[CRÍTICA] Bloodshot não é o que a Valiant Comics merecia 

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[CRÍTICA] Bloodshot não é o que a Valiant Comics merecia 

Por Evandro Lira

Bloodshot, primeiro longa baseado em propriedades da editora Valiant Comics, promete apresentar um herói não tão conhecido pelo público geral, mas que chega com fôlego suficiente para arrebatar os fãs de HQs, bem como os fãs de filmes de ação. Mas será que o longa é bom nessa tarefa? Confira nossa crítica.

Ficha Técnica

Título: Bloodshot

 

Direção:David S. F. Wilson

 

Roteiro:Jeff Wadlow e Eric Heisserer

 

Ano: 2020

 

Data de lançamento: 12 de março (Brasil)

 

Duração: 1h49

O que seria do cinema sem mais um filme genérico de ação estrelado pelo Vin Diesel? Essa é uma pergunta cuja resposta jamais teremos, já que essa semana foi lançado Bloodshot, novo filme genérico de ação estrelado pelo astro de Velozes & Furiosos. O filme é daqueles que veste a carcaça de um longa de ficção científica mas que se recusa a apresentar um conceito realmente interessante ou que saia do superficial em suas quase duas horas de duração.

No prólogo do filme, o herói de operações especiais Ray Garrison (Diesel), e sua esposa Gina (Talulah Riley), são sequestrados por Martin Axe (Toby Kebbell), que exige que Ray revele a fonte de algumas informações envolvendo seu trabalho. Quando ele afirma não saber, Axe simplesmente mata Gina e em seguida, Ray. É a partir daí que o filme começa, e prontamente o espectador deseja que ele acabe.

Ray acorda em um laboratório de alta tecnologia. Naturalmente, ele descobre que tem nanites na corrente sanguínea, o que faz com que ele seja praticamente imparável. Porém, ele não se lembra de nada da sua vida pregressa, até o momento em que flashes do seu passado, mais precisamente do rosto do homem que matou ele e sua esposa, começam a aparecer.

O enredo do filme, que parte dos quadrinhos da editora Valiant, consegue soar atrativo até certo momento. Mas quando vamos entendendo toda a história de conspiração contra Ray – e tudo fica claro logo no início do filme – aos poucos, vamos perdendo o interesse pela história, que vai ficando clara e previsível muito rapidamente.

Não há nada em Bloodshot que chama realmente atenção. Os personagens são apáticos e sem carisma, e eu nem estou falando apenas do protagonista de Vin Diesel, ator que continua a interpretar o mesmo personagem em todos os filmes. Na verdade, é visível como o roteiro e a caracterização do personagem foi moldada a partir da escalação do ator.

As frases prontas e bregas parecem feitas para serem ditas pela voz rouca e o rosto rígido de Diesel. Enquanto isso, a caracterização de Bloodshot prefere se distanciar do quadrinho, deixando Diesel sendo Diesel em boa parte do tempo. A única vez em que o personagem assume a forma pálida conhecida do Bloodshot é em uma única cena, o que pode ser frustrante para alguns fãs da HQ.

E as cenas de ação, que deveriam ser o maior atrativo do filme, afinal é o que ele se propõe em sua essência, são decepcionantes. Coreografadas de maneira desnorteantes, as sequências são montadas de forma que o espectador raramente entende o que está acontecendo. Como se não bastasse, elas ainda não fazem bom uso do CGI.

Algumas atuações tentam. É o caso de Guy Pearce, que vive o condescendente vilão Dr. Emil Harting, e parece estar se divertindo com o papel. Eiza González é KT, mais um dos protótipos de Harting, e dá para sentir que a atriz até adicionou alguma camada à personagem, mas não fez milagre.

É estranho conceber que a Sony realmente tenha visto potencial nesse filme como o início de um grande universo compartilhado. O longa é oco e parece um retrocesso no que diz respeito ao cinema de quadrinhos e ao cinema de ação. Certamente não era assim que deveria ter sido a estreia da Valiant Comics nas telonas. Merecia mais.

Você pode conferir o trailer do filme no player abaixo:

Fique com mais imagens do filme e dos quadrinhos: