Conheça a saga Millennium de Lisbeth Salander!

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Conheça a saga Millennium de Lisbeth Salander!

Por Morganna Gumes

Atenção: Alerta de Spoilers!

O filme Millennium: A Garota na Teia de Aranha acabou de desembarcar em terras tupiniquins, e vamos aproveitar isso para falar sobre a história sensacional que envolve a personagem Lisbeth Salander, portanto se preparem para muitos spoilers dos livros.

O filme se baseia em uma saga de livros que começou como uma trilogia, escrita pelo jornalista sueco Stieg Larsson, o autor contava nos três livros sobre quem era a jovem Lisbeth Salander. O jornalista faleceu em 2004 e como o último livro tinha um final em aberto, mas ainda assim um final, durante anos ninguém tocou na história, até que o também sueco David Lagercrantz com permissão da esposa de Larsson deu continuidade aos livros, escrevendo mais dois volumes. Neste artigo vamos tratar da trilogia escrita por Stieg Larsson, principalmente pelo fato do filme que está em exibição nos cinemas ser baseado no quarto livro que tem o mesmo título do filme, e que já é da leva de Lagercrantz, assim evitando spoilers do enredo do filme em si. A jovem Lisbeth nasceu na antiga União Soviética e foi para a Suécia em 1960 ainda muito nova, passando a maior parte da sua infância na Suécia, ela quase nunca recorda os tempos da União Soviética.

O pai dela era Alexander Zalachenko, um agente da GRU soviética, que desertou para a Suécia com sua família, durante o livro Lisbeth conta que quase que sua família não consegue fugir e que se tivessem ficado teriam sido mortos por traição devido a escolha do pai de largar a agência. Seu pai conseguiu asilo e proteção para sua família através de um acordo que fez com a SÄPO, uma agência de espionagem sueca, porém isso foi completamente ignorado pelo governo sueco, que não foi consultado sobre essa decisão da organização. O pai de Lisbeth não era nem um pouco agradável e agredia a mãe e a criança com frequência, nos relatos do livro é possível interpretar que ele tinha problemas com álcool, mas principalmente ele era extremamente irresponsável em relação a sua família, deixando todos viverem em condições muito ruins. Durante uma discussão entre o pai e a mãe de Lisbeth o homem deu uma surra na mulher, que foi tão violenta que a deixou com danos cerebrais permanentes, e a deixando necessitada de cuidados de outras pessoas para sempre.

O evento deixou Lisbeth extremamente abalada, mas além disso ela ficou muito irritada, pois estava cansada da situação que vivia em casa, tendo um lar desestruturado, um pai ausente e uma mãe que fazia o que conseguia para dar condições que não chegavam nem próximas do necessário para uma vida saudável, principalmente para uma criança. Com todo esse ódio e revolta, a pequena Lisbeth pegou uma caixa de leite e foi ao encontro de seu pai que estava dentro de seu carro na frente da casa da família, Lisbeth jogou o líquido que estava dentro da caixa de leite, porém ali não tinha leite e sim gasolina, ela acendeu um fósforo e jogou dentro do carro. O ataque ao pai não o matou, apenas o deixou com danos severos, isso é revelado no segundo livro da trilogia de Larsson, e ali já começamos a entender como a personagem se tornou a jovem calada, raivosa, gentil em alguns momentos, corajosa até demais e com uma moral dúbia.

Preocupados com a informação do ataque ser divulgada na mídia e isso levar a investigações sobre quem é Zalachenko e a repercussão que daria para a agência SÄPO ter abrigado um ex-agente soviético que agrediu sua mulher quase até a morte e conhecido por ser um assassino frio, igualado a um psicopata nas suas ações. Os membros da agência que já estavam agindo pelas costas do governo ao trazer Zalachenko optaram por usar seu poder para internar Lisbeth em um sanatório e declará-la louca. O hospital era uma unidade afastada e fechada, mantendo a criança longe dos olhos de qualquer curioso, dentro da unidade de saúde ela ficou aos cuidados do médico Peter Teleborian, um pedófilo que tinha desejos sexuais pela garotinha e a manteve totalmente isolada por dois anos por conta desses impulsos que sentia por ela. Lisbeth esteve na unidade psiquiátrica até completar sua maioridade sendo sempre abusada e perseguida por Teleborian, quando saiu do hospital foi dada como incapaz pelo governo sueco devido ao histórico inventado pelo médico e os membros da agência de inteligência. Com essa declaração do estado Lisbeth passou a necessitar de um tutor que iria supervisioná-la e ser responsável por lhe fornecer dinheiro e coisas do gênero, tendo total responsabilidade pelo bem estar da jovem.

Seu tutor durante um bom tempo é Holger Palmgren que é um bom homem e trata bem a jovem, porém após um derrame ele vem a falecer e ela é entregue a outra pessoa para ser seu tutor, o seu novo encarregado é Nils Bjurman, inicialmente parece ser só mais uma pessoa entediante para Lisbeth, porém as coisas vão mudando quando o homem opta por se aproveitar da jovem para fornecer o dinheiro que ela precisa. O sádico obriga Lisbeth a praticar sexo oral nele para conseguir seu dinheiro que é gerenciado por ele, ela aceita mas não gosta nem um pouco da situação. Lisbeth arma contra Bjurman e o procura pedindo dinheiro novamente, o homem resolve ir mais além e estupra a jovem que gravou toda a situação, pois ela esperava que seria apenas ele pedindo novamente para ela lhe fazer sexo oral.

Lisbeth fica arrasada com a situação que passa e planeja uma vingança contro seu tutor, ela o amarra o sodomiza e faz uma tatuagem em sua barriga escrito: “Sou um porco sádico, um pervertido e estuprador”. Está situação acontece no primeiro livro e não sabemos nada sobre o passado de Lisbeth e o quanto ela não aceita ser subjugada sem lutar, e a cena do estupro é muito forte. Após se vingar Lisbeth diz que Bjurman vai passar a fornecer a quantia que ela quiser e que se ele sonhar em tentar remover a tatuagem ela vai saber e vai voltar para fazer algo muito pior, e ameaça levar o vídeo de seu estupro aos tribunais, o homem aterrorizado aceita os termos que ela impõe. Lisbeth recebe sim um auxílio do governo por seu tutor pela sua situação inventada de incapaz, porém ela trabalha para uma grande empresa de segurança como hacker, e é dali que ela tira seu sustento. Ela é muito boa no que faz, ela é considerada a melhor da empresa, contudo sua personalidade fechada não ajuda muito no ambiente corporativo. A empresa lhe passa um novo caso, investigar um jornalista chamado Michael Blomkvist, um jornalista muito famoso que trabalhava no jornal Millennium até ser afastado depois de fazer uma matéria onde vaza um escândalo de corrupção envolvendo um grande empresário, que usa seu dinheiro para desvalidar a história e ainda por cima processa o jornalista.

Ela investiga Michael e entrega seu parecer para o cliente que contratou a empresa, que se diz satisfeito e ela vai embora, porém fica intrigada com o homem que praticamente não tem nada que seja contrário a ele. O cliente de Lisbeth era na verdade um grande magnata que tem um caso peculiar na história de sua família, ele acredita que um membro da família assassinou uma pessoa muito querida para ele, e que  envia sempre algo no aniversário dele para lembrar do assassinato. Ele pediu a investigação a Lisbeth para saber se Michael era confiável, para ele então investigar o desaparecimento e dizer quem é o responsável pelo crime. Essa história é a que acompanhamos no primeiro livro e primeiro filme da saga, e ela não tem grandes questões pertinentes para a saga toda, servindo mais para estabelecer o relacionamento de Lisbeth e Michael e aprofundar quem são os personagens.

Após os eventos do primeiro livro se estabelece uma amizade entre os personagens, porém cada um segue seu caminho, e Lisbeth investiga o grande empresário que afundou a carreira de Michael, ela o expõe e o rouba sem que o jornalista saiba. Michael volta ao Millennium e se acaba se envolvendo na investigação de um casal de jornalista que estão perseguindo uma história sobre tráfico de mulheres no país, e estão fazendo relações com pessoas importantes.  O casal é encontrado morto dentro de sua casa, o que deixa Michael muito abalado, na mesma noite que eles são assassinados o tutor de Lisbeth é morto. As investigações apontam que a mesma arma foi usada nos dois crimes, e para piorar as digitais de Lisbeth são encontradas na arma do crime que aparece logo depois. A moça se torna então suspeita por triplo homicídio, o que Michael tem total certeza ser uma inverdade, porém ele conhecendo a hacker, sabe que ela está aguardando o momento certo para trazer as provas necessárias que irão mostrar que ela é inocente.

Michael conhecendo a investigação do casal de jornalistas acredita que Lisbeth pode estar lidando com pessoas muito maiores que ela, e que além de um bode expiatório ela pode estar correndo risco de morte, sabendo disso ele corre contra o tempo seguindo os rastros da hacker para tentar encontrá-la antes dos policiais ou do assassino. Lisbeth por outro lado está fugindo da polícia enquanto investiga quem poderia estar tentando incriminá-la, o livro todo é uma grande jogo de gato e rato, onde o tempo é crucial. Lisbeth descobre durante suas investigações quem é o assassino e ao segui-lo ela descobre que seu pai está vivo e trabalha com ele. O que é um choque para a jovem, que tenta mais uma vez matá-lo e dessa vez sua missão é bem sucedida, porém ela termina extremamente ferida e é encontrada pela polícia que a leva em custódia.

Lisbeth é levada para um hospital para tratar dos seus ferimentos na luta com o pai, porém ela continua sendo suspeita pelo homicídios e terá que responder a eles em julgamento. Michael que enquanto tentava achar Lisbeth acabou por descobrir todo o passado da sua amiga está furioso com o estado, com a polícia, com todos que estão empenhados em encarcerar a mulher que é inocente. No terceiro ato da história que vai ganhando uma complexidade sem outra igual, temos o jornalista conduzindo uma investigação para tentar provar que a jovem é inocente e toda a podridão e corrupção que existe por trás do seu julgamento. Em contrapartida Lisbeth também não está parada, e vê a chance do julgamento não só como uma forma de se inocentar, mas como uma forma de dar o troco a todos os responsáveis pelas mazelas da sua vida.

Essa é a história da saga Millennium até o quarto livro que foi adaptado para os cinemas com o título Millennium: A Garota na Teia de Aranha. Se você ficou curioso para conhecer a história da personagem todos os livros publicados até o momento tem tradução para o português e se encontram nas maiores livrarias do Brasil. Caso não queira ler, mas ainda assim se interessou pela história, vale muito a pena ver os filmes suecos que adapta a trilogia de Larsson, o filme tem ótimas atuações e a atriz escolhida para interpretar Lisbeth caiu como uma luva, entregando toda a complexidade da personagem.

Veja imagens e o trailer do filme Millennium: A Garota na Teia de Aranha.