Manto e Adaga: 1×07 – Entre a realidade e a fantasia!

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Manto e Adaga: 1×07 – Entre a realidade e a fantasia!

Por Gus Fiaux

Quem acompanha o universo televisivo, sabe que toda série de renome possui uma cota de episódios específicos a cumprir. Entre os mais famosos, temos o episódio musical e o episódio animado. Mas também há o episódio focado em um personagem ou objeto completamente inusitado. No caso do sétimo episódio de Manto e Adaga, temos um “clichê” clássico: o episódio “Feitiço do Tempo”.

Caso você nunca tenha visto o filme clássico com Bill Murray, essa denominação vem de Feitiço do Tempo. Na história, um homem é forçado a viver o mesmo dia de novo e de novo e de novo, em um ciclo infinito. Vários filmes já seguiram esse modelo, mas a popularidade se concretizou nas séries, já que boa parte possui um episódio do tipo.

(E se você duvida disso, procure Legends of Tomorrow, The Magicians, Xena: A Princesa Guerreira e até mesmo Fringe)

O curioso é que boa parte das séries tenta estabelecer esse tipo de episódio depois que já estão consolidadas, por volta de sua terceira ou quarta temporada. Já Manto e Adaga teve a coragem de fazer isso em seu ano de estreia. E devo dizer que foi o melhor episódio da série até agora.

Há um charme curioso nesse tipo de episódio. Embora as situações se mantenham, geralmente, as mesmas, em um loop infinito, os personagens vão lentamente sendo transformados, descendo em uma espiral de loucura ou então procurando meios onde possam se libertar dessa prisão.

E mais uma vez, a série usa isso para enaltecer o contraste entre Tandy Bowen e Tyrone Johnson. Dessa vez, eles usam voluntariamente seus poderes em conjunto pela primeira vez, e acabam adentrando na mente de Ivan Hess, o pai de Mina Hess e ex-colega de trabalho do pai de Tandy.

Contudo, assim que Ivan começa a reviver todos os eventos que levaram à explosão da estação da Roxxon – acidente que o deixou em estado catatônico na “vida real” –, todos começam a sentir os efeitos. E mais uma vez, é muito incrível o quanto a série conseguiu subverter os personagens de ponta a cabeça.

Tandy pode ser a heroína da luz, mas seu passado é cheio de tragédia, e ela sempre tem uma visão pessimista das coisas. Curiosamente, é justo ela que têm seus pensamentos nublados quando uma memória fantasiosa de seu pai passa a fazer ligações para ela. É muito interessante ver Tandy perdendo lentamente a sanidade, em busca de um reencontro que nunca vai poder acontecer realmente.

Por outro lado, Tyrone, a presença envolta pelas trevas, é justamente quem mantém a esperança e a sanidade, tentando auxiliar sua recém-descoberta aliada a se livrar de seu cativeiro mental. E nem pense que isso significa que o passado do personagem não é trágico – aliás, isso confere uma cena muito emocionante, logo ao fim do episódio.

É justamente ao focar na interação dos dois que o episódio – assim como todos os outros mostrados até agora – toma força, dando um plot bem interessante para ser seguido pela dupla. E agora, nós sabemos que as coisas vão ficar bem mais intensas, já que é justamente agora que os dois vão atrás dos corporativistas da Roxxon para tentar destroná-los.

Mas é necessário reforçar o quanto a série está surpreendentemente boa. Esse episódio brinca com esse tipo de trama clássica da TV, e faz isso de uma maneira tão empolgante, de modo que mesmo que o “dia” se repita infinitas vezes, o episódio em momento algum fica repetitivo ou redundante.

Boa parte disso está na técnica. Paul Edwards, o diretor do episódio – que já esteve envolvido na produção de episódios de Agentes da S.H.I.E.L.D. e Fringe –, faz um trabalho miraculoso aqui. Ele consegue transmitir, estética e sonoramente, os sentimentos dos personagens, criando uma narrativa que é tão intimista quanto fantasiosa.

E curiosamente, quando notamos de um ponto de vista diretorial, esse foi o episódio mais simples de toda a série, até o momento. Há poucos cenários e nem há um grande trabalho de direção de arte ou até mesmo figurino. Ainda assim, é na simplicidade que o episódio realmente mostra o seu desenvolvimento.

Ainda assim, tenho que elogiar a grande sequência de luta do final. Ela foi realmente empolgante, e interessantíssima principalmente ao mostrar Tandy usando suas adagas de luz. Quanto a Tyrone, eu sei que é extremamente difícil, mas adoraria ver mais efeitos de sombras quando ele se teletransporta através da Darkforce. 

De forma geral, apenas aplaudo Manto e Adaga. Em uma temporada de dez episódios, é até fácil produzir pelo menos um ou dois que não são bons ou que deixam a história morna, apenas para preencher a cota da temporada. Mas aqui, até agora, só tivemos episódios sensacionais. E com sorte, os três próximos não vão nos decepcionar.

 

Abaixo, fique com imagens do episódio:

Manto e Adaga vai ao ar às quintas-feiras, na Freeform e na Hulu. Não perca nossa review semanal na Legião dos Heróis.