De volta para o passado: conheça a série clássica do Flash!

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De volta para o passado: conheça a série clássica do Flash!

Por Raphael Martins

The Flash é um dos maiores sucessos do canal americano CW dos últimos tempos, e a prova disso é a série ter chegado ao seu 100º episódio essa semana. Até o momento, são 5 temporadas de aventuras, com cada uma mostrando a evolução de Barry Allen e seus amigos como heróis e como um time e expandindo o universo DC na TV, iniciado com Arrow em 2012.

Mas se engana quem pensa que acertaram logo na primeira tentativa. Nos anos 90, o mundo viu o velocista escarlate enfrentando supervilões em carne e osso pela primeira vez em The Flash, que apesar de ter o mesmo nome da série atual, tinha uma pegada bem diferente.

John Wesley Shipp foi o primeiro Flash da TV

No final dos anos 80, a Warner tinha o desejo de produzir uma série de televisão estrelada pelos heróis da DC Comics para o canal CBS. A primeira ideia se chamava Unlimited Powers, que seria estrelada pelo Arqueiro Verde, o Flash e um tal de Bloko (de quem eu nunca ouvi falar), mas não rolou. E talvez tenha sido melhor assim. Mas isso não desencorajou os executivos do estúdio, que em 1990, conseguiram convencer o então presidente da CBS, Jeff Sagansky, a produzir uma série solo do Flash, aproveitando que o aniversário de 50 anos do personagem se aproximava. Ela foi anunciada alguns meses depois, com a produção de um piloto começando rapidamente em seguida.

A Warner contratou os roteiristas Danny Bilson e Paul De Meo, que pouco tempo antes tinham vendido a ideia de um filme do Rocketeer para a Touchstone Pictures, para assinar o roteiro. O episódio piloto, que custou 6 milhões de dólares e tinha 2 horas de duração, foi ao ar em setembro de 1990, fazendo um enorme sucesso e empolgando os executivos do canal, que então deram sinal verde para que a produção da série finalmente começasse. Era hora do nosso velocista preferido brilhar nas telinhas!

E para mostrar que estavam sérios e confiantes no sucesso, a CBS não poupou despesas: cada uniforme que o herói usava, por exemplo, custava 100 mil dólares para ser feito. Para compôr a música-tema, o canal contratou ninguém mais, ninguém menos que Danny Elfman, famoso compositor do cinema e da TV, que antes havia criado o inesquecível tema dos Simpsons e de outro grande herói da DC: o Batman, para o filme dirigido por Tim Burton em 1989.

A história acompanhava as aventuras de Barry Allen, aqui vivido por John Wesley Shipp, que convencia bastante no papel de herói com um bom porte físico e uma atuação sólida. Barry é um perito forense da polícia de Cental City, que após ser atingido por um raio, ganha poderes de super-velocidade e os usa para combater o crime como o velocista escarlate, THE FLASH! Mas as semelhanças tanto com os quadrinhos quanto com a série atual acabam aí.

Pra começar, a motivação do herói é bem diferente: Barry se torna o Flash para vingar a morte do irmão, que era policial, assim como seu pai. Também não tinha Cisco e Caitlyn: o “Time Flash” da vez era formado por Tina Mcgee, uma cientista dos Laboratórios S.T.A.R, e Julio Mendez, colega de Barry na polícia e seu melhor amigo, que também servia como alívio cômico.

Tina Mcgee era a grande amiga do Barry Allen dos anos 90

O tom da série era bem diferente do que se vê no The Flash que está rolando agora na TV. Tudo era mais escuro, mais sério, e por que não dizer, mais “heroico”, com o Flash tendo que resolver um grande mistério antes de lutar contra o vilão da semana, tudo embalado por uma trilha sonora orquestrada cheia de pompa e circunstância.

Por falar em vilões, poucos antagonistas clássicos do herói estão presentes. Capitão Frio, o Mestre dos Espelhos e o Trapaceiro são alguns dos inimigos que o velocista enfrenta durante os episódios. Não tinha Flash Reverso, mas tinha algo parecido: o vilão Pollux, um clone maligno do Flash, que usava um uniforme igualzinho, mas azul. A ausência de vilões dos quadrinhos tinha uma explicação: quando a série começou, a CBS tinha determinado que ela seria uma série policial, e não de super-heróis, e só foram mudar de ideia já com o trem andando, no meio da temporada.

Apesar das diferenças, a série fazia homenagens discretas às histórias em quadrinhos em vários episódios. O irmão de Barry, por exemplo, se chama Jay Garrick, o Flash original das HQs, que era membro da Sociedade da Justiça. Vários autores que trabalharam nas histórias do herói ao longo dos anos são homenageados, com seus nomes sendo citados como sendo os de hotéis, avenidas ou pertencendo a outros personagens.

Justamente quando estava começando a se assemelhar mais aos quadrinhos, com elementos cada vez mais fantásticos, a série infelizmente foi cancelada, com apenas 22 episódios no total. Apesar de ter bastante qualidade e muitos fãs fieis, as mudanças de horário da CBS prejudicaram muito a audiência, e o retorno financeiro acabou sendo bem abaixo do esperado. E sendo uma série cara, ficou insustentável continuar produzindo The Flash, que custava mais de 1 milhão de dólares por episódio. A série estava morta.

Mas verdadeiros heróis nunca morrem, não é mesmo?

The Flash durou apenas 1 temporada

Em 2014, nosso querido velocista ganhou uma nova chance na TV, e com ela, pudemos rever os velhos amigos que conhecemos nos anos 90. John Wesley Shipp, o primeiro Flash da telinha, agora era o pai do herói, Henry Allen, preso injustamente por um crime que não cometeu. E a partir da segunda temporada, também passou a interpretar Jay Garrick, que na série atual é o Flash da Terra 3.

Ele não foi o único ator da série clássica a voltar. Amanda Pays, que fazia Tina McGee, e Mark Hammil, nosso Luke Skywalker e o vilão Trapaceiro, voltaram como os mesmos personagens que faziam no antigo seriado.

Flash e o Trapaceiro: velhos inimigos, não importa em que universo

O legado do seriado dos anos 90 está muito vivo na série atual, mais do que muita gente imagina: 28 anos depois da estréia, o Flash da série original, com o uniforme de látex e tudo, terá seu retorno triunfal em Elseworlds, o novo crossover das séries do Arrowverso, que vai ao ar semana que vem nos Estados Unidos. Isso confirma o que muita gente tinha esperança de que fosse verdade, que a série clássica faz parte do Arrowverso, se passando em um outro universo diferente do dessas séries. Até a música-tema de Danny Elfman está de volta!

No Brasil, o The Flash original fez bastante sucesso, mesmo sendo exibido nas madrugadas da Rede Globo, após o jornal. Cá entre nós, um horário bem ingrato para qualquer pessoa com responsabilidades no dia seguinte, mas é bom saber que foi um sucesso mesmo assim.

Agora, é esperar Elseworlds e torcer pra que o Flash clássico volte com tudo, com toda a importância que ele merece.

Confira também algumas imagens do crossover: