Death Stranding – Afinal, sobre o que é esse jogo?!

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Death Stranding – Afinal, sobre o que é esse jogo?!

Por Lucas Rafael

Existe esse fenômeno que afeta apenas animais cetáceos. Baleias e golfinhos encalham em massa na encostas e morrem ali, lentamente, em conjunto. Os animais aquáticos desidratam ou colapsam sobre o próprio peso ao sabor da maré-baixa. 

Oceanógrafos, biólogos e muitos diversos ólogos tentam explicar a situação sem nunca encontrar uma resposta definitiva. O que se sabe é o que acontece em si: diversas criaturas marinhas morrem juntas encalhadas na praia. 

O nome desse evento fenomenal (no sentido de se tratar de um fenômeno, não de ter uma qualidade espetacular) é Death Stranding (ou Cetacean Stranding, que também é comumente utilizado). 

Uma das teorias mais controversas sobre essa ocorrência toca a espécie das baleias com dentes (Odontoceti). Se um desses animais entra em estado incômodo, o estresse é compartilhado como uma espécie de sinal entre o grupo, fazendo com que os demais sigam a baleia problemática até encalharem, trazendo à tona a morte de um coletivo por causa de um distúrbio individual. 

Alguns desses encalhamentos de baleias e golfinhos são póstumos. A maré se encarrega de levar o cadáver do animal até a praia. 

Death Stranding (2019) é um jogo cujo título alude a este fenômeno natural. Os primeiros materiais promocionais mostravam o título do game pairando etéreo sob uma encosta cravejada pelos cadáveres de animais cetáceos. 

 

 

Aqui, vamos tentar explicar o que é Death Stranding (o jogo) e como se liga, de certa maneira, ao fenômeno natural. Muitos devem estar confusos acerca do título mas, acreditem, seu conceito e mitologia são mais simples do que parece. 

 

A História 

 

Death Stranding é um jogo sobre um Estados Unidos pós-apocalíptico. Neste universo fictício, um fenômeno catastrófico fez que com que a linha entre a vida e a morte fosse nublada. Coisas mortas voltam à vida e criaturas estranhas vagam por aí tentando arrastar pessoas vivas à dimensão da morte. 

O país está fragmentado. Pessoas têm medo e estão se isolando. Cada uma no seu canto, estocando provisões para si próprias, vivendo por si próprias assustadas do que pode haver além de quatro-paredes. 

Nesta versão fictícia e pós-apocalíptica dos EUA existe uma organização governamental chamada Bridges. O objetivo de tal organização é reunir este país fragmentado através da conexão de Strands (que em inglês significa tanto praia quanto corda, cordão). 

Estes Strands vão permitir às pessoas acesso à Rede Chiral. Esta rede, interconectada, viabiliza o tráfego de informação, conectando cada vez mais pessoas isoladas e permitindo que elas saiam de sua clausura. Clausura essa que foi induzida, em primeiro lugar, pelo medo. 

Neste jogo, ambientado num cenário fictício pós-catástrofe, em uma América literalmente fragmentada, com coisas mortas voltando à vida e criaturas estranhas surgindo, você controla Sam Porter Bridges (Norman Reedus). Ele é funcionário da Bridges, responsável por fazer entrega de provisões entre uma cidadela e outra, no objetivo de reparar Strands e permitir que a Rede Chiral se espalhe para o máximo de pessoas possível, reunificando o que estava fragmentado. 

 

Sam terá uma sala no jogo na qual será possível customizá-lo e recuperar seus status

O Objetivo

 

Em suas viagens solitárias, Sam pode optar entre pegar a rota mais longa através da montanhas, ou a rota mais curta e perigosa pelos vales e planícies. A rota encurtada possui uma incidência maior de perigo, no entanto. 

A única companhia de Sam nessas viagens se trata de um bebê que ele carrega consigo numa espécie de casulo artificial. O bebezinho fica lá, boiando em líquido amniótico, enquanto Sam enfrenta pessoas que querem roubar sua carga, membros de grupos separatistas e até criaturas medonhas. 

Este bebê está ali por ter uma utilidade prática para Sam. Crianças que nasceram de mães em estado catatônico induzido pela chegada dos BTs (as criaturas disformes) são capazes de sintonizar tanto a dimensão dos vivos quanto dos mortos. 

O traje de Sam está aparelhado para se conectar ao casulo do bebê. Assim, quando um BT (Beached Thing – Coisa Encalhada na Praia, ou algo assim, em tradução-livre) estiver por perto, Sam será alertado para a ameaça, podendo optar entre confrontá-la, ou contorná-la furtivamente. 

Caso você, no controle de Sam, encontrar esses BTs, verá que são um monte de pessoinhas esmaecidas conectadas por cordões umbilicais ou um monstro gigante, disforme e tentacular. Se um BT perceber Sam, pegadas aparecerão se aproximando do personagem. Se você não conseguir escapar delas, Sam será engolido pelo reino da morte. 

 

Um dos BTs do jogo. Bonitinho, né?

 

Existe uma mecânica no jogo que permite Sam voltar à vida após ir ao reino da morte. Ela está conectada à narrativa, mas como Death Stranding só será lançado em novembro, não dá pra saber a razão disso. Ainda. 

Um dos inimigos do game parece ser Cliff (Mads Mikkelsen), um especto que voltou à vida graças ao Death Stranding e comanda uma legião de soldados mortos.

 

Tá, mas é qual é a do bebê mesmo?

 

Os bebês que possuem essa habilidade sensorial de sintonizarem o reino dos vivos e dos mortos são chamados de Bridge Babys (BBs). A expectativa de vida deles é muito curta, então precisam de cuidados especiais para sua manutenção. O personagem do jogo chamado Deadman (Guillermo Del Toro) é um cientista especializado nestes bebês especiais. 

 

Sam e BB, a dupla dinâmica do game.

O reino da morte no jogo possui cores neutras, sendo uma vasta praia com vista para uma imensidão vazia. Um dos personagens, Heartman, possui sua alma vagando por essa praia. Por 21 minutos seu corpo vive por meio de um mecanismo. Passado esse tempo, ele morre por alguns instantes. 

Praias são locais onde um fenômeno que aflige animais cetáceos ocorre. Eles vão até lá para morrer em conjunto por causas misteriosas que são estudadas até hoje. 

O fenômeno se chama Death Stranding

 

Fator Multiplayer

 

No mundo fictício desse jogo as pessoas se retraíram em seus abrigos com medo do mundo exterior. Aterrorizadas pela perspectiva de morrerem juntas, estão vivendo sozinhas e isoladas. 

Você, no controle de Sam Porter Bridges, deve se empenhar para que as pessoas vivam juntas. 

Não que vivam sozinhas, nem que morram juntas. 

Sua jornada é árdua, mas é facilitada por outros jogadores controlando outros Sams. Vocês vagam pelo mesmo cenário. Um item que você cria com materiais é compartilhável com outro jogador. Estruturas também. E vice-versa, algo que outro jogador criar pode ser usado por você. 

Assim como no caso das baleias Odontoceti, no qual um sinal de distúrbio individual afeta um coletivo, você deve lutar para estabelecer um sinal de união. Esse sinal visa fazer o reverso daquilo que acarreta num Death Stranding. Ou seja, para impedir que as pessoas encalhem na praia da morte, no que deve ser uma metáfora que faz sentido maior dentro do contexto do jogo, você precisa fazer com que elas voltem a viver juntas.

 

Death Stranding pode parecer insano, mas é sobre nossa necessidade de pertencer.

 

Pontos de descanso, escadas para locais íngremes, veículos e até armas contra BTs. Você pode deixar essas coisas para alguém usar e usar a de outros jogadores. 

Então, você nunca estará realmente sozinho jogando Death Stranding. 

Mas sim junto de outras pessoas, trabalhando em conjunto para unir um universo fictício fragmentado e, quem sabe, tirando disso uma lição valiosa que afete não só o simulacro imposto por um jogo, mas também a vida real ao nosso redor.  

P.S: A maioria das informações citadas no texto (sim, o jogo não lançou ainda) foram retiradas de entrevistas com Hideo Kojima, vídeos de gameplay, trailers cinemáticos e esse texto da Gamespot. Quando o jogo lançar, algumas dessas informações podem se provar erradas ou equivocadas, visto que o Kojima tem fama de brincalhão que engana sua base de fãs mesmo. 

Então sim, de certa forma é tudo um chute grosseiro. Mas não parece mais tão complicado entender o negócio, vai? Paz.  

Confira os cartazes de Death Stranding na galeria a seguir:

Death Stranding chega às lojas no dia 8 de novembro e será um exclusivo de PlayStation 4.