas) em uma narrativa fluida e bem-compassada.

Para simplificar, o filme faz várias críticas, apontando dedos aqui e ali no sistema, mas essas críticas são tão próprias à história que acabam ganhando forças junto com os outros méritos do filme. É um filme de ação frenética e cheio de adrenalina, sobre isso não há a menor sombra de dúvidas. Ainda assim, o longa consegue trazer profundidade e levantar discussões muito atuais.

No geral, é isso que torna Power um grande destaque dentro do gigantesco catálogo da Netflix. É, definitivamente, um filme bem simples, mas que encontra beleza nessa simplicidade, trazendo ação monumental, apresentando personagens muito cativantes e, ainda por cima, se propondo a levantar discussões que muitos blockbusters lançados no cinema ainda não conseguem discutir livremente. É um bom filme pipoca, que serve tanto para desestressar quanto para aqueles que gostam de abstrair algo além do puro entretenimento na arte.

Abaixo, veja imagens do filme:

Power está disponível na Netflix.