Por que gostamos de ler sobre o que nos assusta?

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Por que gostamos de ler sobre o que nos assusta?

Por Chris Rantin

Visite qualquer livraria e você vai ser bombardeado por uma quantidade absurda de livros de suspense. Se antes o gênero já era popular, depois do sucesso da adaptação de Garota Exemplar de Gillian Flynn para os cinemas, ainda em 2014, parece que estamos acompanhando um grande crescimento não só na produção de thrillers, mas também no consumo pelo público. Mas por que gostamos tanto de ler sobre o que nos assusta?

Em qualquer livraria que você vá, é possível encontrar prateleiras sempre abarrotadas com suspenses de capas criativas, a grande maioria sendo descrita como presente na lista dos mais vendidos, ou como sendo o livro que inspirou a mais recente adaptação em live-action. Estamos viciados nesse tipo de livro.

A verdade é que existe algo sobre ler uma obra tão distorcida que simplesmente não conseguimos desgrudar os olhos da página. É como se uma força doentia nos obrigasse a continuar ali, lendo cada pedacinho daquela história, mesmo quando ela fica sombria demais, violenta demais ou assustadora demais. Somos capturados em uma teia grudenta, incapazes de escapar, mas principalmente, sem a menor vontade de fazer isso. Na maioria das vezes não queremos abandonar a leitura, mesmo que estejamos lendo algo hediondo.

É por isso que livros como Caixa de Pássaros, Filme Noturno, A Garota no Trem, Objetos Cortantes e uma centena de outros do mesmo gênero fizeram tanto sucesso. Mesmo sendo livros que contam, com riqueza de detalhes, crimes violentos e bem gráficos, colocando os protagonistas em uma posição perigosa e às vezes moralmente dúbia. É isso que faz com que eles sejam tão bons de ler.

É fácil encontrar, entre os leitores do gênero, alguém falando sobre como ficou com o estômago embrulhado lendo um determinado livro. Ou como a pessoa simplesmente não conseguiu parar sentada enquanto lia, continuando a leitura em pura agonia. Ou ainda sobre como o livro era tão horrível, de um jeito deliciosamente bom.

No fim das contas, gostamos daquilo que nos assusta – daquilo que é macabro, incomum ou perigoso –  ao menos quando isso é descrito de forma inofensiva nas páginas de um livro. Pois quando lemos um thriller, essa é a nossa chance de experimentar situações carregadas de adrenalina, sem correr nenhum risco real. Ainda que o estômago esteja embrulhado e o coração pulse de forma acelerada, sabemos que estamos no conforto e segurança de nossas vidas comuns, tendo total consciência de que por mais envolvente que seja a história, trata-se apenas de palavras em um papel, são inofensivas e incapazes de nos machucar de verdade.   

Como se isso não fosse o bastante, na maioria das vezes um bom suspense é cercado por um grande mistério – sendo isso que movimenta a trama e faz com que nossos queridos protagonistas se envolvam em situações cada vez mais perigosas. E quem é que não ama um bom mistério?

A ideia de ir juntando as pistas encontradas na história, criando teorias mirabolantes enquanto avança na narrativa é extremamente sedutora, especialmente por sermos fisgados pela nossa curiosidade. Sentimos a necessidade de devorar as páginas do livro, desesperados para chegar ao seu fim, apenas para entender tudo, de encontrar a verdade e desvendar todos os segredos.

Agora, um novo livro nacional é lançado para levar o leitor em uma história cheia de suspense e mistério. Trata-se de A Contrapartida, escrita por Urânio Bonoldi, que tem como proposta fazer o leitor questionar o seu poder de escolha – explorando como algumas pessoas podem tentar nos manipular com isso e, principalmente, como nossas escolhas possuem consequências.

Com misticismo, assassinatos e uma trama envolvente, A Contrapartida mostra a história de Octávio, o protagonista dessa jornada que vai se embrenhando cada vez mais em uma aventura marcada pelo suspense, conhecendo mais sobre o seu passado conforme ele vai seguindo caminhos duvidosos.

Em diversos momentos, o protagonista se vê obrigado a fazer escolhas difíceis, muitas vezes sob influência de terceiros, tendo que lidar com o impacto que isso causa em sua vida.

Assista ao booktrailer do livro, que mostra um pouco da história:

Aliás, quando falamos de um bom thriller, as escolhas dos personagens sempre ganham proporções mais grandiosas. Um pequeno deslise pode afetar a vida de diversas pessoas, na maioria das vezes para o pior, e principalmente, pode ser o fator decisivo para definir como a história vai ser finalizada. É preciso que as escolhas afetem significativamente a trama, ou parece que não estamos lendo algo realmente intenso – com grandes sacrifícios e consequências.

E enquanto eles lidam com escolhas difíceis, distorcidas, ou precisam enfrentar sua moral e honra para fazer aquilo que é necessário – criando um drama que quando bem escrito é delicioso de se ler – nós que estamos lendo a história sofremos por não ter escolha. Pois uma vez que já fomos fisgados pela história, não existe nada que possamos fazer a não ser continuar lendo, tentando entender qual será o impacto trágico daquilo que, muitas vezes, pode ser uma simples decisão dos protagonistas.

Porque no fim das contas, gostamos de sentir essa sensação. Além da adrenalina, do medo, da curiosidade de ver como os mistérios serão solucionados, gostamos de ler porque não existe uma sensação melhor do que ser envolvido pelo livro bem escrito, mesmo que isso signifique que não teremos escolha além de devorar as páginas, muitas vezes ignorando algumas de nossas necessidades da vida real, desesperados para chegar ao fim daquela história.

Pois só quando chegamos ao fim, concluindo toda a jornada, é que voltamos a ter uma escolha: Qual será o próximo livro que iremos ler.

No fim das contas, gostamos de ler sobre aquilo que nos assusta – ler livros no geral – porque somos viciados em todas as sensações que isso nos proporciona.

Veja também nossa galeria sobre A Contrapartida:

Para comprar o livro você pode acessar o site oficial da pré-venda.