Disney só para baixinhos?

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Disney só para baixinhos?

Por Guilherme Souza

Agora que a aquisição de grande parte das propriedades da 21st Century Fox pela Disney foi concretizada, podemos começar a pensar com mais calma o que o futuro cinematográfico nos reserva e, mais importante ainda, como a fusão pode afetar franquias que amamos.

Como sabemos, a Disney é um estúdio extremamente familiar e que possui valores que são voltados principalmente para as crianças, sendo assim, todas as produções que estão sob o guarda-chuva da empresa acabam tendo de seguir algumas limitações para que fiquem de acordo com a política e os valores da Casa do Mickey. Por mais que os filmes de Star Wars e da Marvel tenham suas linguagens próprias e que sejam um pouco mais subjetivos do que as outras propriedades da empresa, ainda conseguimos enxergar a delimitação.

Com isso, entra uma grande questão sobre o que será feito de produções como Alien, Deadpool, Predador e tantas outras vertentes que pertencem à Fox. Obviamente, tais produções não condizem com “o estilo Disney de ser”, o que preocupa alguns fãs, que acreditam que essas produções podem acabar sendo extintas.

Por mais que a Disney seja contra violência, drogas e tudo o que é permitido em filmes restritos para maiores de dezoito anos, isso não significa que a companhia esteja disposta a vetar ou mandar para o limbo franquias extremamente lucrativas, pelo contrário, o estúdio quer ganhar ainda mais dinheiro com essas franquias, afinal, o valor investido na aquisição precisa ser recuperado.

Desde que a fusão foi anunciada, uma pergunta ecoa na mente dos fãs: Como a Disney pode continuar produzindo filmes restritos para maiores de 18 anos sem comprometer sua imagem imaculada? A resposta é simples, mantendo a Fox viva. Caso você não saiba, a Disney também possui um outro estúdio chamado Buena Vista International, responsável por distribuir produções mais adultas e que não se encaixam necessariamente no selo Disney.

Por falar em Buena Vista, o selo será responsável pela distribuição de “Vidro”, próximo filme da franquia “Corpo Fechado”, o que mostra como a companhia pode ser versátil em sua lista de lançamentos. Ao manter a Fox viva, a Disney se isenta de ter que se preocupar com o controle indicativa de suas produções, além de permitir que um novo selo da Marvel Studios ou da Lucasfilm seja lançado dentro da Fox, dedicado exclusivamente às produções restritas para maiores de dezoito anos.

Quando o anúncio de que a Disney estava realmente iniciando o processo de aquisição da Fox foi feito, Bob Iger, presidente da Disney, revelou que já estavam pensando em um selo alternativo da Marvel, feito para acomodar produções como Deadpool, Os Novos Mutantes e tudo o que viesse posteriormente, que não se encaixe nas produções da Marvel Studios.

A criação do novo selo permite que o estúdio leve novos personagens para as telonas,como por exemplo o Justiceiro, Blade, Motoqueiro Fantasma e tantos outros que requerem produções com teor mais adulto, algo que, atualmente, funciona apenas na parceria com a Netflix (nem tudo). Obviamente, ainda teríamos uma ruptura entre os personagens, que talvez jamais chegassem a se encontrar como acontece nos quadrinhos, entretanto, não existe mais a barreira legal entre personagens da Marvel-Fox e personagens da Marvel-Disney, o que significa que não é impossível de vermos todo mundo reunido.

Assim como aconteceu com Star Wars, a Disney agora tem a possibilidade de trabalhar com produções derivadas de Alien e Avatar, duas franquias de peso na indústria cinematográfica e que possuem cânones riquíssimos, com inúmeras possibilidades. Dito isso, fica mais difícil acreditarmos que deixaremos de ver tais produções.

Outro fator muito forte que pode influenciar a Disney a manter a Fox funcionando é o governo norte-americano, que com certeza deve ter se certificado que não seriam feitas demissões em massa ao aprovar a fusão. Além disso, a Fox também possui uma estrutura própria para as gravações de suas produções, o que permite a potencialização do número de produções simultâneas anuais.

É claro, posso estar errado e a Disney acabar fechando a Fox de vez, fazendo tudo do seu jeito e mantendo vivas somente as franquias que lhe interessam, porém como disse anteriormente, é mais plausível que eles queiram extrair o máximo de proveito de tudo o que adquiriram do que perder mercado para se limitar apenas a um público-alvo.  

Por fim, temos que falar sobre outro ponto importantíssimo dessa equação: os fãs. A Fox é um dos estúdios de cinema mais antigos da história, isso faz com que ela seja detentora de títulos clássicos e extremamente importantes para a indústria cinematográfica, sem contar o fato de também ser a casa de franquias extremamente populares, como as supracitadas. Por mais que a Disney tenha muito poder e relevância na indústria, acabar com a Fox significaria a perda de uma parcela notável de conteúdos de qualidade e deixaria milhares de fãs órfãos.

Por mais que os últimos filmes da franquia Alien não sejam um sucesso, os fãs ainda têm a esperança de verem um novo projeto fazendo sucesso e resgatando a essência do primeiro longa, bem como colocando a mitologia dos alienígenas em foco novamente. Além disso, a ideia de que o Deadpool pode deixar de existir nos cinemas é inconcebível, já que, em dois filmes, o mercenário tagarela se consagrou como um dos super-heróis mais queridos e relevantes entre os fãs do gênero e acabar com ele tão prematuramente seria um crime.

Como fãs, queremos nossos personagens e franquias favoritos ganhando destaque e novidades constantemente e a Disney sabe o poder dos fãs, tanto que ela começou o replanejamento de sua estratégia comercial para Star Wars depois do fracasso de Han Solo. Independente do que aconteça, esperamos que eles continuem fazendo produções diversificadas, afinal, não existe um único público-alvo e pasteurizar a indústria em prol do lucro poderia ser algo catastrófico a longo prazo.

 

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